sexta-feira, 25 de julho de 2014

Política no RN: “Não temos medo, de maneira nenhuma, de perder de novo para Wilma de Faria”

FATIMAS
Insinuação de um lado, insinuação do outro. Enquanto a candidata do PSB, Wilma de Faria, ao Senado Federal, insinuou que a adversária, candidata pelo PT, Fátima Bezerra, estaria usando a máquina pública federal para se beneficiar politicamente, a petista ressaltou sua conduta ética e honesta, o que pode ser encarada como uma insinuação para a ex-governadora e atual vice-prefeita, que foi envolvida em vários escândalos durante suas gestões públicas.

É bem verdade, entretanto, que na entrevista concedida ao Jornal Verdade, da REDE TV RN, Fátima ficou só no campo da insinuação quando falou de Wilma. Afinal, não respondeu nenhuma vez as perguntas feitas sobre os comentários da adversária. “Deixe o povo fazer essa avaliação”, repetiu ela, concordando, entretanto, que se a acusam de usar a máquina federal para obter benefício eleitoral, o mesmo pode ser atribuído ao aliado wilmista, Henrique Alves, candidato ao Governo pelo PMDB.
Excluindo “Wilma” do tema da entrevista, sobrou bastante tempo para Fátima falar de suas propostas para o Senado Federal e, se dizendo “a cara da educação”, prometeu fazer ainda mais pelo setor e, ainda, pela segurança, pela saúde e pela geração de empregos. “Se tem uma coisa que eu não sou, sem falsa modéstia, é uma deputada preguiçosa, omissa”, ressaltou.
Por fim, Fátima também foi questionada sobre dois assuntos polêmicos: o Mensalão do PT e o apoio da governadora Rosalba Ciarlini (DEM) a sua candidatura. Com relação a Ação Penal 470, Fátima se limitou a dizer que o caixa 2 é uma prática “condenável”. Já a respeito do apoio, a petista descartou e ressaltou a ligação do partido de Rosalba com a chapa de Henrique e Wilma.
Leia a entrevista completa com a candidata ao Senado Federal, Fátima Bezerra:
Jornal Verdade: A senhora exerce mandatos no legislativo. Já tentou o executivo, mas não teve êxito. Acha que uma candidatura ao Senado, neste cenário atual, é favorável?
Fátima Bezerra: Eu estou muito confiante. Na verdade, acho que é isso mesmo. Nós temos um cenário favorável até porque essa candidatura ao Senado não é um projeto pessoal, de Fátima. Vocês são jornalistas e sabem que esse projeto nasceu há dois anos. O fato é que, desde 2012, vem acontecendo um movimento crescente de incentivo, de apoios a nossa candidatura ao Senado e culminou agora, atendendo a convocação do nosso partido, em aliança com o PSD, tendo candidato a governador Robinson Faria. E o fato é que acho que há um cenário favorável sim à medida que está patente o sentimento de renovação hoje junto a maioria do eleitorado norte-rio-grandense. Há um sentimento de renovação e isso, aliado a exigência do perfil, do preparo. O perfil que eu falo é conduta ética, mãos limpas, passado limpo. Zelo com o recurso público…
JV: A senhora está fazendo essa comparação com a sua principal adversária, Wilma de Faria?
FB: Não, não estou fazendo comparação. A mim não cabe fazer comparação. A quem cabe fazer comparação é o eleitor, é o povo. Eu estou falando da minha história, do meu perfil. Estou falando, exatamente, daquilo que, inclusive, que as pesquisas qualitativas têm mostrado claramente. Na verdade, tem esse sentimento de renovação, mas esse sentimento de renovação associado ao perfil ético, honesto, de compromisso e preparo. E nesse aspecto do preparo eu quero dizer que, sem falsa modéstia, eu me sinto em condições, com dois mandatos de deputada estadual e três mandatos de deputada federal. Duas vezes, inclusive, o povo do Rio Grande do Norte me fez a deputada federal mais votada deste Estado. Significa, sem dúvida nenhum, que o mandato da deputada Fátima Bezerra correspondeu a confiança do povo potiguar com trabalho, muito trabalho. Então, é com essa experiência de um passado e um presente de honestidade e ética e fazendo política com dignidade e honradez, que estou me colocando para a disputa pelo Senado com o desejo de fazer mais, trabalhar mais.
JV: Candidata, a senhora aparece nas pesquisas sempre em segundo lugar ou em empate técnico com Wilma de Faria. Qual é a grande diferença entre Fátima e Wilma?
FB: Olha, quem cabe fazer é, exatamente, o eleitor. O que eu posso dizer é, primeiro, de onde eu venho. Eu sou uma professora. Migrante de uma família humilde, honesta. Cheguei à política não pela via tradicional. Não entrei na política porque tinha família tradicional, porque tinha sobrenome tradicional. Não entrei na política amparada pelo poder econômico. O fato é que, sem dúvida nenhuma, foi extremamente desafiador, em 2002, nós termos quebrado o paradigma que, até então, a representação que o Rio Grande do Norte tem direito na Câmara Federal, de apenas oito vagas, eu fui a primeira a ser eleita com o perfil e a origem social diferente, quebrando aquele circulo. Até então, só se elegia deputado federal aqui no RN aqueles com sobrenome tradicional, como Alves, Maias e Rosados, ou aqueles que tivessem poder econômico.
JV: Mas, mesmo a senhora com essa história, a sua adversária a derrotou duas vezes. Como ser diferente desta vez?
FB: É, mas ali eram disputas pelo Executivo, sem dúvida… Nós não tememos de maneira nenhuma que isso se repita. Agora, cabe a população julgar. Acho que o meu perfil tem bastante diferença. Mas não sou eu quem vai fazer esse julgamento. Quem vai fazer é o povo. Eu não sou oriunda das oligarquias e não falo isso de maneira pejorativa. Falo isso por uma constatação social. E fazendo um mandato de muita ética, de muita honestidade e, até hoje, nunca ter dado um voto que possa ter envergonhado o povo do nosso Estado.
JV: Se eleita, qual vai ser a sua bandeira no Senado Federal?
FB: Minha cara é a cara da educação e eu tenho muito orgulho de, enquanto deputada federal, enquanto professora, junto ao presidente Lula e agora a presidenta Dilma, ter dado uma contribuição decisiva, eu diria, para a maior conquista que o Rio grande do Norte teve nesses últimos 12 anos que foi a expansão da educação profissional. Eram apenas duas escolas técnicas, hoje são 19 e chegaremos a 21 porque Lajes e Parelhas serão entregues. Outra grande contribuição nossa foi no campo de ampliar o ensino superior. Está aí a Universidade Federal do RN, que ampliou consideravelmente a sua oferta de vagas, triplicou o número de estudantes. Hoje a UFRN está chegando com medicina em Caicó. A UFERSA vai chegar, exatamente, a Assu. Nós vamos dar continuidade a agenda da educação, implementar o plano estadual de Educação, se Deus quiser, com o futuro governador Robinson Faria. Agora, nós queremos adentrar fortemente no tema da segurança, no tema da saúde e do desenvolvimento e da questão do emprego.

