O pré-candidato do PMDB a governador do Rio Grande do Norte, Henrique Eduardo Alves, afirmou na manhã desta sexta-feira que não aceita o apoio e o voto da governadora Rosalba Ciarlini (DEM) a sua candidatura. “Nós nos separamos do seu governo e as razões são claras e assumidas e é praticamente impossível que o governo que nós deixamos, o governo do qual nós nos separamos, com críticas democráticas, respeitosas ao seu estilo, nós estamos com a proposta de mudar o que está aí. Seria uma atitude incoerente ter o apoio de um governo que nós estamos dizendo que ele não é o melhor para o Rio Grande do Norte”, disse.
As palavras do pré-candidato foram dadas em entrevista ao “Jornal da Cidade”, da FM 94. Na oportunidade, Henrique ressaltou a “relação muito respeitosa” que tem com Rosalba. “Mas nós discordamos é do seu governo, da forma de governar, do estilo centralizador de fazer, que está resultando no não fazer. Lamentavelmente a sua postura é oposta àquilo que quer hoje o PMDB para o Rio Grande do Norte”, disse. Como líder do PMDB, Henrique anunciou em setembro do ano passado o rompimento do partido com o governo do DEM.
Apesar de rejeitar o apoio de Rosalba a sua candidatura, Henrique admitiu que trabalha com a hipótese de contar com o apoio do DEM, partido de Rosalba, mas liderado pelo senador José Agripino Maia (DEM), a sua candidatura a governador. Ele lembrou que o DEM terá decisão a respeito da sucessão estadual na próxima segunda-feira, quando o partido irá se reunir, internamente, para deliberar sobre o futuro eleitoral.
“Nós vamos aguardar. Eu acho que a gente deve respeitar internamente o que o DEM vai querer fazer. Enquanto o DEM não resolver internamente qual o seu melhor caminho, se é esse, se é aquele, eu prefiro não opinar. Porque eu não quero interferir nem de uma maneira nem de outra na sua decisão. Vamos aguardar e a partir da decisão do DEM, respeitar o seu caminho, conversar ou não”, disse Henrique.
CONVENÇÕES
O deputado reafirmou sua candidatura a governador, destacando que a convenção que irá homologar o seu nome está agendada para o dia 27 de junho. Ele ressaltou a parceria com a ex-governadora Wilma de Faria (PSB), pré-candidata do PSB e da aliança ao Senado, dizendo, inclusive, que poderia ter sido ela a candidata ao governo. “Mas ela entendeu o momento e não foi candidata a governadora. Saiu para o Senado, numa parceria conosco e isso está claro, porque está formada essa parceria”, disse Henrique.
Ainda sobre Wilma, Henrique disse que, eleito para o governo, contará com a experiência da ex-governadora, assim como do ex-governador Garibaldi Filho (PMDB). “Não me diminui em nada reconhecer que a experiência de Wilma em ser governadora oito anos, de Garibaldi filho, governador oito anos, o que eles dois juntos poderão ajudar com as suas experiências, o que fizeram, o que deixaram de fazer, o que acham que deveriam ter feito, o que acertaram, o que erraram, tudo isso vai nos ajudar a errar menos e acertar mais. Eu vou ter pessoas experientes e não vai me diminuir em nada eu poder recorrer a um ou a outro em momento de decisão para o nosso Estado”, disse.
“Meritocracia se imporá. Classe política deve entender”
Henrique negou que tenha compromisso de indicação de cargos com os partidos, lideranças e grupos que estão lhe apoiando na disputa pelo governo. Segundo ele, a meritocracia irá se impor na sua gestão e a classe política terá de entender essa nova realidade. “Esse é um assunto que nem sequer estamos tratando agora, porque eu acho que não cabe. Na hora em que eu venho para essa convocação de governar o meu Estado, nessa longa vida pública, eu acho que nós temos que fazer uma coisa diferente. O Rio Grande do Norte quer uma participação cada vez mais discutida com a população”, disse.
Ele afirmou que as indicações políticas existirão, mas independentemente de partidos, e desde que sejam para ajudar e tenham espírito público. “A meritocracia vai se impor naturalmente com a qualidade do serviço público e a classe política tem que estar preparada para essa realidade. Porque os partidos vão ter, aí sim, compromisso conosco em torno de um programa e de um projeto que vamos apresentar e que vai ser esse o item principal a ser julgado pelo povo do Rio Grande do Norte”, afirmou.
