Na CBF, a cúpula é remunerada – o presidente José Maria Marin, por exemplo, tem um salário de R$ 160 mil reais; os vice-presidentes (Marco Polo Del Nero, já eleito para assumir a confederação em 2015, é um deles) também têm vencimentos mensais, de até R$ 98 mil.
Em contato com a reportagem, dirigentes de diversas federações confirmaram conhecimento da medida, à qual se referem como "pró-labore".
"O que foi projetado é uma verba de representação para o presidente que não tenha remuneração ou salário. Ainda não chegou nada oficial, não recebi ainda. Acho que é uma decisão que foi tomada e que vai ser implantada" disse o presidente da Federação Pernambucana, Evandro Carvalho.
"Essa ideia vem desde a Copa do Mundo. Eu considero justo, a maioria dos presidentes tem outros trabalhos, e acaba passando mais tempo na federação do que no emprego. As vezes temos que resolver problemas nos finais de semana, domingo. As viagem, almoços e todos os custos pagamos com o próprio dinheiro", explicou Hélio Cury, mandatário da Federação Paranaense.
"Já ouvi isso, semana que vem vou ao Rio tratar disso e de outros assuntos. Muitas coisas envolvem a pessoa física do presidente, na gestão de uma Federação. Se se concretizar, é justo, mas tem quer ser feito de forma transparente, cobrando os devidos tributos", disse José Vanildo, da Federação do Rio Grande do Norte.
As federações já recebem uma ajuda de custo mensal da CBF, de R$ 50 mil. Este valor, segundo os dirigentes, é destinado a custear despesas que tem origem na organização de campeonatos. Nos últimos dois meses do ano, ele é dobrado, para pagar despesas trabalhistas dos funcionários, como férias e décimo terceiro.
A reportagem ouviu outros presidentes, e todos consideram o pro-labore justo e necessário. Igualmente, porém, são unânimes em uma condição: ele tem que ser estendido a todas as 27 federações, sem distinção.
"Eu sou uma pessoa de mercado, sou um investidor e sou um aposentado. Tenho minha receita privada e particular. Acho que se o benefício existir ele tem de ser para todos, independentemente da posse. Senão você vai diferenciar. Não tem sentido. Ou é um instituto institucional ou não é. Senão vai parecer que você está assalariando alguém" disse Evandro Carvalho.
José Vanildo, do Rio Grande do Norte, previu que a medida possa gerar alguma repercussão negativa. O dirigente, porém, falou sobre as dificuldades na gestão das entidades, principalmente dos estados com menor poder econômico.
"As pessoas falam da questão política, mas não é comprar os presidentes. Os presidentes estão mudando, estou no segundo mandato, no Maranhão também é um cara novo. Os que estão há mais tempo, são de lugares onde a dificuldade é muito grande. Isso pode não representar muito para os grandes centros, mas para o Norte, o Nordeste, faz muita diferença. Acho que se as coisas são feitas com transparência, a sociedade entende. Isso, na verdade, é uma compensação pelas despesas que o presidente tem".
Hoje, as federações compõe a maior parte do colégio eleitoral que escolhe o presidente da CBF – são 27 votos, suficiente para bater os 20 votos dos clubes da Série A caso haja divergência entre os candidatos.
Procurada pela reportagem, a CBF, até a hora da publicação, ainda não tinha enviado sua resposta.
* colaborou Guilherme Costa
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