RIO - Um idoso, de 65 anos, morreu atropelado no Aterro do Flamengo, na manhã deste domingo, ao ser atingido por motociclistas que invadiram a área de lazer para uma tentativa frustada de fazer um arrastão. Segundo testemunhas, entre eles um guarda municipal, ao todo 12 bandidos em motos circularam pelo local abordando os pedestres, e chegaram a furtar o celular de uma mulher. A ação foi interrompida assim que uma das motocicletas atingiu Carlos Augusto Correia, que não resistiu aos ferimentos.
Testemunhas do crime relataram que o bando ultrapassou a barreira de cones instalada no início do Aterro, sentido Zona Sul. Em alta velocidade, ziguezaguearam na pista, tentando furtar pertences de atletas e pessoas que caminhavam pela área de lazer, fechada nos fins de semana. Ao chegarem na altura do número 300, no Catete, uma das motos atingiu por trás o pedestre e outras duas teriam derrapado na pista. Com isso, a tentativa de arrastão foi frustada. Os próprios atletas tentaram socorrer a vítima, enquanto outros correram para conter os integrantes da gangue, que pararam mais à frente.
— Os caras vieram doidões, sem capacete, gritando. Não havia policiamento no local. Tivemos que fazer o papel da polícia e conter os bandidos com nossas próprias mãos — lamentou o analista de sistemas Sérgio Ladaney, que corria na pista no momento do acidente.
Em nota, a Polícia Militar informou que não houve arrastão no Aterro. De acordo com a corporação, “cinco motociclistas invadiram a pista e atropelaram um senhor. Uma equipe de policiais que estava próxima ao local consegui identificar o atropelador, e o levou até a 12ª DP”. Ainda de acordo com a nota, a PM disse que o “2º BPM realiza policiamento com apoio de militares recém-formados no Aterro do Flamengo e na enseada de Botafogo, realizando patrulhamento pela ciclovia com quadriciclo e a pé”.
Quatro menores, todos com 16 anos, foram segurados à força pelos atletas, enquanto a polícia foi acionada. De acordo com o grupo, na hora do arrastão, somente um guarda municipal estava no local e a ambulância demorou cerca de 40 minutos para chegar no ponto do acidente. Eles reclamaram da falta de policiamento no Aterro, não só nos fins de semana. Em nota, os Bombeiros informaram que o chamado para a ocorrência foi registrado às 8h25m no quartel do Catete, através do telefone 193, e a equipe de resgate chegou ao local às 8h29m.
— É triste ver que uma área de lazer como essa é invadida por um grupo em alta velocidade e nem Guarda Municipal, nem polícia, vê isso. O Aterro está abandonado, a violência está aqui todos os dias, com inúmeros assaltos — criticou o ciclista Luiz Antônio Freitas.
Em meio à aglomeração de pedestres na pista, frequentadores do Aterro reclamaram, ainda, da falta de grades de bloqueio para veículos motorizados, o que facilita a entrada de invasores no fim de semana. De acordo com a dona de casa Maria Bastos é comum ver carros circulando pelo trecho irregularmente.
— Isso aqui é terra de ninguém. Todo mundo pode fazer o que quiser, pois não há fiscalização, embora haja inúmeros pedidos da população para reforçarem a segurança. Tenho medo de vir aqui com a minha filha, de 4 anos.
Segundo o gerente de projetos, Pablo Nogueira, frequentador da área, há diversas barracas de moradores de rua espalhadas pelo parque. Usuários de drogas preocupam os frequentadores, que dizem existir uma cracolândia na altura do número 350.
— O Aterro está cada vez mais perigoso. Temos assaltos, usuários de drogas e até uma cracolândia a céu aberto. Mas o cidadão de bem, que vem passear com a sua família parece não ter o direito de frequentar o parque com tranquilidade — criticou a arquitetura Marcela Santos.
* Reprodução Márcio Melo via G1
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