segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

NOVA PRESIDÊNCIA: Após desistência de Ricardo Motta, Ezequiel Ferreira é eleito por unanimidade na ALRN

Foto: José Aldenir

O deputado estadual Ezequiel Ferreira de Souza (PMDB) foi eleito, por unanimidade, no início da tarde desta segunda-feira, presidente da Assembleia Legislativa para o biênio 2015/2016. Após várias reuniões entre os próprios deputados, o deputado estadual Ricardo Motta (PROS) retirou sua candidatura e anunciou o voto no peemedebista.

“Essa casa sai maior no dia de hoje. O gesto do presidente Ricardo Motta, de pacificar, em pensar maior, em unir, e ver essa Casa cada vez mais forte, é reconhecido por todos os seus pares. Para mim, hoje é um dia muito especial, pois há exatos 40 anos, meu pai, que aqui está presente, ex-deputado Ezequiel Ferreira de Souza, deixava a Presidência desta Casa”, afirmou Ezequiel, já empossado.
Para os demais cargos da Mesa Diretora, houve disputa apenas para o cargo de segundo secretário, entre os deputados Hermano Morais (PMDB) e Raimundo Fernandes (PROS), com vitória do peemedebista por 13 a 11. O deputado Gustavo Carvalho (PROS) foi eleito primeiro vice-presidente, enquanto José Adécio assumiu a segunda vice-presidência. A primeira secretaria ficou a cargo do deputado novato Galeno Torquato (PSD). A terceira e a quarta secretarias ficaram a cargo dos deputados George Soares (PR) e Carlos Augusto Maia (PC do B), respectivamente.
Para o novo presidente do Legislativo, o entendimento que permitiu a unanimidade na eleição do presidente fortaleceu o Poder. “Tenho obrigação de agradecer a todos os 23 membros desta Casa o gesto de confiança. Acho que a Casa sai fortalecida pelo entendimento. Uma casa plural, onde cada um defende o seu pensamento e ideia, mas onde todos têm a mesma visão de unir suas ideias e pensamentos em defesa do bem comum e do RN”, afirmou Ezequiel.
O peemedebista também agradeceu o gesto do ex-presidente Ricardo Motta, que, segundo ele, “entregou o seu melhor enquanto chefe do poder e saiu grande da presidência da Assembleia, na certeza de que maior que cada um de nós é esta Casa Legislativa”.
UNANIMIDADE
Presidente da Assembleia nos dois últimos biênios, Ricardo Motta retirou sua candidatura para apoiar Ezequiel. A desistência ocorreu após não conseguir os votos necessários para se eleger e depois de diversas tentativas de entendimento com os parlamentares, que buscavam um consenso.
Os nomes dos deputados José Dias (PSD) e Álvaro Dias (PMDB) foram ventilados para serem os candidatos de consenso, mas, após o adiamento da sessão que elegeria o presidente da Casa, ontem, o grupo que apoiava Ezequiel resolveu não mais trabalhar por consenso e manter a candidatura do parlamentar.
Informações de bastidores davam conta de que Ricardo Motta ainda tentou, após retirar a sua candidatura, indicar nomes do seu grupo para os cargos de primeiro e segundo secretários da Casa. No entanto, parlamentares do grupo de Ezequiel não aceitaram, devido o adiamento da sessão.
“Quero, neste momento, dizer que, em nome do RN, em nome do bem estar do povo desta terra, eu retiro a minha candidatura e voto no deputado Ezequiel Ferreira”, anunciou Motta.
GESTO
Para deputados, a posição de Ricardo significou um gesto de grandeza. “O gesto de retirada da candidatura não surpreende os amigos, porque a busca de Ricardo é sempre o melhor pelo RN. E nos tranquiliza a eleição do deputado Ezequiel, num momento em que se precisa de muita sapiência para enfrentarmos a enorme dificuldade política e administrativa por que passa o RN”, declarou o deputado estadual Kelps Lima (SSD).
Apoiador de Motta, José Dias louvou a atitude do ex-presidente. “Aprovo e sou solidário. Mas sabe vossa excelência e meu amigo Ezequiel. Se sua candidatura tivesse um voto, seria o deputado José Dias”, afirmou. “Voto em Ezequiel como se votasse em mim. E acho que a atitude de vossa excelência beneficia esta Casa. Não farei qualquer referência. Amanhã, se tiver oportunidade, terei meu posicionamento político”.
BALANÇO
Ainda no seu pronunciamento, Ricardo Motta fez um balanço das ações do seu mandato como presidente, destacando o primeiro concurso público, a instalação do Procon e do Memorial do Legislativo, as campanhas educativas e o projeto de inclusão de jovens com Síndrome de Down.
“Digo que sempre prezei na presidência desta Casa por uma postura conciliatória, esgotando todas as possibilidades de diálogo sempre. Por isso, preciso e vou honrar minha história, a história da minha família, do meu pai Clovis Motta. Vou igualmente honrar o meu estado, sendo porta-voz dos interesses legítimos do seu povo”, discursou Motta.
DIFICULDADES