COLIGAÇÕES
Ainda sobre as várias legendas que estão apoiando a sua proposta, o presidente da Câmara afirmou que, no tocante às alianças proporcionais, “eles vão ter que se entender”, disse, afirmando que, se possível, não vai interferir. “Porque cada partido, é natural, vai querer ter o seu espaço, de que maneira poderá melhorar a sua participação como partido na Assembleia, Câmara Federal. Então é uma coisa muito própria dos partidos e a minha interferência aí será mínima, apenas no sentido de apaziguar, tentar ajudar, tentar compreender. Mas a questão das coligações proporcionais eu vou deixar cada partido defender o que considera melhor para o seu partido no presente e no futuro, na ocupação desses espaços”.
RELAÇÃO COM PODERES
Ao abordar um pacto de responsabilidade pelo Rio Grande do Norte, o deputado Henrique Eduardo Alves defendeu o diálogo com os poderes Legislativo e Judiciário. “Não adianta você partir para o confronto com o Judiciário, com o Ministério Público, pois o confronto radicaliza, tira a questão racional, as pessoas se tornam emocionais cada um na defesa dos seus direitos. Tem que ser pelo diálogo, que eu acho que eu aprendi na vida pública, capacidade de ouvir, e estou exercitando isso na Câmara dos Deputados. Eu acho sim que nós temos que estabelecer um pacto de responsabilidade”.
Ele informou que está levantando dados e que é preocupante a situação do Estado do ponto de vista orçamentário e fiscal. “O RN tem hoje avaliações muito pessimistas da sua capacidade de cumprir os seus compromissos, chegar ao final do ano pagando o pessoal em dia, o que já não faz sequer hoje integralmente. Tem que haver um pacto de governabilidade e responsabilidade”.
Dentro do pacto, ele defende, ainda, a participação “de todas as classes e os poderes constituídos, a começar pelo poder Legislativo, pela nossa Casa, aquilo que a política pode fazer para melhorar também o seu desempenho”.
Ele defendeu um diálogo honesto com todos. “Esse momento vai exigir governabilidade, responsabilidade e não ter medo desse diálogo. Se ele for verdadeiro ele prevalece. Se ele for verdadeiro ele se impõe. Se for esperteza política eu acho que ele se desmoraliza. E não há mais espaço para espertezas. É hora, sobretudo, da verdade”.
“Robinson sabe que não é acordão. Lamento declaração de Fátima”
Ao se referir a Robinson, provável adversário na disputa pelo governo, Henrique lamentou as críticas recebidas. O vice-governador afirmou que Henrique protagoniza “o maior acordão da história política do RN”. “É inacreditável que o meu amigo, companheiro de tantas lutas no passado, Robinson Faria tenha declarado isso de maneira tão distorcida. Porque ele sabe que não é isso”, disse o peemedebista, destacando que, em política, é melhor agregar que desagregar, e aproveitou para alfinetar os adversários, que não conseguiram, segundo ele, agregar e ficaram isolados.
“Prefiro agregar que desagregar. Prefiro unir que desunir. Eu prefiro ter mais mãos e inteligências a nos ajudar do que ter menos”, afirmou, destacando “que todos esses partidos que têm nos procurado acham que nós podemos ajudar. Pela experiência, pela vivência, pelo aprendizado. Pelo que eu pude acertar, errar, aprender e viver esse momento”.
Henrique criticou a deputada federal Fátima Bezerra, pré-candidata do PT ao Senado Federal, que nesta semana afirmou que PMDB e PR não têm moral para criticar Rosalba, porque participaram da gestão. “Lamento que essa crítica venha nessa dimensão, porque eu vou continuar ajudando estado, município, que possam ter a minha participação, que eu acho que é o meu dever”.
O deputado criticou o radicalismo de Fátima e do PT, afirmando que eles próprios foram vítimas dessa postura. “Eles procuraram a ex-governadora Wilma para uma aliança, quando verificaram que, por esse radicalismo, perderam espaço”, disse, recordando, com isso, que foi o PT que descartou uma aliança com Wilma no início do processo de discussão eleitoral.
Henrique se disse ainda preocupado com “aqueles que, por um radicalismo, ficam torcendo pelo quanto pior melhor”. Ele não deixou claro se estava se referindo ao provável adversário, vice-governador Robinson Faria. Ou mesmo ao PT, da pré-candidata ao Senado Fátima Bezerra. Segundo o peemedebista, “esse radicalismo, essa intolerância, não cabem mais no RN de hoje e do futuro. É hora de agregar, de unir. Porque o nosso estado está precisando muito dessa união em favor do seu futuro”.
