RIO — A visita de integrantes da Comissão Estadual da Verdade do Rio, parlamentares e representantes do Ministério Público ao 1º Batalhão da Polícia do Exército, na Tijuca, Zona Norte, na manhã desta segunda-feira, foi marcada por agressões e bate-boca. Durante uma discussão, o deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) atingiu o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) com um soco na barriga. No local, funcionou o Destacamento de Operações de Informações — Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi), principal centro de tortura durante a ditadura militar.
A confusão começou quando Bolsonaro, que é militar da reserva do Exército e não fazia parte da lista que participaria da visita, quis entrar no Batalhão. O parlamentar, no entanto, foi impedido por integrantes da Comissão da Verdade. Ele, então, forçou a entrada em um portão, na Rua Barão de Mesquita, mas a ação foi repreendida pelo senador Randolfe Rodrigues. Os dois, então, trocaram empurrões, ofensas e a discussão terminou em agressão. Por fim, Bolsonaro conseguiu entrar no prédio, mas ficou no pátio do Batalhão.
— A única intenção do Bolsonaro era de impedir que a visita se concretizasse. Era de tumultuar a visita. Mas uma vez o senhor Bolsonaro fracassou. Ele nos agrediu. Tentou fazer a visita junto conosco. Dissemos que ele não era bem-vindo e foi afastado (...) Ele claramente nos agrediu na entrada covademente. Eu e o senador (João) Capiberibe (PSB-AP) tentamos impedir a entrada dele. E aí o mecanismo foi o ataque por baixo (soco na barriga) — relatou Randolfe Rodrigues.
Bolsonaro nega:
— Houve uma agressão física a mim, que foi barrar um deputado federal. Meteram o braço na frente. Depois, o senador Randolfe comprou a briga. Houve troca de ofensas e eu o empurrei por baixo para poder entrar. Se eu tivesse dado um soco nele, estaria dormindo até agora. Eu ficaria muito triste em dar um soco numa pessoa como aquela.
A visita às dependências do Exército faz parte da campanha para que o local seja tombado e transformado em um centro de memória. Além disso, a comissão vai pedir ainda a lista dos prisioneiros políticos que passaram pelo DOI-Codi durante a ditadura e também informações sobre o atentado à bomba na OAB, em agosto de 1980.
Um grupo de estudantes e de integrantes de partidos de esquerda montou um varal em frente ao Batalhão com as fotos de mortos e desaparecidos da ditadura, entre eles Wladimir Herzog. Na manifestação, que ocupa uma faixa da rua Barão de Mesquita, também está presente o grupo Tortura Nunca Mais. O acesso da imprensa ao prédio não foi autorizado pelo Exército.
Além de Randolfe Rodrigues, a comitiva conta ainda com a presença do senador João Capiberibe (PSB-AP) e da deputada federal Luiza Erundina (PSB-SP). O policiamento foi reforçado no local.
No fim de agosto, a visita do grupo da Comissão Estadual da Verdade foi barrada pelo Exército.
* Reprodução Márcio Melo
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