sábado, 14 de setembro de 2013

Prefeito-médico divide o dia entre gabinete e consultório em PE

Prefeito de Vicência (PE), Paulo Tadeu, 67, atende pacientes para suprir a falta de médicos na cidade

A aglomeração na entrada da Casa de Saúde e Maternidade Nossa Senhora de Fátima, em Vicência, na zona da mata pernambucana, começa cedo. O médico fica somente até a hora do almoço porque depois tem outra ocupação.

Quando sai do consultório, Paulo Tadeu, 67, deixa a função de médico e assume a de prefeito. Já é o segundo mandato em que ele concilia as duas atividades.
"Atendo a população, opero, faço parto. Se não fizer isso, a situação fica pior. Se eu sair, não tem médico", diz o prefeito, do PSB.
Em um dia, Tadeu atende até 80 pessoas. "Dá para conciliar. De manhã venho para o hospital, fico até meio-dia. Vou para a prefeitura e volto mais tarde", explica o prefeito.
Quando a reportagem esteve na cidade, o prefeito-doutor precisou sair para acompanhar o enterro de um familiar. Cerca de 20 pessoas esperaram até que ele voltasse, pois não havia mais ninguém para atendê-las.
"Essa política de trazer médico estrangeiro eu apoio como prefeito e como médico, desde que se faça a prova [de revalidação do diploma]", diz Tadeu.
Ele contabiliza 20 médicos atendendo no município de 31 mil habitantes. Calcula que precisaria de outros 25 profissionais para evitar que seus eleitores procurassem Nazaré da Mata (a 20 quilômetros), onde há um hospital regional, ou o Recife, a capital do Estado (a 84 quilômetros).
O prefeito não é o único a ter vida dupla na cidade. Às segundas-feiras, quando realiza cirurgias, conta com a ajuda de seu secretário de Saúde, que também opera.
"O cara tem que pedir a Deus para não adoecer, porque, se adoecer, está ferrado", diz a agricultora Maria José da Silva, 52.

* Reprodução Márcio Melo

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