Reportagem dramática no Valor Econômico hoje mostrando quanto é difícil a situação de água no Nordeste.
O Nordeste corre contra o tempo para enfrentar a seca. Depois de seis anos de estiagem, os reservatórios da região estão com apenas 18% da capacidade. Na Paraíba o índice não passa de 11% e em Pernambuco está abaixo de 10%. Dos 533 reservatórios da região monitorados pela Agência Nacional de Águas (ANA), 112 estão secos. As obras de transposição do Rio São Francisco já livraram quase um milhão de pessoas da ameaça de falta de água, mas o que já é ruim ainda pode piorar. “Para o ano que vem a situação pode ficar gravíssima”, diz Paulo Varella, diretor de gestão de águas da ANA.
No Semiárido Brasileiro, que se espalha por oito Estados e Minas Gerais, a chuva de abril, considerado chuvoso na região, somada às precipitações dos meses anteriores, reduziu a área de abrangência da seca, mas não eliminou os impactos da estiagem de longo prazo. Só na Paraíba são quase 200 cidades em estado de emergência, com abastecimento por carro pipa ou racionamento. Há reservatórios secos em seis dos oito Estados.
Além da seca, o serviço de abastecimento de água em 1.122 dos 1.135 municípios do Semiárido, que abriga mais de 22 milhões de pessoas, não garante acesso a toda a população.Pior: registra perdas de 44,87%. Muito pior: apenas 39% estão dentro dos padrões adequados ao consumo humano estabelecidos pelo Ministério da Saúde. É o que aponta o estudo “Abastecimento Urbano de Água – Panorama para o Semiárido Brasileiro”, do Instituto Nacional do Semiárido (INSA).
Para enfrentar a seca, prefeituras aceleram programas de racionamento e governos estaduais ampliam os projetos de perfuração de poços e dessalinização da água do subsolo para atender comunidades rurais. O governo federal entregou a água do São Francisco aos portais de recebimento do Eixo Leste do Projeto de Transposição do São Francisco na Paraíba e Pernambuco, para ser levada aos reservatórios pelos governos dos dois Estados, e tenta finalizar o Eixo Norte.
A Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), uma rede formada por mais de três mil organizações da sociedade civil, desenvolve e executa o projeto de implantação de um milhão de cisternas. Empresas incentivam projetos inovadores de captação e produção de água potável. A Ambev formou ano passado um comitê de especialistas em segurança hídrica e lançou a AMA, uma água mineral com 100% do lucro das vendas destinados a projetos que visam aumentar o acesso à água potável no semiárido.
O programa Água Doce, do Ministério do Meio Ambiente em parceria com governos estaduais e municipais e suporte de organizações da sociedade civil, já mapeou 3.145 comunidades em 298 municípios e estabeleceu a meta de implantar 1.357 sistemas de dessalinização com recursos de R$ 258 milhões até o ano que vem.
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