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sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Habitação será prioridade do novo ministro das Cidades



Deputado Aguinaldo Ribeiro vai substituir Mário Negromonte, que se demitiu ontem. Missão dele será agilizar o programa Minha Casa, Minha Vida, alvo de insatisfação de Dilma
O ministro das Cidades, Mário Negromonte (PP), oficializou ontem sua demissão do cargo e o Palácio do Planalto confirmou logo em seguida a indicação do deputado federal Aguinaldo Ribeiro, da Paraíba, para a vaga. A posse ocorrerá na próxima-segunda-feira e Ribeiro assume já com uma missão conferida pela presidente Dilma Rousseff: agilizar o programa habitacional Minha Casa, Minha Vida – um dos mais importantes para o Planalto. Apesar da troca, o PP continuará a comandar a pasta, pois Ribeiro é o atual líder do partido na Câmara.
Em sua primeira entrevista como ministro, Ribeiro afirmou que sua tarefa agora será resolver “alguns entraves” da pasta – numa demonstração de que Dilma estava insatisfeita com a gestão de Negromonte. Dentre os “entraves”, ele citou a demora da liberação de recursos por meio da Caixa Econômica Federal, que financia o Minha Casa, Minha Vida. “Vamos ter este fim de semana para nos inteiramos de todas essas questões com maior profundidade e apresentarmos o que a presidente quer, que é exatamente resultado efetivo dessas ações do Ministério das Cidades”, afirmou Ribeiro.
Ribeiro ainda evitou falar de mudanças em cargos do ministério. Negromonte foi demitido, entre outras razões, em função de uma série de denúncias que atingiram a pasta – nas quais assessores diretos do ex-ministro foram envolvidos.
Despedida
Negromonte diz ser vítima da mídia
Na carta enviada à presidente Dilma Rousseff em que pediu demissão, o ex-ministro Mário Negromonte diz ser vítima de “uma campanha que se pretendeu difamante”. “Nessa verdadeira guerra pelo poder, parte da mídia reproduziu denúncias vazias, de forma agressiva e insistente”, diz ele na carta. “A gestão do Ministério das Cidades e minha vida pessoal foram vasculhadas e nenhuma ilegalidade foi encontrada, não respondo a nenhum processo.”
Dominó
Mário Negromonte é o 7º ministro a deixar o governo após denúncias:

QUEM SAIU E POR QUE
Antonio Palocci (PT)
Pasta: Casa Civil, em 7 de junho. Não explicou enriquecimento como consultor enquanto era deputado.
Alfredo Nascimento (PR)
Pasta: Transportes, em 6 de julho. Órgãos ligados ao ministério cobrariam propina para vencer licitações.
Nelson Jobim (PMDB)
Pasta: Relações Exteriores, em 4 de agosto. Fez críticas ao governo e disse que votou em José Serra para presidente.
Wagner Rossi (PMDB)
Pasta: Agricultura, em 17 de agosto. Polícia Federal abriu inquérito para investigar a atuação de lobista dentro da pasta.
Pedro Novais (PMDB)
Pasta: Turismo, em 14 de setembro. Utilizou dinheiro público para pagar serviços de governanta e chofer.
Orlando Silva (PCdoB)
Pasta: Esporte, em 26 de outubro. Suspeito de participar de fraudes na pasta e desviar verbas para seu partido.
Carlos Lupi (PDT)
Pasta: Trabalho, em 4 de dezembro. Acumulou dois cargos públicos no Rio e em Brasília por quase cinco anos.
Mário Negromonte (PP)
Pasta: Cidades, ontem, 12 de fevereiro. Teria ofertado dinheiro em troca de apoio e beneficiado a cidade da mulher.

