Uma operação deflagrada nesta sexta-feira (8) pelo Ministério Público do Rio Grande do Norte prendeu três advogados - duas mulheres e um homem - suspeitos de envolvimento com facções criminosas.
Segundo a investigação do MPRN, eles trocavam mensagens com detentos, estabelecendo a comunicação deles com outros integrantes da organização criminosa que estão nas ruas.
Em um dos bilhetes apreendidos, uma advogada presa tratava da execução de um homem em Natal.
A operação Carteiras cumpriu seis mandados de prisão preventiva e outros quatro, de busca e apreensão, nas cidades de Natal, Parnamirim, Extremoz, Nísia Floresta.
Os mandados foram cumpridos nas residências dos advogados, em um escritório de advocacia e ainda nas penitenciárias estaduais de Alcaçuz e Rogério Coutinho Madruga, ambas localizadas em Nísia Floresta.
Mensagem encontrada dentro de banheiro da sala de atendimento aos advogados na Penitenciária Rogério Coutinho Madruga. — Foto: Cedida |
A ação teve o apoio da Polícia Militar e da Polícia Penal.
A investigação sobre o envolvimento dos três advogados com uma organização criminosa que atua dentro e fora de unidades prisionais potiguares começou em julho de 2021.
Segundo o MP, os três abusaram das prerrogativas da advocacia realizando a comunicação entre líderes faccionados presidiários e os demais integrantes da organização em liberdade, repassando mensagens sobre atividades criminosas, garantindo o funcionamento do grupo com a prática de diversos crimes.
Os três advogados presos são suspeitos de integrarem a estrutura da organização criminosa, sendo pessoas de confiança dos principais chefes da facção. Segundo o MP, os “gravatas”, como são chamados os advogados dentro da estrutura do grupo, exercem a função de “mensageiros do crime”.
Pelo que já foi apurado pelo MPRN, uma dessas advogadas se portava como “coordenadora dos Gravatas”, organizando e cobrando relatórios para os criminosos custodiados e repassando orientações aos membros soltos da organização, bem como transmitindo mensagens e preocupações dos chefes da facção que se encontram custodiados. Em uma conversa em um grupo de WhatsApp, ela chegou a reivindicar a função de “corregedora dos presídios” em nome da facção.
Para o MPRN, os três advogados suspeitos, gozando das prerrogativas legais do exercício da advocacia, atuam levando e trazendo “catataus” (bilhetes com informações e comunicações criminosas de dentro de presídios), sendo o principal elo entre os faccionados “da tranca” e os “da rua”.
Um dos “catataus” já apreendido pelo MPRN continha ordem para o “decreto” de um homem em Natal. Decreto é como os integrantes da organização criminosa se referem a homicídio.
* Passando Na Hora
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