Dez anos se passaram, o encontro dessa vez não era em Salvador, mas o medo de que a história se repetisse era o mesmo: campeão com quatro rodadas de antecedência, o Cruzeiro poderia novamente colocar o Bahia em situação complicada na briga contra o descenso. No jogo da entrega da taça, o clube mandou a sua força máxima ao gramado do Mineirão para evitar qualquer polêmica que reacendesse o caso Julio Baptista, registrado na semana passada, na derrota de 2 a 1 para o Vasco.
Na ocasião, o meio-campista foi flagrado em diálogo com o zagueiro adversário Cris ‘pedindo' supostamente para que o colega "fizesse logo outro gol".
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A situação incomodou o Bahia, que cogitou entrar no STJD pedindo uma investigação e voltou atrás depois do anúncio de abertura de inquérito do tribunal. A resposta tricolor acabou vindo em campo neste domingo. Chamando a atenção pela disposição em todos os lances, a equipe comandada por Cristóvão Borges surpreendeu o Cruzeiro, venceu por 2 a 1 e assegurou a sua permanência, aumentando ainda mais o tempero baiano na festa mineira.
No fim da partida, foi marcada a festa pelo título com cerveja liberada, e embalada pelo cantor de axé Alexandre Peixe no maior trio elétrico do mundo, pertencente ao grupo Asa de Águia.
Ainda durante os noventa minutos, a torcida celeste já fazia o seu agito, provocando o rival Atlético-MG com bandeiras do Bayern de Munique, possível adversário alvinegro na decisão do Mundial, e mostrando um mosaico imenso em comemoração ao campeonato: ‘eu sou tri'.
Contando com o desfalque apenas do volante Nilton, o técnico Marcelo Oliveira escalou o que possui de melhor e teve no substituto Souza um dos principais nomes da etapa inicial. Forçando na bola parada, o reserva surgiu por diversas vezes sozinho na área tricolor para desviar de cabeça. O Bahia respondia quase sempre nas arrancadas do incansável Willian Barbio pela direita.
Em uma dessas saídas em velocidade, o ex-vascaíno deu belo passe para Marquinhos Gabriel, que invadiu a área e tirou do goleiro Fábio com um leve toque por cima aos 14 minutos para abrir o placar.
Mesmo com Dagoberto e Borges se movimentando bem na frente, o Cruzeiro dependia basicamente das cobranças de falta e escanteio para levar perigo a Marcelo Lomba. Para colocar a bola no chão, os baianos confiavam na categoria da revelação Anderson Talisca, que, depois de se destacar diante da Portuguesa, chamou mais uma vez a responsabilidade.
Na volta do intervalo, o centroavante Fernandão desperdiçou chance clara de gol em cabeçada dentro da área. Ainda que não totalmente acuado do seu lado, a equipe sofria com o chuveirinho cruzeirense - em um dos cruzamentos, Julio Baptista forçou Lomba a fazer extraordinária defesa. Os donos da casa chegaram até a empatar com Souza após outra intervenção do arqueiro, mas Dagoberto foi flagrado em impedimento. Em bate-rebate na área, Vinícius Araújo ainda deixou tudo igual aos 40. No entanto, Talisca garantiu a vitória aos 44 em contra-ataque rápido.
Essa foi apenas a segunda derrota dos tricampeões brasileiros diante de sua torcida no campeonato. O Bahia não vencia em Belo Horizonte desde 1991.
Antes do pontapé inicial, os atletas realizaram mais um protesto do movimento Bom Senso FC, cruzando os braços no centro do gramado e pedindo por melhorias no futebol nacional.
Com o resultado, o Bahia afastou de vez o perigo de voltar a entrar na zona da degola, atingiu 48 pontos e alcançou a 12ª posição. O Cruzeiro, por sua vez, segue tranquilo na liderança, com 75. Na próxima rodada, os dois clubes cumprem apenas tabela contra Fluminense e Flamengo, respectivamente - no confronto entre os tricolores, os cariocas decidirão a sua sobrevivência no próximo fim de semana, em Salvador.
* Reprodução Márcio Melo
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