segunda-feira, 13 de maio de 2013

Paquistão: Sharif inicia consultas para formar governo


LAHORE, Paquistão, 12 Mai 2013 (AFP) - O ex-primeiro-ministro Nawaz Sharif iniciou consultas, neste domingo, para formar um novo governo de coalizão, após a vitória de seu partido nas eleições de ontem, marcadas por uma forte participação popular e atentados.

O retorno ao poder deste ex-primeiro-ministro, de 63 anos, deposto pelo golpe de Estado de Pervez Musharraf em 1999, ainda deve ser confirmado oficialmente pela comissão eleitoral, mas os resultados parciais davam como certa a sua vitória e a de seu partido, a Liga Muçulmana (PML-N, centro-direita).
Seu principal adversário, o Movimento para a Justiça (PTI), do ex-astro do críquete Imran Khan, que ganhou o apoio de muitos jovens e da classe média após prometer pôr fim à corrupção no país, reconheceu a derrota em nível nacional.
"Felicito toda a nação por ter participado de um maciço processo democrático" declarou Khan, citando, contudo, fraudes na votação, sobre as quais o PTI "divulgaria um relatório".
O Partido do Povo Paquistanês (PPP), que liderou a coalizão no poder há cinco anos, sofreu um duro revés, a ponto de ser praticamente eliminado do mapa político do país, exceto na província meridional de Sinud.
O presidente afegão, Hamid Karzai, pediu neste domingo ao próximo governo que o ajude a negociar com o talibã pelo fim da rebelião que assola o país desde 2001. O Paquistão, país vizinho, também enfrenta problemas com o talibã em seu território.
"Esperamos que o governo trace o caminho para a paz e a fraternidade com o Afeganistão e coopere na luta contra o terrorismo e o desmantelamento dos santuários terroristas", acrescentou.
O primeiro-ministro indiano, Manmohan Singh, expressou no Twitter o desejo de que seja aberto "um novo capítulo nas relações" entre os países vizinhos, ambos dotados de armas nucleares.
O presidente americano, Barack Obama, felicitou o povo paquistanês pela "transferência histórica, pacífica e transparente do poder civil", e garantiu que seu governo "tem pressa em continuar sua cooperação, com o governo paquistanês vencedor da eleição, entre sócios igualitários".
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, saudou "a coragem e determinação dos partidos políticos e funcionários responsáveis pela organização dos comícios, frente à situação difícil envolvendo a segurança".
As eleições foram consideradas históricas, já que permitirão a um governo civil entregar o poder a outro depois de um mandato de cinco anos, algo inédito no país, criado em 1947 e com uma história marcada por golpes de Estado.
Mais de 86 milhões de pessoas estavam habilitadas a votar para escolher 342 deputados e representantes em quatro assembleias provinciais.
Segundo projeções dos canais de televisão, a Liga Muçulmana (PML-N), de Sharif, obteve uma ampla vantagem sobre o PTI (Movimento pela Justiça), de Imran Khan, e o PPP da família Bhutto.
Após a apuração de mais da metade dos votos, os canais de TV paquistaneses indicaram que o partido de Sharif obteria mais de 115 cadeiras em 272. Cerca de 30 iriam para o PTI, e outras para o PPP.
A PML-N não conseguiu, portanto, a maioria absoluta, e deverá negociar com os outros partidos para formar uma coalizão.
"Temos que agradecer a Deus por ter dado à PML-N outra oportunidade de servir ao Paquistão", disse Sharif. "Convido todos os partidos a se sentar comigo em uma mesa para resolver os problemas do país", declarou.
A ascensão de Sharif pela terceira vez ao cargo de primeiro-ministro representará um recorde no Paquistão, depois de ter ocupado o cargo entre 1990 e 1993, até ser derrubado por corrupção, e entre 1997 e 1999, quando foi destituído pelo golpe de Estado de Musharraf.
Mais de 130 pessoas morreram durante a campanha eleitoral, considerada pelos observadores a mais sangrenta da história do país, em episódios violentos, reivindicados, em grande parte, pelo Movimento dos Talibãs do Paquistão (TTP), contrário ao processo democrático, que considera "não islâmico".
Sharif e Imran Khan defenderam a ideia de diálogo com os talibãs para tentar pôr fim à violência, e criticaram os disparos de drones norte-americanos contra os islamitas no noroeste do país, mas nenhum dos dois informou como faria para obter a paz sem desagradar a Washington, principal sócio do país.
O chefe policial da província do Baluchistão, que sofre com a violência, salvou-se hoje de um ataque suicida que deixou seis mortos e 46 feridos, segundo autoridades. 

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