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segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Projeto-piloto vai levar a município de Sergipe academia para anões

Além do espaço, eles vão receber uma oficina de móveis adaptados.
Para cada 300 habitantes que nascem em Itabaianinha um é anão.


Conhecida como a "cidade dos anões", Itabaianinha, localizada a 120 km de Aracaju (SE), deverá receber até o próximo ano uma academia de ginástica e uma oficina de móveis adaptados. No município, de cerca de 38 mil habitantes, há um anão a cada 300 moradores, segundo o IBGE. O projeto-piloto é uma parceria da Secretaria dos Direitos Humanos e da Cidadania do estado com a Secretaria dos Direitos Humanos da Presidência da República e conta com o apoio do Instituto Federal de Sergipe (IFS) e da Universidade Federal de Sergipe (UFS).
A academia deverá contar com todos os equipamentos adaptados, para que os anões possam trabalhar todas as partes do corpo. O local já foi escolhido. Já a oficina de móveis deverá ajudar alguns deles a conseguir um trabalho na cidade. O secretário dos Direitos Humanos e da Cidadania Luiz Eduardo Oliva diz estar otimista com o projeto. Segundo ele, a Secretaria dos Direitos Humanos da Presidência da República irá liberar os recursos necessários para sua concretização. A previsão é que a academia seja inaugurada em 2013. “Fui a Brasília no início deste mês para discutir uma ação conjunta no desenvolvimento de uma tecnologia apropriada para estas pessoas. Especialistas explicam que o anão tem a caixa torácica pequena, mas seus órgãos se desenvolvem normalmente. Por isso, é preciso atenção com a saúde física. A tecnologia para a academia será desenvolvida por estas instituições parceiras”, diz Oliva.
“É muito importante esta ação em razão de as pessoas com nanismo estarem inseridas dentro da política de pessoas com deficiência, que é extremamente inclusiva. Será um modelo para o país”, afirma.
Santiago não consegue apoiar as mãos e os pés no aparalho (Foto: Fredson Navarro / G1)

O coordenador-geral de acessibilidade da Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Sérgio Nascimento, diz que as obras da academia serão iniciadas ainda neste ano. A academia deverá estar preparada para receber 150 anões.
"As pessoas que têm nanismo são consideradas deficientes e merecem muita atenção, já que podem desenvolver sérios problemas de saúde como hipertensão e colesterol alto. O nanismo é uma doença comumente genética que provoca um crescimento esquelético anormal, que geralmente resulta em um indivíduo de baixa estatura, inferior à média populacional”, diz o médico Manoel Hermínio.
Os anões estão ansiosos para a chegada da academia. José Santiago, de 26 anos, que mede 1,12 m de altura, foi a uma academia tradicional da cidade e encontrou dificuldades para praticar os exercícios nos aparelhos. “Fiquei muito frustrado porque não consigo alcançar para apoiar os pés e as mãos, mas acho muito importante praticar atividades físicas para garantir uma boa saúde”, diz ele, que aguarda o novo espaço.
A professora aposentada Maria da Hora, de 55 anos, que tem 1,20 m de altura, também comemora o projeto-piloto. Ela diz ter recebido uma recomendação médica para a prática de exercícios, mas revela dificuldades para encontrar um local ideal. “Tenho hipertensão e colesterol alto e preciso me exercitar. Não é possível frequentar uma academia tradicional. Para compensar, faço caminhada e alguns exercícios aeróbicos que aprendi assistindo ao programa Bem Estar, da Globo. Esta academia vai trazer mais saúde para todos."

Toinho não consegue apoiar os pés no aparelho (Foto: Fredson Navarro / G1)

O presidente da Associação dos Anões de Itabaianinha, José Antonio Nascimento, de 53 anos, conhecido como ‘Toinho’, diz que a academia adaptada vai ajudar o time de anões a se preparar mais para as competições. “Tenho 1,30 m de altura e sou um dos maiores anões, mas também não consigo alcançar os aparelhos. É muito frustrante para nós. Temos um time formado de anões que já competiu e venceu em diversos estados e precisamos de mais preparo físico. A academia vai beneficiar a saúde de todos e preparar o time para as próximas competições. "Instrutor de uma das academias da cidade, Alfrânio Santos diz que há uma anã entre as alunas, mas admite que ela encontra dificuldades em boa parte dos aparelhos. “É possível ajustar alguns, mas ela não consegue malhar a panturrilha, por exemplo."

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