segunda-feira, 6 de abril de 2015

Pacientes do Hospital Walfredo Gurgel sofrem com superlotação


Finalizando a série de reportagens sobre as condições de alguns hospitais regionais no Rio Grande do Norte, a equipe Nominuto.com encerra as visitas, às principais unidades, acompanhando a situação do Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel.
Ao percorrer as dependências do maior hospital do Estado, é possível encontrar casos e histórias que ilustram o drama de quem necessita do atendimento do complexo hospitalar. A equipe se deparou com a conhecida prática de parentes precisarem fornecer materiais para as pessoas internadas, denúncias de falta de leitos e pacientes espalhados pelos corredores.
Aguardando a vez para visitar o marido, a dona de casa Maria Rosângela conta que desde a internação do esposo, depois de um acidente com motocicleta há 16 dias, que tem trazido alguns produtos para o hospital. “Já trouxe um colchão especial de casca de ovo, óleo de girassol, material de limpeza e principalmente fraldas”. Maria conta que não é a única. “Vejo outras pessoas trazendo também”, confirma.
Com um pacote de fraldas na mão, um homem que não quis se identificar revelou que iria entregar o produto para mãe que foi vítima de um Acidente Vascular Cerebral (AVC) e estava internada há 40 dias. Residente na cidade de Monte das Gameleiras, o homem disse que pelo menos uma vez por semana vem a Natal deixar o produto geriátrico. “É um hospital público, mas não podemos esperar. Estou trazendo para dar conforto à minha mãe”, reclama.
PERSON-H
O representante comercial, Alvanir Fernandes, afirmou estar revoltado com a situação do padrasto, que mesmo com determinação judicial não foi internado em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI). “No dia 3 meu padrasto sofreu um AVC em casa, chamaram o SAMU e deram entrada no Hospital dos Pescadores. Assim que chegou, o médico viu que o caso era grave, fizeram o possível por ele, mas não era o lugar adequado. Conseguimos dois mandados judiciais para removê-lo para uma UTI e chegamos aqui no Walfredo e ele ainda não está na UTI. Ele está no Politrauma e até agora nada. Um descaso total”, desabafou.
A diretora geral do hospital, Maria de Fátima Pereira, reconhece os problemas do hospital e atribui à quantidades de pacientes elevada para a demanda suportada pelo hospital. “Todo mundo sabe da superlotação deste hospital. Corredor nunca foi local onde se interna as pessoas. Está errado. Não deveria ter maca, nem corredor. As pessoas deveriam vir aqui para ficar em leitos. Mas como esse é o único hospital que recebe o trauma do Estado e todos os doentes graves, então temos 284 leitos e trabalhamos com 400 pessoas neste hospital”, explica.
DIRETORA-A diretora explica ainda que o hospital recebe pacientes de todo o Estado, dessa forma ocorre uma sobrecarga na unidade e espera que a secretaria municipal de saúde da capital crie um hospital para receber os pacientes de Natal. “70% dos pacientes internados são das cidades do interior, enquanto que 30% é da capital. Natal tem uma deficiência, não tem um hospital. Existe uma promessa do novo secretário de saúde municipal, doutor Luiz Roberto, e eu acredito que ele vá cumprir. Isso vai ser muito bom para o Walfredo Gurgel”, disse Maria de Fátima.
A diretora espera também que com a proposta da Secretaria de Saúde Pública (Sesap) de regionalização da saúde nos municípios reflita em uma menor procura pelo Hospital Walfredo Gurgel e consequentemente diminua a sobrecarga. “O novo secretário de saúde, o doutor Lagreca tem reunido os diretores para que nas regiões tenha um pouco de resolutividade para diminuir essa sobrecarga. Então acredito se fizer, vai melhor a assitência do Walfredo Gurgel”, explica Maria de Fátima.
Durante o fechamento desta matéria, a equipe Nominuto.com recebeu a informação de que o homem que aguardava um leito em uma UTI, não resistiu e faleceu no final da tarde de hoje (6).
*3ª foto - Crédito: assessoria   
* Portal No Minuto

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