Grávida de cinco meses, a enfermeira Aline Piton, de 32 anos, sofreu um acidente vascular cerebral (AVC) hemorrágico enquanto trabalhava no Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher (Caism) do Hospital de Clínicas (HC) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em Campinas (SP), e entrou em coma. Caso raro na medicina, ela deu à luz ao menino Guilherme após dois meses internada. O bebê já tem um mês de vida e a mãe ainda permanece em tratamento, mas sem ter recuperado a consciência.
"Em todo instante eu penso que quero ver minha esposa abrançando nosso filho. No dia a dia, esse desejo é maior que tudo", afirma o marido e pai da criança, Daniel Piton. Representante comercial, ele conseguiu a licença maternidade para cuidar do filho durante os primeiros meses de vida.
Segundo ele, a mulher mantinha hábitos saudáveis e estava de plantão no dia 21 de julho quando sofreu o AVC hemorrágico, motivado pela combinação de uma má formação arterovenosa que ela desconhecia e a brusca mudança de hormônios desencadeada pela gravidez. "Ela foi atendida de imediato, tudo aconteceu para salvar a vida dela. Ela estava do lado da sala de UTI e os médicos e enfermeiros amigos dela que a socorreram", conta Piton.
A decisão dos médicos foi a manutenção da gravidez e, após dois meses em coma, Guilherme nasceu. "No 7º mês, já estava propício para ele nascer sem correr riscos", conta o pai. Aline permanece internada em coma e Piton tem no filho o estímulo para não perder as esperanças. "Eu estou cuidando dele e ele está servindo de estímulo para todo mundo. Não tem como chegar perto dele e não abrir um sorriso", conta o pai.
"O sonho maior dela era ser mãe", relembra a irmã de Daniel Piton, Niceli Marini. Segundo ela, o irmão não mede esforços para que Aline acorde e fique junto do filho. "Tudo que ele acha que pode ajudá-la a recobrar a consciência, ele faz. A gente fala que cada dia a mais é um dia a menos para ela retornar", afirma ela.
A tia de Guilherme se diz orgulhosa do irmão que dá toda atenção necessária ao filho. "Hoje em dia, qual pai, qual marido faz o que ele está fazendo? De repente, você vê alguém que acabou de casar, passa por esse problema todo e está com a esposa", diz Niceli.
Rápido socorro
O médico neurocirurgião da Unicamp Enrico Ghizoni afirma que é fundamental que o paciente com AVC seja atendido rapidamente. "Assim é possível identificar que tipo de AVC ele está sofrendo e tomar as medidas necessárias". Durante o Dia Mundial do AVC, comemorado nesta terça-feira (29), várias ações são realizadas para concientizar a população sobre prevenção e cuidados em caso de derrame.
Ele explica que é importante procurar o pronto-socorro ao sentir dormência no braço, fraqueza em um lado do corpo e uma dor de cabeça súbita. "O paciente que tem dor de cabeça, percebe que é diferente porque é uma dor súbita e em explosão", explica o médico.
* Reprodução Márcio Melo
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