Rio - A falta de segurança para o armazenamento de 12 toneladas de drogas no Instituto de Criminalística Carlos ÉboIsso porque as incinerações só podem ser realizadas depois de autorização da Justiça. O que não acontece há três anos, de acordo com o diretor do Departamento Geral de Polícia Técnico Científica (DGPT), Sérgio Henriques. Ele alega que as drogas só podem ser destruídas após o fim do processo. A versão do diretor é contestada pelo advogado criminalista João Tancredo. Segundo ele, basta que parte do entorpecente seja guardada para elaboração do laudo pericial, a chamada contra-prova. Enquanto o processo ainda estiver em andamento, o restante pode ser descartado.
“A autorização pode ser dada a qualquer momento. Basta que a polícia peça ao juízo. Falta organização e comunicação entre os órgãos. É um absurdo e um risco para a sociedade”, analisou. Nos bastidores policiais, foi revelado que a chefe da Polícia Civil, Martha Rocha, teria garantido que estaria em entendimento com a presidenta do Tribunal Justiça, Leila Mariano, para resolver a questão de forma mais ágil.
Polícia nega falta de escolta
A falta de um serviço de escolta no ICCE foi negado pela assessoria de imprensa da Polícia Civil. Porém, durante a semana, O DIA percorreu as instalações do órgão e não avistou nenhuma equipe da Core, a tropa de elite da instituição. Os agentes usam preto e estão sempre fortemente armados com fuzis. Foi constatada, no entanto, a presença de guardas patrimoniais.
Para garantir que não haja desvio no material, a Polícia Civil alega que o controle é realizado por meio do preenchimento de guias, com a descrição do entorpecente que foi apreendido e a quantidade. Há ainda um projeto em fase de elaboração para que o prédio da carceragem do Grajaú, desativada em julho de 2012, seja o novo local para armazenamento de drogas do ICCE.li (ICCE) virou uma dor de cabeça para os peritos do órgão. Eles relataram ao DIA que, depois que a Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) foi transferida do Centro para a Cidade da Polícia, no Jacaré, Zona Norte, há quase dois meses, parte da tropa deixou de usar as instalações como dormitório.
À noite, apenas um vigilante patrimonial cuida do prédio. Há ainda sempre quatro peritos de plantão — dois de local, um de engenharia e outro responsável por receber o entorpecente — principalmente maconha e cocaína. Outra preocupação dos agentes é quanto à possibilidade de desvio de material. Segundo os peritos, diante da quantidade, o controle está cada vez mais sujeito a falhas. A Polícia Civil responsabiliza o Poder Judiciário pelo acúmulo de material. I
Um pedido para cada caso
Para descartar parte das drogas e impedir o acúmulo de material, os peritos do ICCE pedem a incineração ao juiz responsável pelo caso. Ou seja, para cada registro de ocorrência tem que haver um pedido específico. A autorização é feita pelo juiz e também passa pelo crivo do Ministério Público.
“Muitos processos são lentos e, se o laudo for negativo, aí é que o material tem que ser descartado o mais rápido possível”, disse João Tancredo. O Tribunal de Justiça não se pronunciou sobre o assunto. “O acúmulo de drogas pode gerar desvios, risco de invasão e ainda de incêndio, diante da mistura de compostos inflamáveis”, alertou Tancredo.
* Reprodução Márcio Melo
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.