quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Após ser espancado por colegas, menino de 11 anos tem medo de ir para escola

Ele teve o nariz quebrado e disse que tem medo de voltar a estudar
Um menino de 11 anos conta que foi agredido por três alunos dentro de uma escola pública do Rio. Ele teve o nariz quebrado e disse que tem medo de voltar a estudar.

Ainda traumatizado, o menino conta que, enquanto dois o seguravam, um terceiro o atingia com golpes.
— Ele ficou me dando soco na barriga. Quando caí, ele já me deu um chute. Quando o meu nariz estava sangrando por dentro, os meninos me levantaram e ainda me bateram mais.
Segundo a criança, uma professora presenciou a cena de violência, mas não tentou impedir as agressões.
— A professora ficou sentada vendo a briga. Não fez nada. Ela falou que a pessoa não pode se meter.
A mãe achou melhor tirá-lo da escola, por segurança. Ele conta que não tem mais vontade de voltar a estudar e que os agressores continuam a ameaçá-lo.
A situação se repete em outras escolas da cidade. Muitos estudantes são agredidos dentro das instituições e, constantemente, vídeos são postados na internet mostrando brigas em escolas.   
Também é comum nas imagens gravadas ver que a violência é incentivada. Os outros alunos fazem plateia e gritam por mais. Raramente, algumas pessoas separam as brigas.   
Para a psiquiatra, Vera Lemgruber, a falta de limites pode estar relacionada ao problema.   
— Bullying sempre existiu, era implicância. Como hoje em dia você não respeita limite nenhum, as crianças acham que tem direito de fazer o que for. Não é imposto nenhum tipo de comportamento de respeito ao outro, nem pelos pais e também pela própria escola. Acaba havendo um ataque físico ou mesmo emocional que é muito destrutivo para a outra criança, que não tem meios de se defender. 
Professores também relatam agressões. A professora Nádia de Souza conta que era ameaçada por um grupo de estudantes com relação com o tráfico de drogas na Escola Municipal Deodoro, na Glória, zona sul.     
— Os alunos que não entravam em sala, ficavam nos corredores, eles invadiam a sala do professor que estava dando aula - no caso eu - para brigar com os que estavam lá dentro e nos provocar. Então quando eu pedia sair, eles me xingavam e me ameaçavam de morte.  
A professora Eliana, que dedicou 30 anos de sua carreira a educação de adolescentes na rede pública de ensino, também sofreu agressões. Ela fala da profissão com desgosto, já que ficou traumatizada.   
— Eu já mudei toda a minha vida. Mudei em função desta mão aqui, que vai morrer com deficiência, após uma agressão de aluno.  
Eliana teve um dedo quebrado porque repreendeu um aluno que ouvia som alto dentro da sala. Hoje, ela sofre com a limitação física e psicológica.  
— Eu queria acabar os meus 30 anos de professora, dando aula. E não foi culpa minha, foi agressão de um aluno que deve estar livre, leve e solto no meio da rua.  E eu estou aqui com os meus traumas e com as minhas decepções com a carreira.   
* Reprodução Márcio Melo

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