“DEM e PSDB estavam no palanque do PT na eleição de Mossoró”
Ainda sobre o polêmico acordão, Henrique afirmou que, pelo mesmo raciocínio, em Mossoró, o PSD de Robinson e o PT de Fátima contaram com o apoio do PSDB e do DEM na eleição de Francisco José Júnior (PSD). “O prefeito que ganhou teve apoio do PT e do DEM. O deputado Leonardo Nogueira (DEM) estava no palanque do candidato vitorioso. Estava o DEM, estava o PSDB e junto com o PT, e ninguém falou nada”, disse.
Acordos com ampla base partidária, segundo Henrique, ocorrem em todos os níveis e locais. “Na política brasileira a gente tem que ter essa visão que é preciso agregar, somar, mas quem não tem essa capacidade, não tem essa credibilidade, não tem essa confiança, é ficar com esse tipo de colocação”, afirmou. “Isso que acontece no Rio Grande do Norte acontece com a presidenta Dilma, com Eduardo Campos em Pernambuco. É natural você ampliar sua base, para ter apoio, sustentação política”, declarou.
DEBATE
Nesse sentido, o peemedebista propõe ao vice-governador Robinson Faria um debate qualificado em torno de propostas para as eleições deste ano. “Vai chegar a hora de ter esse debate e eu asseguro ao Rio Grande do Norte que será um debate de altíssimo nível. O vice-governador Robinson tem o meu respeito, a minha amizade pessoal. Conheço a sua história, ele conhece a nossa. Portanto quem pensar em radicalizar, em querer agredir, eu acho que vai encontrar as portas fechadas no PMDB. O que o estado quer não é isso. É debater, é discutir, é montar propostas. É mostrar aquilo que poderá fazer e poderá ajudar o estado a sair da situação em que está”.
Henrique admitiu que foi um político radical, mas que aprendeu e mudou, agora defendendo a união. “Eu até assumo no passado que para sobreviver eu fui radical em muitas posições. Mas eu aprendi que não cabe mais isso. É hora de unir. Aí sim, radicalizar em torno de um projeto, você ter uma proposta. E todos assumem o compromisso”.
Sobre sua candidatura, Henrique disse que se tratou não de um projeto pessoal, mas de uma convocação do PMDB e outros partidos. “Comecei pelo meu partido, passamos quase dois meses, todo sábado, todo domingo, na sede do PMDB ouvindo representações dos municípios, e ficou clara a posição do partido por essa convocação à nossa candidatura a governador. Depois de ouvir o PMDB, fui ouvir outros partidos também e eles foram apelando e essa convocação se tornou uma convocação mesmo, para que nós pudéssemos nesse momento ser candidato a governador”.
Em relação ao governo Rosalba, Henrique disse que tentou ajudar, propondo até um conselho político, que se reuniria todo mês para avaliar erros, acertos, projetos e o planejamento. “Tentamos, mas não conseguimos. Não nos reunimos sequer uma vez”, recordou. “(O governo de Rosalba) Foi um governo que se fechou, que foi se isolando. E a prova disso é que hoje está praticamente isolado”, declarou.
JOSÉ DIAS
Ao responder o deputado José Dias (PSD), que afirmou que o atual presidente da Câmara desconhecia a falência dos hospitais, Henrique apontou “desinformação ou má fé” do parlamentar estadual. “Eu acho que além de radical a declaração pode ter sido por desinformação ou pode ter sido por má fé também”, disse Henrique, lembrando que dirigentes das instituições de saúde pública do RN, em matéria divulgada na imprensa, mostraram o que ele vem fazendo ao longo do tempo na saúde pública do Rio Grande do Norte.
Como parlamentar, Henrique citou ainda que, ao longo de 44 anos de vida pública, sempre atuou em favor dos interesses do RN, destacando sua atuação em obras como a obra da BR 101 de Natal a Touros, a derrocagem da Pedra da Bicuda, que impedia o acesso de navios de grande calado ao Porto de Natal, Viaduto do Quarto Centenário, no governo Garibaldi, e, por último, o aeroporto internacional de São Gonçalo do Amarante.
Fonte: Jornal de Hoje
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