sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Rio de Janeiro luta contra explosões de bueiros


Rio de Janeiro luta contra explosões de bueiros

Rio de Janeiro – David McLaughlin estava encantado por estar no Brasil. Ele havia chegado da Universidade Estadual de Ohio com uma bolsa para pesquisar o hip-hop brasileiro, com a esposa, Sarah Lowry, uma estudiosa de literatura russa. Os estudantes de pós-graduação, recém-casados, saíram para procurar um apartamento no bairro de Copacabana, de frente para o mar.

Então, enquanto atravessavam uma movimentada avenida, o asfalto sob seus pés começou a tremer. Uma bola de fogo surgiu repentinamente de um bueiro, envolvendo Sarah em chamas. David saltou sobre ela e apagou o fogo. Mas Sarah teve queimaduras em 80 por cento do corpo, e passou 70 dias num hospital local. David teve 35 por cento do corpo queimado.
"A explosão foi uma das experiências mais traumáticas que posso imaginar", declarou David, de 34 anos, numa entrevista por telefone de Nova York, onde ele hoje mora com a esposa. "Quase três anos depois, a recuperação fica mais difícil a cada vez que ouvimos sobre uma nova explosão nas ruas do Rio."
Desde 2010, explosões de bueiros aqui já quebraram janelas, amassaram carros e feriram transeuntes. Uma explosão em 2012 matou um operário no porto do Rio. Embora o número de explosões tenha diminuído, a cidade foi novamente agitada em dezembro, quando um bueiro explodiu atrás do Copacabana Palace, a gema neoclássica que é indubitavelmente o hotel mais luxuoso do Rio. Um motociclista escapou por pouco da explosão, filmando com o celular enquanto sua moto ardia em chamas.
Essas explosões não são exclusivas do Rio. De fato, especialistas em engenharia dizem que poucas grandes cidades estão imunes. Gases de inúmeras fontes podem se acumular no subsolo. Cabos elétricos, muitas vezes passando pelos mesmos canos, podem se desfazer com o tempo, produzindo uma fagulha que pode desencadear uma explosão – criando fogo e lançando tampas de bueiros de 50 quilos para o alto.
Mas Moacyr Duarte, um experiente pesquisador da infraestrutura da cidade na Universidade Federal do Rio de Janeiro, afirmou que as dezenas de explosões daqui, muitas vezes ocorrendo em áreas densamente povoadas, haviam "claramente ultrapassado o que seria estatisticamente razoável", antes do recente declínio.
As explosões deixaram os cariocas no limite, e o problema indica o problema mais amplo de uma infraestrutura dilapidada, mesmo enquanto o Rio ressurge de um longo declínio econômico.

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