ALTA ROTATIVIDADE
Tempo médio de permanência de ministros foi maior no governo Lula.
Sarney (1985-1990)
Troca de ministros: a cada 26 dias
Média de permanência: 652 dias
Collor (1990-1992)
Troca de ministros: 30 dias
Média de permanência: 511 dias
Itamar (1992-1994)
Troca de ministros: 14 dias
Média de permanência: 311 dias
FHC (1995-2002)
Troca de ministros: 30 dias
Média de permanência: 934 dias
Lula (2003-2010)
Troca de ministros: 39 dias
Dilma (2011-atual)
Troca de ministros: 44 dias
Média de permanência: Não é possível calcular

MARATONISTAS
Ministros mais longevos*
Celso Amorim (Relações Exteriores), Pedro Malan (Finanças) e Francisco Weffort (Cultura): 2.922 dias
Guido Mantega está à frente da Fazenda há 2.138 dias (contando até 2 de fevereiro)
O novo ministro disse ainda não temer ser alvo de “fogo amigo” dentro do ministério e em seu partido – que estava rachado em torno da manutenção de Negromonte no cargo. Algumas denúncias contra Ribeiro já começaram a surgir.
O futuro ministro também procurou não se indispor com a ala que apoiava o antigo. “Acho que o ministro Mário Negromonte deu a sua contribuição ao partido no governo. O que sempre nos motivou com as mudanças foi a melhoria e o fortalecimento do partido”, disse Ribeiro. Ele ainda afirmou que deve procurar Negromonte para falar da transição na pasta.

Currículo
Deputado federal de primeiro mandato e líder do PP, o novo ministro das Cidades é formado em Engenharia Civil e Adminis­­tração de Empresas, com especialização pela Fundação Getulio Vargas (FGV) em gestão empresarial. Em seu estado, a Paraíba, o parlamentar ocupou uma série de cargos públicos como o de secretário de Agricultura, de Meio Ambiente e de Ciência e Tecno­­­logia. Ribeiro também foi secretário de Ciência e Tecnologia da prefeitura de João Pessoa.
Na Câmara dos Deputados, Ribeiro integrou as comissões de Finanças e Tributação e a de Minas e Energia. Ribeiro também foi suplente na Comissão Especial de Reforma Política. Ele é autor de uma proposta de emenda à Constituição (PEC) que institui o sistema de voto distrital misto. O deputado também foi suplente do Conselho de Ética da Câmara.
Ribeiro responde a ação e é acusado de direcionar verbas para a família
O novo ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), nem assumiu a vaga, o que só ocorrerá na segunda-feira, e já é alvo de denúncias e questionamentos. Ribeiro responde a uma ação de improbidade administrativa e foi acusado ontem de direcionar emendas parlamentares, como deputado, para beneficiar politicamente a sua própria família – algo do qual o ex-ministro Mário Negromonte havia sido acusado.
Segundo o site do jornal O Estado de S. Paulo, em maio do ano passado, o deputado enviou uma indicação para Negromonte incrementar o programa Minha Casa, Minha Vida em Pilar (PB), município que é administrado pela mãe de Ribeiro, Virgínia Ma­­ria Veloso Borges.
Além disso, a edição impressa de ontem do jornal informou que o deputado destinou em emendas parlamentares R$ 780 mil para investimentos federais neste ano em Campina Grande, cidade em que sua irmã, a deputada estadual paraibana Daniella Ribeiro (PP), é pré-candidata a prefeita. O novo ministro não respondeu aos pedidos para comentar sobre as duas denúncias.
O novo ministro também responde a uma ação de improbidade por ter comprado sem licitação, como secretário da Agricultura da Paraíba, medicamentos para combater a febre aftosa no estado. Ele já foi absolvido em segunda instância. A Justiça entendeu que a compra foi feita em caráter emergencial, o que dispensaria o processo licitatório. Mas ainda corre no Judiciário um recurso contra a decisão. “Esse assunto já está vencido”, disse ontem o novo ministro ao ser questionado sobre o assunto.

Avô suspeito
Ribeiro ainda foi questionado sobre o passado de seu avô, acusado em livros oficiais de encomendar assassinatos de líderes camponeses na Paraíba. Sobre isso, o novo ministro foi sucinto: “Eu nasci em 1969”. O avô de Ribeiro, o ex-deputado Agui­­­naldo Veloso Borges, é apontado como mandante do assassinato de João Pedro Teixeira, fundador da Liga Camponesa de Sapé (PB), em 1962. O avô do ministro também é associado à morte da líder Margarida Maria Alves, em 1985.

Fonte: Gazeta do Povo

Por Márcio Melo

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