Considerado o terceiro no ranking dos estados brasileiros que mais realizam transplantes de órgãos, o Ceará registrou um total de 1.055 cirurgias do gênero do início do ano até ontem. Com isso, 2013 é o terceiro ano no qual o Ceará ultrapassa a marca de 1.000 procedimentos. A primeira vez foi em 2011, com a realização de 1.297 transplantes. Já em 2012, esse número chegou a 1.269.
A incorporação de novas unidades na captação dos órgãos, como o Hospital Regional do Cariri, em Juazeiro do Norte, é um dos fatores que contribuiu para o desempenho positivo do Estado, de acordo com o governo Foto: Elizângela Santos
Os números são significativos e representam motivos de sobra para otimismo, admite a coordenadora da Central de Transplantes, da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), a médica nefrologista Eliana Barbosa.
"Ficamos muito felizes com esses resultados, pois ainda estamos praticamente a dois meses do fim do ano", festejou a médica, enfatizando acreditar que a população está, de fato, compreendendo o quanto a doação é importante para a qualidade de vida de quem necessita de um órgão do corpo humano para solucionar um problema de saúde.
"Graças às doações, estamos conseguindo amenizar o sofrimento de muitos pacientes", adiantou, ratificando que o sucesso do trabalho se deve a uma atuação conjunta da Comissão de Transplante e das comissões intra-hospitalares. "Temos equipes motivadas e totalmente envolvidas para contribuir com o êxito da captação e dos transplantes", acrescenta.
Já o governo do Estado aponta que alguns fatores contribuíram para esse desempenho positivo dos transplantes. Alguns deles seriam a descentralização na captação de órgãos e a incorporação de dois novos hospitais - Hospital Regional do Cariri, em Juazeiro do Norte, e o Hospital Regional Norte, em Sobral - na captação de órgãos.
A própria coordenadora da Central inclui o serviço aéreo para transporte de órgãos do Interior para a Capital e até de outros Estados em qualquer dia e hora da semana, como um dos fatores decisivos para o aumento e qualidade dos transplantes. "São fundamentais a rapidez e agilidade em todo o processo", disse, explicando que o governo tem garantido o transporte aéreo.
Doe de Coração
Segundo ela, campanhas como a Doe de Coração são também essenciais para conscientizar a população da relevância da doação de órgão.
Realizada pela Fundação Edson Queiroz, a Campanha Doe de Coração, frisa Eliana, vem ajudando a sensibilizar as pessoas de uma forma propositiva e até mesmo alegre, sobre a importância da doação. "Hoje, um maior número de cearenses entende que isso pode fazer a diferença entre a vida e a morte", lembrou, observando que a mídia ajuda levando informações e esclarecimentos para a população.
Fila de espera
Contudo, a sociedade precisa permanecer contribuindo para a campanha de captação de órgãos, uma vez que a fila de espera tem 908 registrados, reitera a médica. Desse total, a espera por uma córnea lidera, com 390 inscritos. "Dos registros de 1.055 transplantes feitos neste ano até agora, o de córnea também dispara, com 585 cirurgias", informou. Já o transplante de pâncreas é o de menor incidência, até porque apresenta menos indicações. "Hoje, temos muitos tratamentos para o diabético", esclareceu Eliana Barbosa.
Em 2011, o Ceará passou a realizar transplantes de pulmão, o primeiro das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. No primeiro ano, foram realizadas quatro cirurgias. No ano seguinte, mais quatro. Esse procedimento de alta complexidade é feito no Hospital de Messejana Carlos Alberto Studart Gomes, e de acordo com o cirurgião toráxico da unidade, Antero Gomes Neto, em 2013, chegam a sete o número de transplantes de pulmão.
No País, outras capitais que realizam esse transplante são Porto Alegre, São Paulo e Belo Horizonte. Quando interrogado sobre o que foi determinante para possibilitar esse procedimento no Hospital de Messejana, o médico adiantou: "houve uma preparação para isso e o governo criou as condições necessárias".
Dos oito pacientes que passaram por transplante de pulmão em 2011 e 2012, dois faleceram. "Ainda assim, os resultados apresentados são considerados muito bons, iguais aos países de primeiro mundo", diz.
O transplantado, admitiu, pode vir a apresentar problemas diversos, tais como infecção, rejeição e outros. "Essa cirurgia exige cuidados específicos, geralmente o paciente fica em UTI (Unidade de Tratamento Intensivo)", cita.
Também os critérios para ser um doador de pulmão são rígidos. Depois da morte encefálica do doador, quanto mais rápido ocorrerem a captação e transplante do órgão, melhor para o sucesso do procedimento, explicou o médico.
Antes de 2011, o Ceará já havia comemorado outras duas inovações: no ano de 2008, com a realização de transplante de medula autólogo pelo Centro de Hematologia e Hemoterapia do Ceará (Hemoce), em parceria com o Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC), da Universidade Federal do Ceará (UFC), e em 2009, com o primeiro transplante de pâncreas no Hospital Geral de Fortaleza (HGF). De lá para cá, já foram feitos 103 transplantes de medula e 43 de pâncreas.
Estatísticas do Ministério da Saúde apontam que de cada oito potenciais doadores de órgãos, apenas um é notificado. Ainda assim, o Brasil é o segundo país do mundo em número de transplantes realizados por ano, sendo mais de 90% pelo sistema público de Saúde.
O "potencial doador" é todo paciente com morte encefálica. No Brasil, o diagnóstico de morte encefálica é definido por Resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM).
* Reprodução Márcio Melo via Diário do Nordeste
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