JV: Deputada, a senhora falou tudo isso, mas a senhora nem é ministra da Educação, nem é presidente da República. Como a senhora trouxe tudo isso, agora trazendo para uma crítica feita pela sua adversária Wilma, que a acusou de usar a máquina pública federal?
FB: Cada qual faz a campanha do jeito que achar melhor. Eu vou fazer a campanha prestando contas sobre o meu mandato, mostrar minha história de passado e presente honestos, e falando do meu trabalho. Vou dizer uma coisa: enquanto tiver sendo criticada por estar trabalhando…

JV: A senhora acha que essa crítica serve também para o candidato a governador, Henrique Alves, que fala a respeito da atração de recursos…
FB: Pois é. Se for por aí, o seu raciocínio tem lógica. Mas aí cabe a população avaliar. Eu vou continuar minha campanha desse jeito. Militante, propositiva… Eu tenho muito orgulho de, enquanto deputada federal do PT… Olha, a área da educação é uma área que eu conheço e ajudei a formular essas políticas. Quando eu tive a honra de ser a relatora do FUNDEB, é uma política de financiamento que agora cuidou da creche até o ensino médio, eu enquanto legisladora estava contribuindo para que agora nós tivemos o Pró-Infância, que agora está contribuindo para a construção de 220 creches para o RN. Só em Natal agora virão mais de 20 creches. O Pronatec também veio. Foi aprovado em seis meses quando eu presidi a comissão de Educação e Cultura. O que se trata é o seguinte: que cada um faça o seu papel. E eu estou fazendo o meu enquanto agente político, enquanto deputada. Se tem uma coisa que eu não sou, sem falsa modéstia, é uma deputada preguiçosa, omissa. Eu gosto de trabalhar e é por isso que eu quero ser senadora. A expansão da Educação profissional e eu tenho que aqui render homenagem ao professor Belchior e a toda a equipe, mas o RN sabe inteiro do papel decisivo que eu tive para que o Estado crescesse nessa área.

JV: Deputada, a senhora falou bastante em ética e não tem nada que a gente saiba que desabone a sua conduta, mas seu partido foi alvo do Mensalão e como a senhora, defensora da ética, foi visitar os que foram presos na cadeia e ainda juntou dinheiro para pagar a multa deles?
FB: Bem, primeiro você está falando da ação penal 470, um processo que já foi julgado e condenado, com o cumprimento de pena. Alias, o PT não tem medo de investigação de maneira nenhuma. Muito pelo contrário. Se tem um governo que mais investigou, que mais combateu a corrupção foi, exatamente, o PT. Foi o período que a Polícia Federal mais trabalhou de forma desassombrada, a Controladoria Geral da União… No governo do PT não teve engavetador geral da União. Muito pelo contrário, a CGU atuou com muita isenção… Mas isso aí é passado.

JV: Mas a senhora contribuiu e fez campanha para os presos…
FB: Mas aí é uma questão de solidariedade. O fato é que foram julgados, tem o cumprimento de pena…

JV: Então, o Mensalão existiu?
FB: Não vou discutir isso. Vocês da imprensa sabem que foi a questão do Caixa 2, prática condenável, sem dúvida nenhuma. E espero, inclusive, que disso tudo a gente avance no tema da reforma política.

JV: A governadora já sinalizou e alguns aliados a ela já declararam apoio a senhora e a Robinson. Esse apoio é visto com bons olhos?
FB: A governadora não declarou posição nenhuma. O fato é que o partido dela, o DEM, é nosso adversário e está junto ao PSB, junto ao PMDB. O DEM, inclusive, cujo presidente (José Agripino) é o coordenador-geral da campanha do candidato tucano (PSDB, Aécio Neves), que é adversário não só de Dilma, mas também do PMDB, porque o vice é do PMDB.
Fonte: Portal JH

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