quarta-feira, 7 de junho de 2017

OAS usou conta de campanha de Temer para pagar propina a Henrique Alves, diz MPF


O MPF (Ministério Público Federal) afirma que a empreiteira OAS pagou R$ 500 mil em valores ilícitos ao ex-deputado federal e ex-presidente da Câmara Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) por meio da conta de campanha do então candidato a vice-presidente Michel Temer (PMDB) em 2014. A afirmação foi feita no pedido de prisão preventiva contra o ex-parlamentar à Justiça Federal do Rio Grande do Norte. Henrique Alves foi preso na última terça-feira (06) em Natal em uma operação relacionada à Lava Jato.

Da conta de Temer, o dinheiro foi destinado ao diretório do PMDB potiguar, que teria repassado o valor à campanha de Henrique Alves ao governo do Rio Grande do Norte em 2014, de acordo com o MPF. Todas as transações foram feitas em 11 de setembro daquele ano.

Na prestação de contas de Alves enviada à Justiça Eleitoral, consta a movimentação de R$ 500 mil em 11 de setembro de 2014 em uma doação do diretório estadual do partido, citando que o “doador originário” é a OAS S.A..

“Além disso, é relevante consignar que a conta mantida por Henrique Alves na Suíça, para recebimento de propina, foi fechada exatamente em março de 2015, quando as investigações da Operação Lava Jato tiveram início perante o Supremo Tribunal Federal”, lembra o MPF.

O saldo, segundo os procuradores, foi transferido para outras contas secretas, “uma mantida no Uruguai e outra nos Emirados Árabes Unidos”. “Ele continua, pois, ocultando quantias ilícitas no exterior, incidindo em conduta criminosa permanente”, diz o MPF em função de os valores não terem sido sequestrados pela Justiça.

Sem ter sido eleito ao governo potiguar em 2014, Henrique Alves deixou a Câmara em 2015, quando foi escolhido pela então presidente reeleita Dilma Rousseff (PT) como ministro do Turismo. Aliado de Temer, ele deixou o cargo pouco antes do impeachment da petista, tendo retornado ao mesmo posto no governo interino do peemedebista.

Alves deixou a pasta de vez em junho de 2016 após seu nome ter sido envolvido na Lava Jato.

O MPF, porém, viu com estranheza o fato de ele ter viajado constantemente a Brasília entre a saída do cargo e abril deste ano. “Apesar de não ter nenhum cargo no Governo Federal, viaja constantemente, com periodicidade praticamente semanal, entre Natal e Brasília”.

Para os procuradores, esse trânsito “aponta no sentido de que Henrique Alves persiste atuando na mesma esfera de atividades na qual foram praticados os crimes ora investigados”.

O MPF ainda liga as suspeitas contra Alves ao atual presidente da República. “Concretamente provável que o ora investigado se dirija a Brasília exatamente para com ele estabelecer articulações da mais diversa ordem”.

Procurada pelo UOL, a assessoria do Palácio do Planalto ainda não se manifestou. A reportagem também busca um posicionamento de Henrique Alves e da OAS.

Temor no Planalto

Henrique Alves tinha trânsito livre no Palácio do Planalto, segundo assessores da Presidência. Reconhecido como uma figura do alto escalão do PMDB e do governo, Henrique Alves costumava frequentar o terceiro andar do Planalto para conversar com Temer no gabinete presidencial.

Os encontros de Henrique Alves com o presidente, porém, nem sempre eram registrados na agenda oficial. Neste ano, por exemplo, o nome de Alves não aparece em nenhuma data.

Questionada pelo UOL sobre quando foi a última vez que Henrique Alves se encontrou com Temer no Palácio do Planalto, e qual foi o assunto tratado na ocasião, a Presidência informou que o encontro derradeiro ocorreu em 30 de março de 2017. “Na audiência, foram tratados temas de interesse do estado do Rio Grande do Norte”, disse a Presidência em nota.

Nas palavras de um assessor do governo, a prisão de Alves foi “inesperada”. A divulgação nesta terça-feira (6) –dia em que o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) retomou o julgamento da chapa Dilma-Temer– de eventuais gravações que envolvessem de alguma forma o presidente não eram descartadas por sua equipe. Entretanto, a prisão de um auxiliar tão próximo a Temer não estava no radar.


UOL

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