
Manifestantes interditavam o km 86 da rodovia Fernão Dias, em ambos os sentidos, na região do Jaçanã, na zona norte de São Paulo (SP), por volta das 19h desta segunda-feira (28).
O grupo --que protestava pela morte do adolescente de 17 anos após a abordagem de policiais militares ocorrida no domingo (27),-- saqueou ao menos três caminhões que passavam pelo local. Dois dos veículos também foram incendiados e depredados.
Os policiais chegaram ao local para conter a ação dos manifestantes cerca de 20 minutos após o início do protesto. O protesto foi dispersado por volta das 19h30.
A pista sul (sentido São Paulo), de acordo com a Autopista Fernão Dias, foi liberada às 20h10, mas apresentava lentidão entre o km 90 e o km 86. Na pista Norte (sentido Belo Horizonte), a via continuava bloqueada, com congestionamento do km 81 ao km 86.
Além da manifestação na via, segundo a assessoria de imprensa da PM, outros grupos --com cerca de 500 pessoas-- protestavam em outros pontos do Jaçanã, entre eles as avenidas Edu Chaves, Roland Garros e Luís Stamatis. Uma loja foi arrombada e saqueada, outros dois ônibus e dois carros foram incendiados. Um micro-ônibus também foi alvo dos manifestantes.
Segundo reportagem exibida pelo SBT, o comércio da região está fechado desde 15h --os donos de loja temiam mais saques. Os protestos, segundo a PM, iniciaram por volta das 17h50, logo após o enterro do jovem morto.
Morte causou revolta em moradores
A abordagem dos PMs que terminou com a morte do adolescente domingo (27) aconteceu ontem às 14h. Cerca de duas horas depois, revoltados, moradores da região fizeram um protesto que terminou com três ônibus de transporte coletivo queimados, assim como um veículo que estava estacionado em uma das ruas do bairro. Lojas e agências bancárias também foram depredadas, e lixeiras, queimadas.
Em nota, a assessoria de imprensa da polícia informou que dois PMs "atendiam ocorrência de perturbação do sossego, quando suspeitaram de dois indivíduos e decidiram fiscalizá-los."
"Ao sair da viatura para realizar a abordagem, por motivo a esclarecer, houve disparo acidental, que atingiu um adolescente, de 17 anos, no tórax. O fato se deu na rua Bacurizinho, esquina com a avenida Mendes da Rocha, por volta das 14 horas. A vítima foi imediatamente socorrida ao hospital Jaçanã, mas faleceu", diz a nota da PM.
Uma testemunha, moradora do bairro, confirmou ao UOL que a abordagem da PM ocorreu por conta de som alto. "Nesta abordagem o policial ao sair do veículo acabou baleando um motorista", relatou, sob a condição de anonimato.
Já o irmão de 12 anos de Douglas disse que a vítima não esboçou reação à abordagem dos policiais. "[Os PMs] Já chegaram dando tiro de dentro do carro. Não falei nada, não teve nem reação do meu irmão", disse.
O PM que atirou em Douglas havia ido ao bairro com outro policial para atender uma ocorrência de som alto.
Ele foi autuado em flagrante por homicídio culposo (quando não há intenção de matar) e foi encaminhado ao presídio militar Romão Gomes, na zona norte da capital. Mas, segundo o advogado Fernando Fabiani Capano, que defende Luciano Pinheiro Bispo, 31, "nenhum policial sai às ruas dizendo 'vou matar alguém'. Foi um acidente".
O caso é investigado também pelo 73º DP (Jaçanã), onde os PMs envolvidos na abordagem foram ouvidos ontem à noite.
* Reprodução Márcio Melo
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