O fazendeiro Dimar Luiz Ribero, de 37 anos, foi surpreendido com o nascimento de uma bezerra de duas cabeças em São Miguel do Passa Quatro, a 76 km de Goiânia. Desde criança acostumado ao trabalho diário no campo, o homem disse que jamais viu nada parecido. “Eu ajudei na hora do parto. Quando vi as duas cabeças, fiquei muito assustado”, disse.
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O animal nasceu na última segunda-feira (22). Segundo o fazendeiro, durante a madrugada, a vaca pariu um bezerro saudável e sem problemas de formação. No início da tarde, a bezerra com duas cabeças nasceu.
“No início, eu nem achei que fosse sobreviver. Quando nasce algum bezerro com problema, geralmente morre logo depois. Nesse caso, ela sobreviveu por um tempo, a gente deu mamadeira para ela, mas ela acabou morrendo na terça-feira [23] de noite”, disse Dimar. O outro bezerro continua saudável, se alimentando e se desenvolvendo normalmente.
Ainda segundo o fazendeiro, a bezerra de duas cabeças chamou a atenção de todos os amigos, familiares e vizinhos, que foram até a propriedade conhecer o animal. “Todos acharam curioso que o que uma cabeça fazia a outra fazia também. A respiração era sincronizada e quando você dava mamadeira para uma das cabeças, a outra imitava o movimento da boca. É como se tivesse um cérebro só comandando as duas”, relatou espantado o fazendeiro.
Caso raro
O professor da disciplina de Reprodução Animal da Escola de Veterinária da Universidade Federal de Goiás (UFG) e presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária de Goiás (CRMV-GO), Benedito Dias de Oliveira Filho, disse ao G1 que o caso registrado em São Miguel do Passa Quatro é raro. “Diria que é duplamente raro, pois primeiro tem a questão da gestação de gêmeos, que acontece apenas em menos de 5% dos partos de bovinos. Depois, pela questão de um dos bezerros ter duas cabeças, o que mostra que se tudo tivesse dado certo, a gestação seria de três indivíduos”.
Ele explicou que, normalmente, a vaca libera apenas um óvulo por ciclo, mas existem casos em que existe a dupla ovulação. Isso possibilita a gestação de gêmeos bivitelínicos, ou seja, cada um formado a partir de um óvulo fecundado. “Nesses casos, assim como nos humanos, os indivíduos podem ter sexo e características diferentes”.
Segundo o professor, no caso em específico, houve o registro de gestação univitelínica. “Isso é comprovado pelo bezerro de duas cabeças, já que, na verdade, ele é resultado de um óvulo que se dividiu em dois, mas, por algum motivo desconhecido, deixou de fazer a divisão celular no meio do processo e acabou ficando com duas cabeças em um corpo só. Se tudo tivesse ocorrido sem problemas, seriam dois bezerros com características semelhantes, mesma pelagem, resultantes da mesma carga genética”, afirma.
Bendito ressaltou que os animais com má-formação não costumam sobreviver por muito tempo. “Depende do caso e até existem relatos de bichos que viveram por um período maior. Mas, no geral, são questões de horas de vida. O interessante é que isso não significa que a vaca terá problemas semelhantes em gestações futuras. Ela pode ter outros bezerros completamente normais”, concluiu.
Foto: Bezerra de duas cabeças enquanto ainda estavam vivas (Foto: Fernanda Aparecida Siqueira/VC no G1)
* Do G1
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