Como já era esperado pelos inúmeros casos de violência registrados em 2014, o Rio Grande do Norte chega ao final do ano com um aumento no número de Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLIs) em comparação com 2013. Segundo o Conselho Estadual de Direitos Humanos e da Cidadania do Rio Grande do Norte (COEDHUCI), até a manhã desta terça-feira (30), 1763 pessoas foram mortas no Estado.
Comparado com 2013, quando foram registrados 1666 CVLIs, houve um aumento de 5,39%, quase 100 mortos a mais. Sozinha, a Região Metropolitana foi responsável por 1031. O último caso registrado até o fechamento desta edição aconteceu no bairro Planalto, na zona Oeste de Natal. Segundo a Polícia Militar, a vítima foi identificada como Olívio Carvalho da Silva, dono de uma loja de conveniências na Rua Antônio Trigueiro. O criminoso fugiu a pé, deixando uma bicicleta no local do crime. Segundo a PM, o criminoso chegou ao estabelecimento, entrou sozinho a anunciou o assalto. Nesse momento, a vítima reagiu. Algumas testemunhas relataram que houve uma breve luta corporal e em seguida o tiro.
A morte de Olívio foi mais uma por arma de fogo, que segue sendo o “líder” nas estatísticas, com 1496 mortes. “Como pode ter havido alguma esperança (para a diminuição do número de homicídios) se não houve investimento planejado na segurança pública na gestão de Rosalba Ciarlini? Tivemos esperança pelo Pacto Brasil Mais Seguro, da força de trabalho para a execução do megaevento esportivo da Copa do Mundo de Futebol, do esforço concentrado de policiais, tanto por iniciativa individual quanto por iniciativa da gestão, e de entes federais em operações conjuntas. Mas faltou investimento e faltaram ferramentas de controle, sendo que o sistema de aferição de resultados do governo atual não está perfeitamente transparente”, afirmou Ivenio Hermes, do Conselho Estadual de Direitos Humanos.
Para Ivenio, que também é especialista em segurança pública, o novo Governo precisa “Revolucionar” a maneira como o sistema de segurança é trabalhado atualmente no Estado. “A taxa de morbidade de 4.19 assassinatos por dia não será estancada com facilidade, precisamos de novas estratégias de policiamento ostensivo, de investigação e de inteligência policial. O Rio Grande do Norte precisa de mais policiais militares e civis, os municípios precisam de incentivo para compor e manter suas guardas civis, o diálogo da gestão integrada com as poliícias federais e outros órgãos, como o Tribunal de Contas do Estado, precisa ser estreitado e enquanto isso, a população precisa confiar no governo, precisa saber de sua realidade, precisa de uma estatística que dê a real noção da segurança”.
As estatísticas do conselho também apontam uma diminuição de homicídios contra pessoas de etnia negra, que caiu de 747 em 2013 para 684 este ano, uma redução de 8,77%. Outro ponto que chamou atenção foi o aumento de 9,02% na quantidade de CVLIs contra mulheres, passou de 111 em 2013 para 122 em 2014. Para Ivenio, a violência contra as mulheres é em parte devida ao sentimento machista que encontra amparo na impunidade contra essa modalidade de Violência, e isso ocorre mesmo após o advento da Lei Maria da Penha, pois a despeito da lei, o acesso à proteção e aos serviços de segurança pública. “São poucas delegacias de proteção à mulher, e as que existem não abrem à noite, quando o espectro de todas as violências se evidencia. Além disso, faltam albergues em número suficiente para atender às vítimas que geralmente trazem seus filhos e, portanto, também necessitam de local adequado”, afirmou.
Assaltos a ônibus diminuíram, mas violência foi grande
Em comparação ao ano de 2013, o número de assaltos a ônibus diminuiu na Grande Natal. Se no ano passado foram aproximadamente 900, em 2014 o total não alcançou a marca de 800. Até o último levantamento feito pelo Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários do RN (Sintro-RN), 760 ações criminosas contra os transportes coletivos já haviam acontecido na Região Metropolitana. Segundo Nastagnan, a diminuição aconteceu pelas medidas adotadas pela Secretaria de Segurança. “Não temos como negar que a polícia realmente aumentou as ações para combater os assaltos. Algumas pessoas foram presas e o número de ocorrências realmente diminuiu nesses dois últimos meses (novembro e dezembro). Mas infelizmente o estrago do início do ano já estava feito”.
Mesmo com a redução, a insatisfação da categoria foi grande. No dia 22 de dezembro, Motoristas e cobradores de ônibus promoveram um ato público na Ribeira, zona Leste de Natal, paralisando suas atividades por cerca de uma hora e bloqueando o trânsito. “Aquela história de abordagens policiais não deu em nada. Eles começaram a fazer, diminuiu e depois pararam. Continuamos tendo assaltos todos os dias. Já estou buscando outras opções de trabalho, pois essa aqui está perigosa demais. Nós saímos de casa sem ter a certeza se iremos voltar”, disse um motorista.
A reclamação também existiu pelos assaltos que aconteceram nos terminais. Em um desses casos, três homens invadiram e assaltaram o terminal de ônibus da empresa Santa Maria, no bairro Ponta Negra, zona Sul de Natal. Um despachante foi agredido no rosto e um cobrador ameaçado de morte durante a ação dos criminosos. De acordo com as vítimas, os suspeitos chegaram a pé e agiram rapidamente levando dinheiro e outros pertences das vítimas.
Fonte: Portal JH
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