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sábado, 26 de setembro de 2015

Mãe e padrasto de menino deixado em freezer são procurados pela Interpol

Mzee Shabani é procurado pela morte do menino Ezra (Foto: Reprodução/Interpol)
 A mãe e o padrasto do menino Ezra Liam Joshua Finck, de 7 anos, são procurados pela Interpol. O casal, que morava em um apartamento no Centro de São Paulo, é acusado de matar a criança, esconder o corpo dela em um freezer e fugir para a África.
Câmeras do Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, registraram Lee Ann Finck, sul-africana de 29 anos, e Mzee Shabani, tanzaniano de 27, deixando o país com suas duas filhas. A gravação mostra a família passando pelo saguão no dia 3 de setembro, pouco antes de embarcar em um voo para a África. O corpo do garoto foi encontrado no dia seguinte.

Com a informação da fuga para o exterior, a Justiça brasileira pediu para a Interpol incluir os nomes deles na difusão vermelha da organização (lista com dados como nome, idade, nacionalidade e características físicas de procurados internacionalmente). Eles são acusados de homicídio qualificado e ocultação de cadáver.


Lee Ann Finck é procurada pela morte do filho, Ezra (Foto: Reprodução/Interpol)
Lee Ann Finck é procurada pela morte do filho, Ezra (Foto: Reprodução/Interpol)

 Segundo uma testemunha, o padrasto confessou, por telefone, que a mãe do menino “se excedeu e matou a criança e que ela estaria dentro de um freezer. Disse, por fim, antes de desligar o telefone, que fugiram para a África”. A Justiça de São Paulo, então, decretou a prisão dos dois.

A juíza que cuida do caso, Ana Helena Rodrigues Mellim, justificou o pedido de prisão preventiva dizendo que "os investigados têm em seu poder mais duas crianças de pouca idade e que podem sofrer a mesma absurda violência pela qual passou esse menino antes de ser morto por quem tinha o dever de protegê-lo".

 Unicef
O Fundo das Nações Unidas para Infância (Unicef), por meio de seu escritório nacional, em Brasília, encaminhou na sexta passada (18) um pedido à embaixada da África do Sul, também em Brasília, para que sejam empreendidos esforços por parte do governo sul-africano para ajudar na localização de familiares do menino.

A carta é assinada pelo representante do Unicef no Brasil, Gary Stahl. O corpo do garoto está desde 4 de setembro no Instituto Médico-Legal de São Paulo aguardando liberação. Apenas parentes podem fazer tal procedimento.

Segundo o advogado Ariel de Castro Alves, coordenador estadual do Movimento Nacional de Direitos Humanos de São Paulo, o casal poderia responder pelos crimes de homicídio qualificado e ocultação de cadáver. “Dessa forma, poderiam pegar até 30 anos de prisão.”

 Ele disse, porém, que considera difícil que os dois sejam julgados no Brasil. “Como fugiram do país, a possibilidade de serem punidos são remotas, já que dependerá de acordos de extradição ou de cooperação internacional entre Brasil, Tanzânia e África do Sul, por exemplo. Mas esperamos que sejam responsabilizados pelo crime bárbaro e cruel que cometeram.”

Imagens de câmeras de segurança do prédio onde morava a família mostram que, no dia 28 de agosto, o freezer foi carregado da loja de doces de Mzee, no térreo, até o apartamento deles. No local moravam o menino, a mãe dele, o padrasto de 26 anos e duas irmãs, filhas do casal, segundo o boletim de ocorrência.

Seis dias antes, no dia 22, as mesmas câmeras registraram o Ezra entrando no hall do prédio e, em outro momento, cumprimentando um vizinho.

 Histórico de problemas
O Conselho Tutelar informou que Ezra foi atendido em junho de 2014 após receber denúncia que a criança apresentava sinais de espancamento. A mãe declarou, segundo o conselho, que batia "no intuito de educar, e não machucar".

No mesmo ano foi concedida uma liminar de acolhimento, suspendendo o convívio familiar de Ezra com o padrasto e a mãe. Em 15 de janeiro deste ano, o juiz Rodrigo Vieira Murat permitiu o retorno do menino ao convívio com o casal e determinou que o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) acompanhasse a família por seis meses.

O desembargador do Tribunal de Justiça, Antônio Carlos Malheiros, disse que o menino foi acompanhado durante seis meses e depois devolvido à família após pedido da própria criança.

Depois da descoberta do corpo de Ezra, a loja de doces da família foi arrombada e saqueada, segundo os vizinhos.

 Caso
A família tinha loja de doces no térreo do edifício e morava no primeiro andar. Por volta das 18h40 do dia 4 de setembro, vizinhos ligaram para a polícia para verificar se havia algo estranho no apartamento.

O primo do padrasto do menino contou à polícia ter estranhado o fato de o vendedor de 26 anos ter deixado a loja fechada naquele dia. Ele foi até o apartamento e, na porta, sentiu um cheiro muito forte.

O homem chamou o proprietário do imóvel e lá encontraram, no freezer, o corpo do menino enrolado em um lençol e em sacos plásticos, segundo o boletim de ocorrência. Segundo o primo, Ezra era filho da companheira do vendedor.

Fonte: G1

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