quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Operação da polícia para apreender DVD pirata termina em confusão e protesto no Alecrim

Foto: José Aldenir
A “Operação Original”, realizada pela da Polícia Civil para apreender mídias piratas no bairro do Alecrim, em Natal, terminou em uma grande confusão na manhã desta terça-feira (23). Revoltados depois que três pessoas foram presas, camelôs que trabalham no local tocaram fogo em pneus e pedaços de pau e interditaram duas vias. Com isso, um grande congestionamento foi formado, lojas foram fechadas e a Polícia Militar teve que intervir.

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A ação da PC começou por volta das 9h, nos camelôs que ficam na rua Amaro Barreto e nas avenidas Coronel Estevam e  Presidente Bandeira. Já no início os comerciantes ficaram nervosos, principalmente com a ação da Guarda Municipal, que estava dando apoio à PC na ação, que contou com mais de 50 homens. Mas a insatisfação ficou maior depois que três pessoas que estavam vendendo mídias piratas foram detidas (irão responder criminalmente por violação de direitos autorais). Alguns vendedores se uniram e começaram a protestar, tocando fogo em pneus e interditando a avenida Coronel Estavam.
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A Polícia Militar chegou pouco tempo depois e a correria foi grande. Quando o Corpo de Bombeiros apareceu, algumas pessoas tentaram impedir que o fogo fosse apagado e mais uma vez a PM precisou agir. Quando a situação parecia controlada, os manifestantes se dirigiram para a rua Amaro Barreto e mais uma vez tocaram fogo em objetos e interditaram a via. Foi nesse momento que a situação ficou mais tensa. Duas pessoas foram presas, segunda a polícia, por “queimarem objetos, interditarem via pública e jogarem pedras contra os policiais”. Com a chegada do Batalhão de Choque da PM (BPChoque), a situação se acalmou e as vias foram completamente liberadas por volta das 11h30.
José de Anchieta, representante dos camelôs da região, se mostrou revoltado com toda a situação. “É um absurdo essa situação. Estamos revoltados principalmente com a ação da Guarda Municipal, que é completamente despreparada para agir nessas situações. Prenderam uma mulher de 60 anos, que depende disso. Como ela vai sustentar a família? Sabemos que a venda de mídias piratas é ilegal, mas não é assim que se resolve. É preciso educar o povo para que a população não precise ter esse tipo de trabalho para se manter. Se as pessoas tivessem condições de trabalhar com outras coisas, elas não estariam aqui”, reclamou.
Anchieta também confirmou que caso novas operações como a que aconteceu nesta terça sejam feitas, novos protestos também acontecerão. “Fizemos esse protesto para chamar atenção mesmo. Foi um absurdo o que foi feito hoje. Não vamos aceitar essa situação. Se for preciso, iremos protestar novamente para que isso não aconteça”.
O major Antônio Marinho, comandante da PM da área, reclamou que não foi avisado pela Polícia Civil sobre a operação. “Eu não estava sabendo de nada. Quando me ligaram falando da confusão, eu fiquei até surpreso. Para fazer a operação a PM não foi acionada, apenas na hora da confusão que nos chamaram. Isso não pode acontecer. É preciso haver uma integração entre as polícias para que situações como essa não aconteçam”, destacou.
Comerciantes e população no prejuízo
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Durante o protesto, diversos comerciantes decidiram fechar as lojas com medo de que pudessem ter um prejuízo maior do que já estavam tendo. “Achei melhor fechar a loja para que não houvesse nenhum dano material por aqui. De repente a situação foge do controle e algum objeto atinge a loja, então é melhor prevenir. Já estamos tendo prejuízo, já que com a manifestação ninguém está comprando, pois a população fica com medo. Então é melhor evitar uma situação pior”, afirmou o gerente de um estabelecimento que não quis se identificar.
Maria Antônia, que estava no Alecrim junto com a filha de sete anos para fazer compras, estava assustada com toda a situação. “Eu estava olhando os produtos quando começou a correria. A polícia levando as pessoas presas, outras pessoas tentando impedir e eu e minha filha no meio de toda essa confusão. Vou deixar as compras para depois, pois aqui não tem como ficar mais”.
Já João Henrique, que estava indo de carro para o centro e ficou preso no congestionamento, lamentou todo o ocorrido. “Eu tinha tirado a manhã para resolver algumas coisas e fui surpreendido com toda essa confusão. É uma pena, pois as pessoas estão tentando tirar o sustento da família. Ninguém ali é bandido. Eu já trabalhei como camelô e sei que a situação é bem complicada”.
Polícia promete novas ações no Alecrim
Mesmo depois de toda a confusão, o delegado titular da Delegacia de Defraudações e Falsificações (DEDF), Júlio Costa, afirmou que, em no máximo 15 dias, uma nova operação para apreender produtos piratas será feita no Alecrim. “Nós vamos para cima mesmo. Vamos combater a pirataria. Nós não temos a intenção de prender ninguém. Queremos apenas que a população pare de vender produtos piratas, pois isso é crime. Já estamos avisando que faremos outras operações exatamente para que as pessoas parem de vender”.
Mesmo sabendo que pode ser presa, Cely Bezerra afirmou que não deixará de trabalhar com produtos piratas. “Nós só temos isso aqui para viver. Vamos continuar trabalhando. A polícia tem que se preocupar em prender bandido de verdade, que estão roubando ônibus e restaurantes e não comerciantes que estão trabalhando para viver”.
Na operação desta terça, a Polícia Civil apreendeu uma média de 5 mil cd´s e dvd´s piratas. A “Original” já conseguiu tirar de circulação, em apenas dois meses, 95 mil mídias de som e de imagem que são cópias das originais. A Polícia Civil agora trabalha para identificar os fornecedores dos produtos. “Estamos combatendo não só cd’s e dvd’s, mas todos os tipos de produtos piratas e falsificados. Estamos avançando nas investigações para saber quem está fornecendo e como o produto está entrando em no Estado. Já temos algumas pistas”, frisou Júlio Costa.
Foto: José Aldenir
Fonte: Jornal de Hoje

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