segunda-feira, 1 de julho de 2013

No Maracanã, ninguém queria entregar a taça para o Brasil

Seleção fatura o tetracampeonato da Copa das Confederações após fazer 3 a 0 na Espanha (© Reuters)

RIO - Vaiados, políticos e cartolas empurraram uns para os outros a tarefa de aparecer entregando o troféu de campeão ao Brasil. Na sala VIP do Maracanã, a elegância dos vestidos, champanhe francesa e joias não conseguia esconder o mal-estar entre Fifa, governo e CBF, enquanto bombas explodiam fora do estádio. A síntese da crise foi o debate que por horas se travou sobre quem entregaria a taça ao campeão. Sem Dilma Rousseff no estádio, ninguém queria ser vaiado.

O único que insistia em aparecer era José Maria Marin, presidente da CBF, que queria usar o momento para se fortalecer no cargo, depois de meses de pressão por sua renúncia. Ele chegou a ter de tomar um calmante diante da "emoção".
Mas foi a ausência de Dilma que causou a maior saia-justa, temendo outra vaia como ocorreu no jogo de abertura. Ela apenas emitiu uma nota e telefonou ao ministro do Esporte, Aldo Rebelo, único representante da cúpula do governo federal. "Ela estava feliz", disse o ministro ao Estado. Quem não estava satisfeita era a Fifa.
Depois de muito debate, seria das mãos de Rebelo, ao lado do presidente da Fifa, Joseph Blatter, que o capitão Thiago Silva recebeu o troféu. Mas, no momento da premiação e por determinação da Fifa, as câmeras evitaram a imagem dos políticos e cartolas.
Horas antes, em Salvador, o secretário-geral da Fifa, Jerome Valcke, e o governador da Bahia, Jacques Wagner, foram vaiados no jogo entre Uruguai e Itália. No Maracanã, Blatter e Marin também foram vaiados em uma rápida aparição no telão. Já o governador Sérgio Cabral e o prefeito Eduardo Paes evitaram a taça e as câmeras.
A ausência de Dilma esvaziou em parte o esforço de Marin de usar o jogo como palanque. Ele esperava "capitalizar" com a presença da presidente, que não tem o menor interesse em se aproximar do cartola.
Mas isso não o impediu de tentar estar em cada foto com os jogadores. Na premiação, abraçava longamente cada um deles, inclusive os espanhóis. Alguns deles não disfarçavam a saia-justa. "Foi um grande resultado. Mas a meta é 2014", declarou Marin ao Estado, exaltado.

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