terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Trabalho forçado e sem apelo para as prostitutas presas na China

Trabalho forçado e sem apelo para as prostitutas presas na China

Pequim – Banhada por uma luz fluorescente rosa indicando que ela estava disponível para negócios, Li Zhengguo enumerou os riscos ocupacionais de trabalhar como prostituta na China: os clientes abusados, o fantasma do HIV e os olhares mordazes dos vizinhos que lhe rasgam a alma. "A minha vida é tão cheia de ansiedades", revelou entre um cliente e outro certa noite. "Sinto-me imunda, às vezes, por ter entregado o meu corpo".
Porém, o seu maior medo é o de uma visita policial. Na última vez em que foi arrastada para a delegacia local, Li foi enviada, sem julgamento ou representação legal, a um centro de detenção na província vizinha de Hebei, onde passou seis meses fazendo flores ornamentais de papel e recitando a lista das regras que criminalizam a prostituição.
A sua prisão no Centro Educacional de Custódia Handan terminou com uma afronta final: ela tinha de reembolsar aproximadamente 60 dólares por mês ao Estado pelo seu tempo na prisão.

A prostitute waits in the room where she works in downtown Beijing. Dec. 5, 2013. The woman, who goes by the name Li Zhengguo, once spent six months laboring without pay at one of China's many extrajudicial re-education centers, a system critics claim is a vast money-making enterprise masquerading as a place for the rehabilitation of sex workers. (© Sim Chi Yin/The New York Times)

"Da próxima vez que a polícia vier me prender, cortarei os meus pulsos", declarou Li, 39 anos, mãe solteira de dois filhos.
Os defensores da reforma do judiciário proclamaram vitória em novembro após o governo chinês divulgar que iria abolir o "Reeducação pelo Trabalho", sistema que permite à polícia enviar pessoas que praticaram pequenos delitos, e os que reclamam demais sobre atos ilícitos do governo para trabalhar nos campos de trabalho forçado por até quatro anos sem julgamento.
No entanto, dois mecanismos paralelos da pena informal persistem: um para os infratores de drogas e o outro para as prostitutas e os seus clientes.
"Os abusos e torturas continuam, apenas de outra forma", declarou Corinna-Barbara Francis, que pesquisa o país e faz parte da Anistia Internacional.

* Reprodução Márcio Melo via MSN

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