Começa a contar hoje um prazo de até 15 dias em que os cinco torcedores corintianos detidos pela morte de Kevin Espada, 14, permanecerão presos em Oruro, na Bolívia, após a família do jovem ter entrado com um recurso.
A Promotoria de Oruro, em primeira instância, emitira na quarta-feira passada um parecer favorável à libertação dos brasileiros, que estão detidos desde a morte de Kevin, atingido por um sinalizador no jogo entre San José e Corinthians, pela Libertadores, em 20 de fevereiro de 2012.
"Não concordamos com a decisão da Promotoria", disse à Folha Jorge Ustarez, tio de Kevin e advogado da família. "A partir de amanhã [hoje], quando o San José for notificado, começa a contar 15 dias para a autoridade superior chegar a uma conclusão."
Dos 12 presos, sete foram liberados no dia 6 de junho.
A apelação levanta supostas irregularidades na condução do processo. Cita o fato de o promotor que viajou de Oruro a São Paulo ter mantido contato direto com advogados de suspeitos e a permissão aos sete torcedores libertados para voltar ao país.
"Quando o promotor esteve com representantes dos réus no Brasil houve 'contaminação', e os sete libertados não poderiam ter sido expatriados até que todas as instâncias do processo se esgotassem", argumenta Ustarez.
O parecer favorável à libertação dos cinco corintianos presos se baseou na justiça restaurativa, que prevê acordo entre as partes após o atendimento das necessidades de vítimas e parentes.
"Recebi a doação [de US$ 50 mil, ou R$ 114 mil] do clube, mas não assinei nenhum documento de 'troca', como a defesa queria e informaram no Brasil", disse à FolhaLimbert Beltrán, pai de Kevin.
"Doação é outra coisa. Ela veio do Corinthians, que me informou que ela nada tinha a ver com esses presos e que não existia condicionante."
O Corinthians diz que fez a doação após se sensibilizar com a situação da família de Kevin, com dificuldades para pagar os custos do enterro do garoto, em Cochabamba, parcelado em várias vezes.
"Temos pouca esperança, mas estamos fazendo uso de todos os nossos direitos", disse Ustarez, que criticou a ação do governo brasileiro.
"Lamentavelmente, o governo brasileiro fomenta, é cúmplice desse tipo de torcedor. É uma máfia violenta que frequenta os estádios."
"Se as autoridades superiores [de Oruro] analisarem de forma criteriosa o caso, as investigações continuarão."
Apesar de lamentar a morte do sobrinho, Ustarez cita um ponto positivo no trágico episódio em Oruro.
"O presidente [da Bolívia] Evo Morales promulgou um decreto, que leva o nome de Kevin, que proíbe que torcedores entrem nos estádios com artefatos pirotécnicos, com sanções penais, e que responsabiliza os organizadores por esse controle", diz.
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