sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Quadrilha usava carro adaptado para confrontos e arma que derruba avião

Carro usado pela quadrilha em Aguaí era adaptado para possíveis confrontos com a polícia (Foto: Paulo Chiari / EPTV)
Carro usado pela quadrilha era adaptado para possíveis confrontos com a polícia (Foto: Paulo Chiari / EPTV)
* G1 - Coletes e capacetes à prova de balas, carro blindado adaptado para atirar por vidro traseiro e arma com calibre ponto 50, que pode derrubar até um avião, são alguns dos indícios da alta especialização da quadrilha que tentou assaltar na quinta-feira (30) dois carros-fortes em Aguaí (SP) que seguiam para Poços de Caldas (MG), segundo a Polícia Civil. Um policial militar de 45 anos morreu após uma troca de tiros com os suspeitos. Um áudio divulgado pela PM mostra o pedido de socorro dos PMs para socorrer a vítima. O delegado seccional de São João da Boa Vista, Sebastião Antônio Mayriques, também vê semelhanças dos ataques com os ocorridos em Araras, em 2013, e em Itatiba, neste ano. Por enquanto, ninguém foi preso.



Segundo Mayriques, o ataque foi planejado e os suspeitos já tinham alternativas para o caso de não conseguirem levar o dinheiro. "Essa quadrilha estava com roupas camufladas, com coletes à prova de balas, capacetes, todo tipo de acessório necessário para dar segurança física. Houve um prévio planejamento dessa ação, em caso de fuga com ou sem sucesso", afirmou.
O armamento usado também chamou a atenção do delegado. "O armamento é de grosso calibre, de uso exclusivo do exército. A munição de calibre ponto 50, que tem poder de derrubar até aviões, munição de calibre 762, que acreditamos que tenha sido usada para matar o policial militar. Um armamento usado por quadrilhas de grande especialização", disse.
O carro abandonado pelos suspeitos, uma Mercedes preta, era blindado e adaptado para possíveis confrontos. "O buraco no vidro traseiro permite que o atirador tenha ampla visibilidade. Ele foi preparado para efetuar disparos  por pessoa que se encontre em seu interior. Preparada para atirar contra todas as pessoas que vierem em sua direção", explicou o delegado.

Munições de grosso calibre foram apreendidas pela Polícia Civil em Aguaí (Foto: Paulo Chiari / EPTV)
Munições de grosso calibre foram apreendidas pela
Polícia Civil em Aguaí (Foto: Paulo Chiari / EPTV)


A Polícia Civil abriu inquérito e já começou a ouvir testemunhas. O delegado não descarta a relação entre outros crimes cometidos em São Paulo já que a ação foi semelhantes.


"O tipo de munição, a forma de agir, mas a investigação não partirá da premissa de que as mesmas pessoas que fizeram aquelas ações foram as que realizaram em Aguaí. Nós partimos do fato até os marginais, mas não podemos desprezar informações de fatos semelhantes que ocorreram em outros locais", explicou.


O crime


A tentativa de assalto a dois carros-fortes aconteceu no km 200 da Rodovia Doutor Adhemar Pereira de Barros (SP-340), entreAguaí e Casa Branca (SP), na manhã desta quinta-feira (30).

Os veículos blindados seguiam de Campinas (SP) para Poços de Caldas (MG). Segundo a Polícia Rodoviária, pelo menos 12 suspeitos, em quatro carros, participaram da ação. Uma parte do grupo abordou um dos carros-fortes próximo ao trevo que de acesso a São João da Boa Vista.
Eles atiraram no veículo e feriram um funcionário da empresa de transporte de valores. Ele está internado na Unidade de Terapia Intensiva da Santa Casa de São João da Boa Vista e o estado de saúde dele não foi divulgado.
Os suspeitos usaram explosivos de pedreiras para destruir o cofre. Apenas um detonou, mas o sistema de segurança bloqueou o acesso ao dinheiro e eles não conseguiram levar nada.


Troca de tiros


O motorista do segundo carro-forte voltou pela contramão e foi seguido por um veículo da quadrilha. Cerca de 2 quilômetros depois, parou na base da Polícia Rodoviária, onde os bandidos atiraram granadas e trocaram tiros com os seguranças da empresa e com o policial, que ficou ferido na região da cintura. Ele passa bem.

 Enquanto isso, quatro homens com fuzis, que estavam em um carro vigiando a estrada, atiraram contra 3 viaturas da PM que foram atender a ocorrência. O cabo Alaor Branco Júnior de 45 anos foi baleado na cabeça. Ele foi levado para o Pronto-Socorro de Aguaí, mas morreu. Outros policiais foram atingidos por estilhaços de vidro, mas não se feriram com gravidade.
O helicóptero Águia da Polícia Militar auxiliou nas buscas dos suspeitos, mas eles não foram encontrados. Antes de fugir, a quadrilha ateou fogo em um dos carros. Um carro usado na ação foi abandonado na Rodovia Deputado Ciro Albuquerque (SP-225), que liga Aguaí a Pirassununga. Foram encontradas muitas munições de fuzil de grosso calibre, capazes de furar até blindados.Também havia uma marreta, um pé de cabra, facão, alicate, carregadores e R$ 250 em moedas de 5 centavos.
O Esquadrão de Bombas veio de São Paulo para detonar cinco explosivos que ainda estavam do lado do primeiro carro-forte atingido. Um quilômetro da rodovia precisou ser interditado para que pudesse ser feita a detonação.

Policial militar Alaor Branco Júnior morto em Aguaí (Foto: Reprodução/Facebook)
Policial militar Alaor Branco Júnior morto em
Aguaí (Foto: Reprodução/Facebook)


Comoção

A morte do policial militar Alaor Branco Júnior gerou comoção nas redes sociais em Aguaí (SP). Natural de Santos (SP), o cabo estava na corporação há 24 anos e 9 meses e deixou esposa e dois filhos, segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP).

No seu perfil no Facebook, o policial recebeu diversas homenagens de amigos e parentes. "Guerreiro, sua alegria será inesquecível, sua determinação será um legado para aqueles que ficam, a lembrança de um herói na vida de cada um de seus familiares e amigos, companheiro", dizia uma postagem.
Dezenas de perfis mudaram as fotos com mensagens de luto. Amigos também postaram fotos do policial em momentos de descontração. "Não importa se estava fardado ou à paisana, sempre foi uma ótima pessoa para lidar, muito divertido, responsável, enfim, uma pessoa marcante! Uma amizade que surgiu no primeiro contato, e onde o respeito sempre prevaleceu", afirmava outra postagem.
A SSP divulgou uma nota lamentando a morte do policial. O corpo será velado na Câmara de Vereadores de Aguaí. Na sexta-feira (31), às 9h, ele será levado em um caminhão do Corpo de Bombeiros até o Cemitério Municipal, onde será enterrado. Haverá ainda a última homenagem da corporação com as honras fúnebres. O G1 não conseguiu contato com a família do policial para comentar o assunto.
Ação contra carros-fortes aconteceu na SP-340 em Aguaí (Foto: Agalmo Mouro Filho/Correio de Aguaí)Ação contra carros-fortes aconteceu na SP-340 em Aguaí (Foto: Agalmo Mouro Filho/Correio de Aguaí)

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