Banca com três especialistas dará a nota final da redação do Enem
Medida será adotada quando houver discrepância após duas correções do texto
BRASÍLIA. Uma banca com três especialistas dará a palavra final na correção das redações do próximo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), em novembro. Atualmente, isso é feito por apenas uma pessoa, sempre que há diferença superior a 300 pontos nas notas atribuídas pelos dois avaliadores encarregados de ler os textos inicialmente.
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Outra novidade será a redução da margem de discrepância que torna obrigatória a revisão da nota por um terceiro avaliador. Hoje a distância tem que ser superior a 300 pontos.
O Ministério da Educação (MEC) ainda não definiu o novo limite, que já foi maior em edições anteriores e vem caindo. Por ora, sabe-se apenas que ele ficará abaixo de 300 pontos, aumentando assim o número de casos em que a nota final será dada pela banca de especialistas.
As mudanças têm como objetivo melhorar o sistema de correção das redações. A cada Enem, participantes acusam os corretores de subjetividade e vão à Justiça na tentativa de alterar os resultados.
O novo sistema de correção está sendo preparado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), órgão do MEC responsável pelo exame. A proposta será submetida ao ministro Aloizio Mercadante, que já anunciou a decisão de mexer na atual metodologia de correção das redações. Mercadante quer diminuir a margem de subjetividade inerente ao processo.
A equipe do Inep pretende qualificar os corretores. A ideia é reforçar a capacitação desses profissionais, com ênfase ainda maior nos especialistas que vão compor as bancas.
— Queremos 500 pessoas de alto nível — diz quem acompanha de perto a elaboração da proposta. — Precisamos treinar cada vez mais.
Em outra frente, o Inep criará uma comissão técnica com nomes indicados pela Associação Brasileira de Avaliação Educacional (Abave). A ideia é que esse grupo apresente sugestões para aperfeiçoar o exame do ponto de vista acadêmico. Um comitê com representantes de universidades públicas também acompanhará a preparação do teste.
O Enem de 2012 será o quarto desde que o exame foi reformulado e passou a substituir vestibulares de universidades federais, em 2009. O Inep chegou a anunciar a realização de duas edições em 2012, mas desistiu. A ex-presidente do instituto Malvina Tuttman assinou portaria nesse sentido e foi demitida por Mercadante, que em janeiro substituiu o então ministro Fernando Haddad.
As últimas três edições do Enem foram marcadas por problemas. A primeira foi cancelada dois dias antes da aplicação do teste, por causa do furto de questões numa gráfica de São Paulo, e acabou sendo realizada meses mais tarde. Em 2010, houve erros de impressão em parte dos cadernos de prova e em todas as folhas de resposta. No ano passado, o MEC anulou o exame de estudantes de um colégio particular em Fortaleza que teve acesso antecipado a questões pré-testadas na escola.