As duas denúncias foram registradas na diretoria da escola neste ano, uma em fevereiro e outra em junho. Na primeira situação, o professor estava passando um filme sobre zumbis para a turma. No imaginário popular, os zumbis são entidades mortas que voltam para devorar humanos. Fazendo um trocadilho, ele teria dito, na frente de todo mundo, que, assim como um zumbi, “comeria” a aluna.
Constrangida, ela contou para a mãe o que teria acontecido. A moça é franzina e isso, para ela, teria soado como uma provocação irônica. Na outra situação, o professor teria usado linguagem obscena.
A direção da escola não revelou mais detalhes. O diretor Luiz Carlos de Souza não se manifestou. O presidente da subsede de Denise do Sindicato dos Trabalhadores em Educação (Sintep), Silvio Paccine, informou que ainda não conversou com o professor sobre o assunto e, como membro do Conselho Deliberativo da escola, não está autorizado a dar informações.
A Secretaria de Estado de Educação (Seduc) também está tratando do caso como sigilo e alerta que, divulgar uma notícia como essa, sem a devida apuração, pode trazer muitos prejuízos tanto ao acusado quando às alunas. A Seduc abriu um processo administrativo disciplinar, conforme portaria publicada em Diário Oficial do Estado (DOE), afastando o professor até que a Comissão de Apuração Disciplinar conclua as investigações.
O assessor jurídico da Seduc, José Ricardo Elias, explicou que, se for necessário, integrantes da Comissão, ligada à Unidade Setorial de Correição, vão até Denise, para ouvir as partes ou até mesmo colher documentos comprobatórios do fato.
Ele explicou ainda que, ao final do processo administrativo, o acusado pode ser demitido, a não ser que nada de grave seja provado contra ele. “Havendo a notícia de um fato, sendo ele verídico ou não, vindo ele de qualquer cidadão, da escola ou do Ministério Público, a Seduc apura. Se o caso for mais simples, cabe abrir uma sindicância, cuja pena máxima é a suspensão por determinado tempo. No caso do processo administrativo pressupõe uma questão mais complicada e a punição mais forte é a demissão”.
Conforme o advogado, a Seduc avalia casos de práticas indevidas em ambiente escolar dos dois lados, professores e alunos. Uma relação que tem se modificado ao longo dos anos, no ritmo das mudanças sociais. “Mas não é possível dizer que isso, ou seja, essa relação entre aluno e professor, que hoje está mudada, esteja provocando esses fatos, porque na verdade eles são isolados e ocorrem muito poucas vezes”.
A Seduc reforça a necessidade de que seja feita uma apuração consistente, porque já ocorreram outros casos de professores denunciados e que, mais tarde, acabaram sendo isentados de culpa.
Ano passado, três alunas de 8, 10 e 13 anos, afirmaram que foram vítimas de abuso sexual consumado no porão de uma escola estadual em Cuiabá. A história vazou e complicou a vida do acusado de várias formas. No final da apuração, ele foi inocentado.
Fonte: Jornal de Hoje via Terra
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