quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Chacina em família: testemunha diz ter visto PM pular muro de casa antes de crime ser notificado

Uma vizinha disse ter visto duas pessoas — entre elas, um policial militar fardado — pularem o muro da casa do casal de PMs Andreia Bovo Pesseghini e Luís Eduardo Pesseghini, por volta das 12h de segunda-feira (5), e comentarem que a família estava morta. 

— Ele falava que ele entrou na casa e viu todo mundo morto. E saiu. Só que daí, eles saíam e não veio ninguém. Só às sete horas da noite que veio aparecer alguém. [sic]

Segundo a polícia, a corporação só foi notificada após as 18h de segunda-feira. 

Andréia, o marido, o filho deles — Marcelo Eduardo Bovo Pesseghini,  de 13 anos — a mãe e uma tia-avó foram encontrados mortos,em casa, por volta das 18h de segunda-feira (5).

Para as polícias Civil e Militar, o autor do crime foi o filho do casal. 

A testemunha diz não acreditar que o menino tenha sido o assassino da família e que o alvo era a mãe.  

— Eu sabia que ela estava investigando alguma coisa errada aqui na Freguesia do Ó.  Ainda segundo o relato, ela foi encontrada “de joelhos” porque teria implorado para não atirarem. 
Além disso, a vizinha diz que um Meriva de cor prata estava rondando a casa com frequência, há meses, e passando informações sobre a cor da casa, do carro e quem entrava e saía.   
Na última quarta-feira (7), o coronel Wagner Dimas, comandante do 18º Batalhão da Polícia Militar, afirmou que o cabo da PM Andreia Regina Pesseghini, encontrada morta junto com a família, havia denunciado colegas de trabalho que estariam envolvidos com roubos a caixas eletrônicos. A informação foi confirmada durante entrevista à Rádio Bandeirantes.
O Comando da Policia Militar, porém, diz que não houve nenhuma denúncia registrada na Corregedoria da PM, ou no Batalhão, por meio da Cabo Andréia Pesseghini contra policiais militares. 

Segundo o comando, foram consultados arquivos da Corregedoria, do Centro de Inteligência e do próprio Batalhão e nada foi identificado. Na nota de esclarecimento, a corporação diz que "será instaurado um procedimento para apurar as declarações do Coronel Wagner Dimas Alves Pereira, Comandante do 18º Batalhão, não alterando em nada  o rumo das investigações".

Versão da polícia

A versão sustentada pelos policiais é de que, na sala da casa, o adolescente atirou no pai e na mãe. Em seguida, em outra casa no mesmo terreno, ele também atirou na avó, Benedita Oliveira Bovo e na tia-avó, Bernadete Oliveira da Silva, que não morava lá, mas tinha ido dormir com a irmã.

Todas as vítimas levaram um único tiro na cabeça. Para a Polícia Civil, a única pessoa que poderia não estar dormindo na hora do crime era a mãe, encontrada de joelhos, ao lado do colchão onde o marido estava.


Logo após os assassinatos, por volta de 1h, Marcelo teria pegado o carro de Andreia e dirigido até a rua da escola onde estudava, a cerca de 5 km de casa. Ele teria ficado dentro do veículo até 6h20, quando foi flagrado por uma câmera de segurança saindo do carro e caminhando sozinho, com uma mochila, até a escola. Professoras e colegas afirmam que ele foi à aula normalmente naquele dia.
O rapaz voltou para casa de carona com um amigo e teria se matado em seguida, também com um tiro na cabeça, na sala onde os pais foram mortos.
Versão contestada
A família dos PMs não acredita na versão apresentada pela polícia. O irmão de Bernadete e Benedita, e tio de Andreia, que não quer ser identificado, disse ter recebido dois telefonemas que seriam da escola de Marcelo, logo que entrou na casa, quando os corpos foram achados.  
— No dia desse crime, eu cheguei com meu filho na casa, estava cheio de polícia, e o telefone da minha irmã tocou. Eu nem tinha visto o corpo da minha irmã. Eu fui e atendi ao telefone, achando que era parente. A voz de uma mulher falou, "é a casa do Marcelinho?". Eu falei, "quem quer falar com ele?". Ela disse, "é da escola, é porque o Marcelinho não veio para a escola hoje".

Apesar de ser uma informação que poderia mudar toda a cronologia montada pela polícia, o tio admitiu que não contou isso em depoimento no DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa). Informado, o delegado Itagiba Vieira Franco, disse que vai chamá-lo novamente para depor.   

Segundo o tio-avô de Marcelo, o menino adorava o pai, a mãe e a avó, que o criou porque os pais trabalhavam.   
— O pai dele era o orgulho dele. Ele sempre falava que queria ser, quando crescer, policial da Rota. Ele tinha roupinha de policial da Rota. [...] A avó era tudo para aquela criança. Eu não acredito que o Marcelinho fez uma coisa dessas.
* Reprodução Márcio Melo

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