
Diante da ameaça de sofrer retaliação do grupo da governadora Rosalba Ciarlini, que quer, a todo custo, a candidatura à reeleição da gestora, Agripino tem passado por momentos intensos de apreensão, segundo informam aliados políticos do ex-governador do Rio Grande do Norte e senador no quarto mandato. Presidente nacional do DEM, José Agripino enxerga a candidatura de Rosalba como de alto risco para o futuro da legenda, no Rio Grande do Norte e, com efeito, também no Brasil. Primeiro pela pouca chance de obter êxito, o que, em acontecendo, poria em risco não apenas a perda do mandato de governador do RN, hoje com o DEM, mas, sobretudo, a diminuição da bancada de deputados estaduais na Assembleia Legislativa – atualmente são três – e, principalmente, o fim da representação do DEM na Câmara Federal, com a não reeleição de Felipe – vale lembrar que o DEM potiguar tinha dois deputados federais, mas Betinho Rosado saiu do partido alegando justa causa.
Não tem sido fácil para Agripino lidar com a situação. Aliada política e amigos há mais de quatro décadas, Rosalba e o marido, Carlos Augusto Rosado, consideram-se credores de um gesto de grandeza política de Agripino, porque, quando o senador assumiu a presidência nacional do DEM, coincidiu com o convite que o ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab fez para que Rosalba ingressasse no PSD e assumisse a presidência do partido no RN, a exemplo do que fez com Raimundo Colombo em Santa Catarina – ele era do DEM, e foi para o PSD. Se tivesse aceitado o convite de Kassab, Rosalba passaria a ser de um partido aliado da presidente Dilma Rousseff e teria, portanto, evitado ter de contar com intermediários como Henrique Alves, João Maia e mesmo Garibaldi Filho para ter acesso ao governo. No entanto, Carlos Augusto e Rosalba tiveram um gesto de grandeza. Carlos teria dito: “Eu não vou trocar minha amizade com Zé Agripino de quarenta anos para assumir outro partido. Deixe-nos no DEM mesmo”.
O fato de Rosalba “ter comido o pão que o diabo amassou”, como membro do Democratas, entretanto, não impediu que houvesse incompreensões dos aliados – o próprio Agripino não teria entendido as dificuldades do governo, se afastando da gestão. O tempo passou, Rosalba fez um governo com deficiências, mas chega à hora da reeleição sem que haja um impedimento definitivo para que ela concorra. É neste momento que surge, para além do isolamento político dela, a possibilidade de um acordo com o PMDB e outros partido em que o DEM, traduzido na figura dos seus quatro deputados, tem a chance de garantir essas reeleições, em troca do favor de apoiar a chapa Henrique/Wilma. E é neste contexto que se desenrola a reunião desta segunda-feira.
Procurado para dar entrevista ao Jornal de Hoje, Agripino tem evitado a imprensa. Afirma que só vai falar depois que acontecer o eoncontro partidário. Em parte, a justificativa para não falar é procedente. Como ele tem maioria no diretório, o senador que evitar ficar parecendo que ele quer dizer que vai ganhar a parada contra Rosalba. A reunião do diretório, agendada para as 9h, será na sede do partido, na avenida Amintas Barros. Esperam-se os integrantes até às 9h30. Em seguid fecham-se as portas. A votação será secreta, por causa do Regimento Interno do DEM. Mas quem quiser abrir o voto, tem liberdade para falar por dois minutos até.
Agripino afirma que, como presidente, a reunião é para ouvir o partido. Um grupo do partido, como dito, defende a aliança proporcional, para viabilizar a reeleição dos deputados federal e estaduais – Felipe Maia, José Adécio, Leonardo Nogueira e Getúlio Rego. Outra vertente deseja a candidatura própria, com chapa puro sangue. Expostas as duas posições, por representantes de cada segmento, vai-se à votação. A ideia é que seja um ato técnico. O diretório estadual é o órgão máximo consultivo do partido, formado por figuras emblemáticas que traduzem a opinião legítima do DEM. Como presidente, Agripino irá ouvir. Ele tem dito que não é ele que quer que Rosalba não seja candidata à reeleição. Ele quer que a legenda decida. É aguardar.
Fonte: Jornal de Hoje
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