Em pleno século 21, com destacados avanços tecnológicos e
medicinais, mulheres e crianças ainda sofrem no período gestacional por falta
de assistência qualificada, tendo como lamentável consequência a morte. No
Estado, a razão de mortalidade materna, pelos parâmetros da Organização Mundial
de Sáude, é considerada preocupante. Os dados mais atualizados de 2013,
calculam uma Razão de Morte Materna de 65,6 óbitos para cada 100 mil nascidos
vivos. A OMS considera “aceitável” uma razão de 20 mortes maternas para cada
100 mil nascidos vivos.
Morte materna é todo falecimento causado por problemas na
gravidez, no momento do parto, ou até 42 dias depois, em mulheres de 10 à 49
anos de idade. A Razão da Mortalidade Materna é o indicador em saúde para
avaliar os óbitos, co-relacionando eles com o número de 100 mil nascidos vivos
ao ano. No Brasil, o índice é de 75 mortes de mulheres para cada 100 mil
nascidos vivos. No entanto, este número pode ser maior, já que não existe a
garantia de 100% de cobertura dos casos. Ainda há deficiência na notificação.
Segundo critério utilizado pelo UNICEF, o número de mortes no Brasil pode
ser o triplo do registrado.
De acordo com Antonieta Delgado, consultora do Ministério da
Saúde no RN, em 2007 foram 27,2 mortes para cada 100 mil nascidos vivos, no ano
de 2010 a razão materna no Estado era de 37,6 para cada 100 mil nascidos vivos,
e no ano seguinte já teve um aumento para 70,5 mortes. Apesar de um maior
índice, ela não considera que a situação piorou. “Não houve um aumento da morte
exclusivamente, mas da melhoria da informação. Mais casos estão sendo
notificados, e por isso aumenta a razão”, explica.
Para evitar as ocorrências, não é preciso uma estratégia mirabolante. Na
verdade, a maior parte dos óbitos são de causas evitáveis, seja por falta de
assistência do pré natal ou hospitalar. As principais causas de mortes maternas
são eclâmpsia, infecções urinárias e hemorragias. “Ações básicas poderiam
evitar as mortes”, afirma Aline Delgado, coordenadora das Estatísticas vitais e
vigilância dos óbitos da Secretária Municipal de Saúde (SMS).
A falta de humanização no atendimento ainda é encontrada como maior falha nos
diagnósticos. “Enquanto não mudarmos culturalmente o fato de que os servidores
da saúde não estão prestando favores a população e sim cumprindo o exercício da
profissão, infelizmente a quantidade de investigações só irá aumentar”. Para
ela, ainda se soma a falta de medicações, a demora no atendimento de urgência,
demora na marcação e execução de exames.
O Brasil se comprometeu com a Organizações das Nações Unidas (ONU) em diminuir
os índices de mortes maternas, infantis e fetais até 2015. Destas três, apenas
a infantil teve considerável mudança. Segundo Antonieta, o Rio Grande do Norte
foi um dos cinco estados do país com maior queda de mortalidade infantil,
considerando 1990 até a data atual. O coeficiente era de 75,7 por mil nascidos
vivos, e caiu para 15,9 por mil nascidos vivos.
Essa queda, considerável, foi motivada por investimento em ações de estratégia
de saúde da família, doenças prevenidas por vacina, incentivo do aleitamento
materno, entre outras ações. “Só que grupo neonatal, crianças com menos
de 28 dias, não teve uma queda tanto quanto. Essas dependem de outras questões,
como a qualidade do pré-natal, que é a grande preocupação”, relata a
consultora.
Fonte: Tribuna do Norte/Junior Santos
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