quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Discurso histórico de Luther King completa 50 anos hoje

Reprodução/Facebook

Cinquenta anos não foram suficientes para que os norte-americanos pudessem colocar em prática o apelo feito por Martin Luther King em 28 de agosto de 1963, quando compartilhou com a nação "I have a dream" ("Eu tenho um sonho"), o aclamado discurso pedindo o fim da segregação racial nos Estados Unidos.

Reunidas no Memorial Lincoln por ocasião da Marcha de Washington, em protesto contra o preconceito e a discriminação, milhares de pessoas ouviram um dos discursos mais importantes na história dos EUA e também um dos mais inspiradores.
Em 1963, os negros norte-americanos já estavam livres da escravidão havia cem anos, mas era uma época em que muitos ainda viviam na pobreza, não podiam votar nem se casar com brancos em alguns Estados.
E o que mudou desde então?
Pela primeira vez em sua história, em 2008 os EUA elegeram seu primeiro presidente negro, Barack Obama, e o reelegeram em 2012. Mas o "sonho" que Luther King tanto desejou ver realizado ainda está longe de se tornar realidade, pelo que indica o Pew Research Center.
instituto norte-americano de pesquisas perguntou a 2.231 adultos "o quanto os EUA progrediram, nos últimos 50 anos, na direção do que foi sonhado por King sobre igualdade racial?". As respostas mostram que negros e brancos ainda vivem em países diferentes.
Para 45% dos entrevistados, os Estados Unidos tiveram um progresso considerável em relação à igualdade racial –isso é verdade para 48% dos brancos e 32% dos negros que responderam a enquete.
Entre os brancos, 49% dizem que muito mais precisa ser feito para alcançar a igualdade racial, enquanto 79% dos negros afirmam que ainda falta muito para esse objetivo.
Quando a questão é o tratamento em escolas, na polícia, na Justiça e em outras instituições públicas, os negros se mostram mais pessimistas, mas uma parte dos brancos concorda que há desequilíbrio.
O atendimento da polícia é avaliado como menos justo aos negros por 37% dos entrevistados brancos e por 70% dos negros. Nas cortes judiciais, a desigualdade existe na avaliação de 27% dos brancos, enquanto entre os negros esse índice fica em 68%.
A discriminação por motivo de raça foi apontada por 35% dos negros ouvidos na pesquisa, em comparação a 10% entre os brancos.
Por outro lado, houve um certo equilíbrio quanto ao "bom relacionamento" entre brancos (81%) e negros (73%) no país.
O Pew Research Center também comparou dados do governo dos EUA sobre a população no intervalo dessas últimas cinco décadas.
O hiato econômico entre brancos e negros permanece. Em alguns casos, a diferença até aumentou, como na riqueza das famílias e na renda familiar.
Entre 1967 e 2011, a média da renda de uma família negra com três pessoas passou de US$ 24 mil para quase US$ 40 mil. Isso representa 59% do que ganha uma família branca (um pequeno aumento de 1967 para cá, quando o índice era de 55%). Mas, em dólares, o buraco entre as rendas familiares aumentou: passou de US$ 19 mil nos anos 1960 para quase US$ 27 mil nos dias de hoje.
A diferença entre a riqueza das famílias também ficou maior: foi de cerca de US$ 75 mil em 1984 para quase US$ 85 mil em 2011.
O índice de desemprego entre os negros é o dobro do registrado entre os brancos e tem se mantido assim desde os anos 1950.
Já na educação, na participação eleitoral e na expectativa de vida a situação ficou melhor.
Os índices de conclusão do ensino médio (high school) se aproximaram desde os anos 1960 e agora nove em cada dez negros e brancos têm diploma.
A participação dos negros na escolha do presidente ficou atrás da dos brancos na maior parte da última metade de século, mas tem aumentado desde 1996.
Encorajados pelas candidaturas de Obama, os negros quase se equipararam aos brancos em 2008 e os superaram em 2012, quando 67% dos eleitores negros votaram, em comparação a 64% entre os brancos.
Na expectativa de vida, a diferença foi reduzida de sete para quatro anos nas últimas cinco décadas.
Sobre pobreza e casa própria, os índices são quase os mesmos de 40 anos atrás. 


Exposição em São Paulo resgata "sonho" de King a Obama


O Museu Afro Brasil, situado dentro do Parque Ibirapuera, em São Paulo, mantém em exibição até 29 de setembro a exposição "Histórias, Revisões e Retrospectos", com fragmentos de mostras realizadas nos três últimos anos no local.
Nas paredes externas do prédio do museu estão exibidas 'partes' desses trabalhos, por meio de painéis. Entre as exposições que podem ser revistas pelo público está "Eu tenho um sonho: de King a Obama - a saga negra do norte", composta de imagens e textos.
Um dos objetivos, além de homenagear personalidades negras como Martin Luther King e ilustrar a luta do negro norte-americano contra o preconceito, a indiferença e a desigualdade, é despertar o interesse de quem passa pelo museu para que entre e conheça o acervo, como prévia da comemoração dos dez anos do Museu Afro Brasil, em 2014.
O acesso à exposição é gratuito e o horário de visitação é o mesmo do parque, de 5h até meia-noite. 

* Reprodução Márcio Melo

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