

Manifestantes assumiram um caminhão-tanque na contramão. Motoristas de veículos que estavam na estrada foram roubados, segundo a PM. Houve confronto, e a polícia usou bombas e balas de borracha para conter a multidão.
"Eu seguia pela Fernão quando de repente vi um ônibus pegando fogo no meio da pista. Um molequinho estava armado na frente dele e apontou a arma para mim, mandando eu parar", relatou o motorista José Floriano, de 50 anos. "Outras pessoas aparecerem do nada e começaram a jogar pedra nos caminhões. Eu só tive tempo de brecar e descer da carreta e corri a pé." Veículos também foram atacados na Marginal do Tietê, na altura da Ponte Imigrante Nordestino. Enquanto tentavam apagar o fogo em um ônibus, bombeiros foram apedrejados e precisaram de escolta de 15 homens da Força Tática.
De acordo com informações da Agência Brasil, o secretário da Segurança, Fernando Grella Vieira, solicitou ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que a Força Nacional de Segurança atuasse no local. Grella, ainda segundo a agência, teria pedido que uma operação de inteligência seja montada pelo Ministério. As pastas confirmaram a conversa por telefone, mas, segundo Cardozo, ambos combinaram uma "ação conjunta", na tentativa de impedir novos atos de vandalismo. "Conversamos sobre a melhor articulação entre ações da Polícia Rodoviária Federal e da Secretaria da Segurança Pública", disse o ministro, sem dar mais detalhes. Nos bastidores, tucanos afirmaram que a Polícia Rodoviária Federal demorou para aparecer.
Nas ruas do Jaçanã e na Fernão Dias, manifestantes fizeram barricadas de fogo. Segundo a concessionária Autopista, às 20h50, a lentidão na rodovia ia do km 82 ao km 90. Por volta das 23h, a pista sentido capital havia sido liberada e na outra direção os motoristas seguiam pelo acostamento.
Enterro. O protesto começou após o enterro de Douglas, no fim da tarde de na segunda, no Cemitério Parque dos Pinheiros, também na zona norte. Na noite de domingo, a Vila Medeiros já havia sido cenário de protestos de vizinhos que ficaram revoltados com a ação da polícia. Na manifestação, com cerca de 300 pessoas, dois lotações, um ônibus e um carro foram incendiados e lojas foram saqueadas. A Polícia Militar interveio com bombas de gás e balas de borracha para dispersar a multidão.
Atribuições. A atribuição de resolver conflitos em estradas federais, como no caso da Fernão Dias, é da Polícia Rodoviária Federal, mas não se trata de uma atribuição exclusiva, segundo o especialista em segurança pública Guaracy Mingardi. "Havendo crime, qualquer policial tem a obrigação de intervir", explica. "Um não pode ficar esperando que o outro faça."
A jurisdição policial em estradas federais, segundo ele, ainda é "nebulosa". Mas, a princípio, não há nada que impeça a Polícia Militar (estadual) de atuar também nessas estradas, quando há um crime em andamento.
* Reprodução Márcio Melo
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