"Narizinho, bota o narizinho, só o narizinho", avisa o homem com um prato à frente da fila de detentos.
Com uma carta de rei de copas, ele junta o que sobrou do pó branco no prato de vidro e leva até o nariz de um colega, que aspira o conteúdo. A cena foi flagrada com um celular no Compaj (Complexo Penitenciário Anísio Jobim), em Manaus (AM). O vídeo, obtido pela Folha, mostra a fila de pelo menos dez detentos em um corredor do presídio para consumir cocaína.
"É a fila do pancadão, rapaziada!", grita um dos presos, que usam a suposta droga e, imediatamente, voltam para o final da fila para repetir o processo. "Nunca mais acaba a fila", gritam. Alguns escondem o rosto, outro faz um sinal como se estivesse cortando o pescoço. Há, ainda, os que riem e provocam. "Anísio Jobim, *!", gritam dois deles, confirmando o local da filmagem. "Acabou, acabou a zeroína'", anuncia outro, enquanto os detentos desfazem a fila e se dispersam.
'RECREAÇÃO'
"É uma recreação deles. Os xerifes' das cadeias às vezes distribuem essas drogas para os que não têm poder econômico e não podem comprar a droga. É uma troca de pequenos favores", afirma Matta, que já atuou no Compaj. "Eles fazem isso até para mostrar seu status dentro da unidade", completa Mata. O presidente do Sindicato dos Servidores Penitenciários do Amazonas, Antônio Jorge Santiago, diz que já presenciou cenas semelhantes. "Já vi presos com sacolas de drogas, passando e vendendo. Mas eu estava sozinho na unidade, não podia fazer nada. Essa situação é normal nos presídios", contou.
* Uol
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