quinta-feira, 13 de junho de 2013

Aécio rebate afirmação de Dilma de que críticos são 'Velhos do Restelo'

Leandro Moraes/UOLProvável adversário da presidente Dilma Rousseff em 2014, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) reagiu nesta quarta-feira (12) às acusações da petista àqueles que se comportam como "Velhos do Restelo" --personagem pessimista do poeta português Luís de Camões na obra "Os Lusíadas"-- e torcem pelo pior cenário econômico do país.

"Não serão ataques fortuitos e fora do tom à oposição que vão permitir que a inflação volte ao controle. Muita serenidade nessa hora. Que a queda nas pesquisas não afete o humor da presidente. Ela tem que planejar o país, o que não foi feito até agora."
Congressistas do DEM e PSDB afirmaram que o discurso de Dilma foi direcionado aos seu opositores, justamente no momento em que a presidente teve queda em sua popularidade revelada pela pesquisa Datafolha.
Aécio disse que o "pior dos caminhos" para Dilma é não fazer os diagnósticos corretos da crise econômica que atinge o país.
"É preciso explicar às agências de rating internacionais que não está havendo inflação, deterioração das contas públicas. A perda da credibilidade do Brasil é consequência dessa intervenção exagerada e não é a oposição que está dizendo isso", reagiu.

OUTRAS REAÇÕES
Líder do PSDB, o senador Aloysio Nunes Ferreira (SP) disse que Dilma está "longe" de ser um Vasco da Gama, o herói da obra-prima de Camões.
Em "Os Lusíadas", o personagem "Velho do Restelo" alerta o navegador Vasco da Gama sobre os perigos da viagem rumo às Índias.
"A presidente Dilma, infelizmente, está longe de ser um Vasco da Gama, de ter as qualidades de um comandante. Ela se contenta a uma navegação de cabotagem: vai de um ponto a outro na costa, às vezes se aventura a uma ilha e, muitas vezes, passa de raspão pelos recifes que bordejam o litoral", afirmou.
Presidente do DEM, o senador José Agripino Maia (RN) disse que a presidente deveria ter concentrado seu discurso nas ações do governo no combate à inflação e a crise econômica, e não em ataques à oposição. "Em vez de fazer um comunicado ao país, ela agulhou a oposição como se nós torcêssemos pelo quanto pior, melhor", disse.
Aliado da petista, o senador Humberto Costa (PT-PE) classificou os oposicionistas de "vaticínios terroristas" ao realizarem o que chamou de "terrorismo político" para desgastar o governo federal.
"Nós precisamos combater aqueles que querem produzir, no Brasil, terrorismo econômico, terrorismo político para tentar desgastar um governo que não só tem conseguido fazer o país navegar por esses mares revoltos da crise internacional como tem feito o Brasil crescer, desenvolver-se, gerar emprego e melhorar a vida do nosso povo", afirmou.
Em resposta ao petista, Aloysio Nunes disse que "há muitos anos" não era chamado de terrorista. E disse que Dilma adotou a estratégia de lançar sucessivos programas com benefícios à população de baixa renda como tentativa de reverter a imagem negativa de seu governo.
"É uma desabalada fuga, lançando pacotes em cima de pacotes, eventos atrás de eventos. Daqui a pouco nós veremos a presidente participando de aniversário de boneca", criticou o tucano.

VELHO DO RESTELO
Em cerimônia nesta quarta-feira para lançar o programa "Minha Casa Melhor", linha de crédito para compra de móveis e eletrodomésticos, Dilma disse que "um Velho do Restelo" não vai conseguir fazer ecoar suas críticas contrárias ao crescimento do país.
A presidente comparou seus críticos ao personagem pessimista de Camões ao reagir às acusações de que a economia enfrenta uma crise no país.
"Durante muito tempo na história do nosso país, muitos velhos do Restelo apareceram nas margens das nossas praias. Hoje, um velho do Restelo não pode, não deve, e eu asseguro para vocês, não terá a última palavra no Brasil."
Dilma disse também que há "leviandade política" quando são difundidas informações de que o país pode chegar a uma crise. "Quando no início do ano disseram que nós teríamos um problema grave de oferecimento de energia elétrica que podia levar ao racionamento, era uma leviandade, e leviandade política é grave, porque ela não afeta pessoa, ela afeta o país."
O governo anunciou nesta quarta-feira que beneficiários do programa Minha Casa, Minha Vida terão 5% de desconto na compra à vista de eletrodomésticos e móveis. O comunicado foi feito junto com o lançamento da linha de financiamento subsidiado para esses produtos voltada aos assistidos pelo programa.
A divulgação da nova linha de crédito ocorre depois da queda de popularidade da presidente. A estratégia do governo, montada pelo marqueteiro João Santana, tem como objetivo combater a onda de notícias negativas das últimas semanas, que resultou na queda de oito pontos na popularidade da Dilma, segundo o Datafolha.

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