quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Médico gasta 3 minutos em diagnóstico e 10 para convencer paciente a votar

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Arlette Fleury Teixeira, de 89 anos, entrou no consultório do seu oftalmologista, em Belo Horizonte (MG), para uma corriqueira consulta. Mas após três minutos de diagnóstico, a aposentada viu a sala em que estava se tornar um palanque político. Irritada e insatisfeita com a velocidade do atendimento, ela se encaminhava para deixar o consultório quando ouviu: “A senhora vai votar em quem, dona Arlette? Dilma ou Aécio?”. A pergunta deu início a um período de 10 minutos de argumentação. “Até avisei que já não voto há anos só para ele parar”, relata Arlette.

Com dificuldade na fala, a idosa, que já não é obrigada pela Justiça Eleitoral a ir às urnas por ter mais de 70 anos, define o encontro como “muito esquisito” e esclarece que nunca discutiu política com o médico em outras consultas. “Ele passava as letras tão depressa. Eu não tinha tempo para ler o que estava na minha frente”, reclama. O depoimento de Arlette, no entanto, é o exemplo claro do inédito engajamento da classe médica nas eleições presidenciais, em grande parte a favor do candidato do PSDB, Aécio Neves.
As manifestações dos profissionais da saúde nas eleições eclodiram nas redes sociais. No Facebook, por exemplo, a velha polarização PT versus PSDB ganhou forma com a criação das páginas Médicos com Aécio e Médicos com Dilma, com 33 mil e 13 mil curtidas, respectivamente. A primeira chega a ser usada como vitrine com fotos de médicos e estudantes de medicina, que decoram os tradicionais jalecos brancos e roupas cirúrgicas com adesivos pró-tucano no ambiente de trabalho. 
Trazer o assunto eleitoral aos corredores das clínicas e hospitais (públicos ou privados) pode gerar desconforto nos pacientes, que não necessariamente compartilham a posição política do médico, muito menos procuram um pronto-socorro com a intenção de debater as eleições presidenciais. A prática é defendida, no entanto, pela cardiologista C., fundadora a páginaMédicos com Aécio, que pediu para não ter o nome revelado por medo de perseguição eleitoral. Segundo ela, médicos são eleitores comuns e querem se manifestar.
“O pessoal está usando adesivos, bótons e faixas nas grandes cidades, onde o médico é um na multidão. O médica, o técnico de enfermagem, o fisioterapeuta é um cidadão, um eleitor normal. Ele vai usar [adesivos] aonde? Se for assim uma pessoa que trabalha na biblioteca não poderia usar. O hospital é imaculado?”, questiona C., que atua na rede do Sistema Único de Saúde (SUS) do Mato Grosso do Sul. 
Fonte: Jornal de Hoje via iG

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