quinta-feira, 9 de abril de 2015

ABACAXI GRANDE: Concursados querem anular exames que reprovaram mais de 500 candidatos a PM no RN

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Depois de toda a repercussão da reprovação de 547 dos 707 candidatos ao concurso da PM que fizeram os exames médicos, a Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte resolveu cobrar explicações da coordenação médica responsável pelo certame. Para os candidatos e o deputado Albert Dickson o melhor caminho é a anulação dos resultados dos exames.
Segundo o deputado, a maioria dos candidatos acabou eliminada nos exames psicológicos e psiquiátricos. Porém, no edital do concurso, que aconteceu em 2005, não constava a necessidade de um exame psicológico. “Como os candidatos podem ser reprovados em exames psicológicos se no edital falava que os candidatos passariam apenas pelos exames psiquiátricos? Está errado. Pode ter certeza que qualquer um que entrar na justiça vai ter o recurso aprovado”.
Ainda de acordo com o deputado, a reprovação de um candidato só poderia acontecer mediante um diagnóstico completo. “É preciso que uma patologia seja diagnosticada. Como é que o candidato vai entrar com um recurso se não sabe o motivo pelo qual ele foi reprovado? Ele precisa saber a patologia, para poder entrar com recurso e contestar que ele não tem aquele problema. Por isso eu digo que os candidatos não entrem com um recurso sem que seja apresentada a patologia pela qual eles foram reprovados. A demanda jurídica vai ser muito grande”.
O coordenador médico do concurso da Polícia Militar, coronel Silvério Monte, foi à Assembleia Legislativa e tentou explicar a situação. Segundo ele, não se pode deixar de lado um exame psicológico para avaliar um futuro policial militar. “Uma avaliação psiquiátrica de 10 minutos não seria suficiente para avaliar as condições de todos os candidatos, por isso pedimos uma avaliação psicológica para auxiliar no processo seletivo. Simplesmente é uma questão técnica. Seria mais interessante ao Estado aproveitar ao máximo essas pessoas. Mas como ficaria alguns anos depois se esses indivíduos tivessem alguma alteração e trouxessem prejuízos materiais e humanos, que são os mais graves? Por isso é necessário ter cautela”, explicou o coronel Silvério.
O coronel também respondeu ao questionamento do deputado Albert Dickson sobre o motivo de tantas reprovações em 2015, enquanto somadas as últimas duas avaliações médicas feitas em 2010 e 2011, quando mais de 1000 policiais foram convocados, apenas três pessoas foram reprovadas. “Um policial militar passa por situações complicadas no dia a dia. É necessário avaliar se aquele candidato vai conseguir suportar uma situação mais extrema e também como ele vai se recuperar depois disso. Não se tem como comparar as situações. A necessidade de ser mais rígido nos exames vai aumentando de acordo com a demanda. Hoje a realidade do Estado é bem diferente de 10 anos atrás. Por isso a avaliação tem que ser mais criteriosa”.
Dos 547 não aptos, 2 candidatos foram reprovados em exames laboratoriais, 6 nos exames clínicos, 13 foram reprovados por problemas de visão, 13 por problemas ortopédicos e 24 foram considerados inaptos logo na entrevista com o psiquiatra (cedido pela Sesap para os exames nos candidatos). Os demais 489 foram reprovados no psicoteste, enquanto nenhum foi considerado inapto por problemas odontológicos.
“Eu acompanhei de perto a situação desse concurso e tive contato com muitos que estavam esperando por essa avaliação médica. Realmente eu fiquei surpreso em saber que alguns não passaram, mas o corpo médico que fez a avaliação é competente. O psiquiatra que fez os exames foi cedido pela Sesap e é de alta competência. Tem uma semana que foi realizado o concurso e não dá para se levantar uma razão única para esse número de reprovações. Porém, também é uma razão única um concurso que tenha a sua terceira etapa, a etapa de saúde, sendo realizada 10 anos depois da prova. Precisamos estudar caso a caso”, destacou o coronel Silvério Monte.
Nessa quarta, o comandante geral da Polícia Militar do Rio Grande do Norte, coronel Ângelo Dantas, afirmou que o prazo inicial de 48 horas para que os candidatos pudessem entrar com o recurso seria ampliada por mais cinco dias e que essa informação seria publicada no Diário Oficial do Estado desta quinta. Entretanto, isso não aconteceu. “A corporação entendeu que não seria possível devido a entraves burocráticos e jurídicos. Pois isso iria contrário ao que foi divulgado no edital. Assim, a PM orienta os reprovados que forem recorrer dos resultados dos exames a pedirem a prorrogação de prazo no momento em que os recursos forem impetrados”, argumentou o coronel Silvério Monte.
Problemas para conseguir o laudo 
Mesmo com o prazo para entrar com o recurso acabando às 17h desta sexta-feira (10), os candidatos que foram considerados não aptos estão tendo dificuldades para conseguir retirar esse laudo. “Hoje de manhã muita gente se dirigiu ao Quartel Geral, como foi anunciado pelo próprio comandante geral. Chegando lá, o pessoal falou que os laudos não poderiam ser entregues, pois eles precisavam da assinatura do coronel Silvério. Ou seja, além do tempo curto, estamos tendo mais essa dificuldade”, disse Aldair dos Santos, representante dos concursados.
O coronel Silvério explicou que a situação será resolvida. “Vamos atender a todos. O problema é que tive que comparecer nessa reunião na Assembleia e a situação dos laudos ficou parada. Mas eu irei assinar todas os pedidos e liberar. Temos total interesse em resolver essa situação o mais rápido possível, pois só assim poderemos prosseguir com o concurso, que terá como a próxima etapa o curso de formação”.
Em entrevista nessa quarta, o coronel Ângelo Dantas reafirmou a vontade da corporação em aumentar o efetivo. “Para se ter uma ideia, o PM do Rio Grande do Norte tem 181 anos de história. Em apenas 30 deles a corporação contou com um efetivo completo, do que está previsto em lei. Claro que queremos convocar esse pessoal, mas não podemos passar por cima do laudo médico”. Fixado em uma lei de 2009, a PM deveria ter 13466 policiais. Hoje esse número é de apenas 8753.
Diego Hervani
Repórter
* Do Portal JH

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