Dilma foi vigiada pelo governo até meados dos anos 90
BRASÍLIA - Nos anos 1990, na vigência
da democracia e com presidente eleito por voto direto, os órgãos de informação
do governo continuaram monitorando pessoas, partidos e movimentos sociais,
entre outros alvos. Funcionária da Prefeitura de Porto Alegre e depois do
governo do Rio Grande do Sul, Dilma Rousseff não escapou. Seu nome aparece em
alguns registros produzidos pela Secretaria de Assuntos Estratégicos da
Presidência da República.
Em abril de 1991, no governo Fernando
Collor de Melo, o nome de Dilma aparece num relatório de inteligência ainda
associada a sua atividade na oposição ao regime militar e com citação das
organizações de esquerda das quais fez parte: o Comando de Libertação Nacional
(Colina) e a Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR-Palmares).
Nessa lista, apareciam outros antigos
militantes que, como ela, estavam sendo contratados para trabalhar no governo
do Rio Grande do Sul. O informe do regime militar era intitulado “Nomeações
para órgãos do poder público no RS”. O nome de Dilma estava na relação e
aparece assim: “o DOE (Diário Oficial do Estado) em março de 91 divulgou as
nomeações dos funcionários da administração estadual abaixo relacionados. Os
referidos nomes possuem registros ideológicos”. Entre 1991 e 1993, Dilma
presidiu a Fundação de Economia e Estatística, no governo Alceu Collares (PDT).
Também em abril de 91, o nome de Dilma
surge em outro informe dos arapongas. O documento tratava da eleição da nova
direção do diretório estadual do PDT, já que vários integrantes da direção
partidária assumiram cargos no governo Collares. Dilma, que à época era filiada
a essa legenda, foi uma delas. “A eleição da nova Executiva foi decorrente da
prorrogação do atual diretório regional e da desincompatibilização de alguns
membros da direção que estão exercendo funções no governo estadual”.
Em fevereiro de 1992, Dilma está citada
no informe “movimento sindical no Rio Grande do Sul”. Eram abordados debates
que tratavam de política recessiva, déficit público, perfil dos desempregados,
críticas à política salarial, movimentos contra privatização e valor das ações
trabalhistas contra estatais. Também em 1994, no governo de Itamar Franco, a
SAE cita Dilma num relato sobre instalação da hidrelétrica de Jacuí.
Os arapongas do governo Collor
acompanhavam as ações de outros opositores, em especial do PT. O anunciado
Governo Paralelo, criado por Lula, em 90, após a derrota para Collor, foi
citado em centenas de informes. São registros de atividades, como a divulgação
de seu plano de reforma agrária, posição sobre a reforma administrativa de
Collor. E também a agenda e atividade de Lula eram monitoradas.
O Instituto Cajamar, vinculado ao PT,
aparece nos relatórios como promotor do “turismo político em Cuba”. Se refere a
pacotes de viagens para aquele país, com duração de duas semanas, que inclui na
programação visita a escolas de formação política cubanas e sede do partido.
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