Motta ressaltou, ainda, a situação de dificuldade administrativa do RN. Para ele, essa também foi uma das razões que o levaram a retirar sua candidatura em prol da união da Casa. “Quero dizer que, por entender a situação extremamente difícil em que se encontra o RN, pudemos fazer com que aprovássemos, em tempo recorde, graças a compreensão e ao espírito público dos senhores deputados, matérias como o plano de aplicação do empréstimo de R$ 850 milhões, tudo em nome do bem estar do povo do meu estado”, afirmou.
Dias: “Rompi. Me fazer instrumento de traição, não aceito”
O deputado estadual José Dias (PSD), até então cotado para líder do governo Robinson Faria (PSD) na Assembleia Legislativa, confirmou ao Jornal de Hoje, no início desta tarde, que rompeu com o governador do Estado e que, a partir de agora, fará oposição à administração estadual.
O rompimento de José Dias com Robinson, algo inacreditável nos meios políticos até então, ocorre devido à tumultuada sucessão na Presidência da Assembleia Legislativa. Apoiador e avalista do suposto incentivo do governador Robinson Faria à candidatura de Ricardo Motta à Presidência da Casa, José Dias disse que foi feito de “instrumento de traição”. Por isso, rompeu com o governo estadual.
“Rompi. Me fazer instrumento de traição, não aceito”, afirmou ao Jornal de Hoje, ainda antes da votação que definiu a nova Mesa Diretora da Casa. Aliado de primeira hora e tido por “guerreiro” na campanha eleitoral pró-Robinson, José Dias teria gratidão para com o governador, mas, no episódio da mesa diretora da AL, acredita que foi usado como “instrumento de traição”.
Agora, o parlamentar diz que fará oposição ao governo, e mais: que, além de se identificar com a atuação como oposicionista, não irá voltar atrás. “Eu gosto da oposição. (Minha posição) É irreconciliável”, afirmou, acrescentando que ajudará o Estado, e não o governo. “Ajudarei o Estado, o governo, não. Governo não presta”, declarou, dando início, supostamente, ao terceiro governo seguido como oposicionista na Assembleia, após Wilma de Faria (PSB), Rosalba Ciarlini (DEM) e, agora, Robinson Faria.
O rompimento de José Dias com Robinson teria sido informado pelo próprio parlamentar à esposa do governador, Julianne Faria, atual secretária de Trabalho, Habitação e Assistência Social (SETHAS). Mas, José Dias teria comunicado diretamente ao governador sua posição. Correligionário do governador, o parlamentar não informou se pretende deixar o PSD, legenda presidida por Robinson no Estado.
Mudanças de votos impediram a vitória de Ricardo Motta
Nos últimos dias que antecederam a eleição para a Mesa Diretora da Assembleia Legislativa, notícias dos bastidores políticos começaram a dar como ameaçada a reeleição de Ricardo Motta (PROS) e a ascensão de Ezequiel Ferreira (PMDB), mesmo que os eleitores do peemedebista não aparecessem. Era o prenúncio do que muitos aliados de Ricardo Motta classificaram como “traição”, quando vários nomes que já tinham dito, publicamente, que apoiavam a reeleição do atual presidente e, na hora da posse, se colocaram ao lado de Ezequiel.
Talvez o exemplo mais claro dessa situação seja o do deputado Gustavo Fernandes, também do PMDB. Ouvido pel’O Jornal de Hoje na manhã de sexta-feira, dois dias antes do pleito, o parlamentar garantiu o voto em Ricardo Motta. “Já declarei há mais de 10 semanas isso. Está em todo canto”, falou ele, como se fosse improvável qualquer tipo de mudança de opinião e que a palavra já empenhada fosse imutável.
Gustavo Fernandes, inclusive, chegou a revelar que já havia sido procurado pela chapa adversária, mas não havia mudado o voto. No domingo, na hora da posse, porém, chegou ao lado de Ezequiel Ferreira. “Então a minha ideia é sangue novo, uma renovação na Casa. Quatro anos já foi muito tempo, tá bom. Que venha outro presidente”, afirmou Gustavo Fernandes ao blog da jornalista Thaisa Galvão, mostrando uma súbita – e até surpreendente – mudança de entendimento.
Algo parecido fez o deputado Hermano Morais (PMDB). Em dezembro, o parlamentar afirmou: “Ricardo tem feito um bom trabalho, vem conduzindo bem nossa Casa, tem boa relação com os colegas e o perfil ideal para interagir com os demais poderes, o que será fundamental para o Estado”.
Uma semana antes do pleito, ouvido pelo JH, Hermano Morais não garantiu o voto em Ricardo Motta. Disse, apenas, que esperava o consenso na Assembleia Legislativa. A mudança no tom do discurso antecipou a mudança no próprio voto e Hermano fechou com o grupo de Ezequiel, ocupando, inclusive, a segunda secretaria.
Apesar de não haver declarações nesse sentido, também em dezembro, os novos parlamentares Jacó Jácome (PMN) e Disson Lisboa (PSD) também declararam apoio a Ricardo Motta. Eles, porém, também estavam na lista dos eleitores de Ezequiel divulgada na tarde de domingo, antes da posse.
Foto: José Aldenir
Alex Viana
Repórter de Política
* Do O Jornal de Hoje

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