Os corpos de 92 imigrantes, que morreram de sede quando tentavam atravessar o deserto do Saara, foram encontrados no Níger, segundo a agência "Associated Press". O grupo, composto principalmente de mulheres e crianças, precisou caminhar por mais de 20 quilômetros depois que o carro que os transportava quebrou.
"Os corpos já estavam em estado de decomposição. Foi horrível", afirmou Almoustapha Alhacen, umas das pessoas que participou da operação de resgate, ao jornal britânico "The Guardian". "Nós encontramos os corpos em um raio de 20 quilômetros e em grupos pequenos. Alguns estavam debaixo de árvores e outros expostos ao sol", completou.
Autoridades acreditam que o grupo de imigrantes do Níger começou a jornada pelo deserto em setembro. Eles morreram em novembro a 10 quilômetros da fronteira do país com a Argélia, quando um dos dois veículos que fazia a travessia pelo deserto quebrou e o outro deixou o local.
Alguns imigrantes foram encontrados vivos. Segundo a imprensa local, dois sobreviventes caminharam 83 quilômetros pelo deserto até a cidade de Arlit. Outros 19, conseguiram chegar até a cidade de Tamaresset, no sul da Argélia, mas foram deportados de volta ao Níger.
O caminho pelo deserto do Saara, passando pelo Níger, é conhecida por ser uma rota utilizada para o tráfico de pessoas. Muitos africanos tentam chegar ao norte do continente, na esperança de pegar um barco até a Europa. Quem não consegue embarcar, costuma ficar na Argélia a procura de emprego.
"Creio que as vítimas estavam sendo vítimas de traficantes de pessoas", afirmou Rhissa Feltou, prefeito de Arlit, no norte do Níger, à "Associated Press". "Eles provavelmente estavam indo para o Mediterrâneo para tentar chegar à Europa".
Um dos países mais pobres do mundo e palco de crises alimentares recorrentes, o Níger sofre com o fenômeno da imigração, assim como outros Estados africanos. A rota migratória argelina não é, porém, tão concorrida quanto a que leva à Líbia.
De acordo com o Escritório da Coordenação dos Assuntos Humanitários da ONU (Ocha), situado em Niamey, capital deste país, "cerca de 30 mil pessoas" migraram para a Líbia entre março e agosto de 2013, por Agadez, maior cidade do norte nigerino, em condições irregulares. Isso significa pelo menos cinco mil emigrantes por mês, a maioria do oeste da África, sendo muitos nigerinos.
* Reprodução Márcio Melo
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