Quem vê a pequena Sara Lis, de apenas 8 meses de idade, sorrindo e brincando, não imagina quantas dificuldades ela já passou em tão pouco tempo de vida.
A mãe de primeira viagem, Maria Cirilo, viveu momentos desesperadores 8 dias após dar à luz a Sarinha. Em casa, depois de amamentar e colocar a bebê para arrotar, viu a filha vomitando em jatos e ficando roxa. Desesperados, os pais levaram Sara às pressas para um hospital em Caicó, cidade onde vivem. No entanto, como não existe UTI neonatal no município, Sara teve que ser transferida para um hospital em Santa Cruz. Foi quando descobriram que Sara tinha uma doença rara, uma cardiopatia congênita grave. “A cardiopatia acontece quando o bebê está sendo gerado na barriga da mãe e desenvolve uma má formação no coração. Essa má formação pode ser de vários tipos, o de Sara Lis é uma interrupção no arco da aorta: ele chegava em determinado ponto e parava, não continuava, como é o normal. Ela teve uma sepse, uma infecção muito grave, a demanda de sangue para os membros inferiores não foi normal e os órgãos começaram a parar”, explicou a mãe, que ainda chora ao se lembrar dos primeiros momentos de angústia. Maria ressalta que, se tivesse sido informada sobre a existência e importância do ecocardiograma fetal, não teria sido pega de surpresa pelo problema de saúde da filha, pois esse exame pode identificar problemas no coração do bebê ainda durante o pré-natal, e em alguns casos o bebê acaba indo diretamente para a UTI. Ainda em Santa Cruz, enquanto tratava a infecção, os médicos disseram aos pais que estavam fazendo tudo o que era possível, mas que não poderiam garantir a sobrevivência da bebê. Nesse momento, a família de Sara começou uma corrente de oração pela vida da criança. “Nós somos cristãos, e a gente começou a pedir a todas as igrejas para fazer campanha de oração pela vida de Sara Lis. Até pessoas que não conheciam ela, de outras cidades, no Ceará e em São Paulo, tinha pessoas orando. Foi uma corrente de oração muito grande”, relatou Maria.
Após 21 dias tratando a infecção em Santa Cruz, Sara foi transferida para o Hospital Riogrande, em Natal, onde foi atendida pela equipe do médico cirurgião Madson Vidal para fazer a cirurgia no coração. Em 3 de agosto do ano passado, Sara passou pela primeira cirurgia, mas como ela ainda era muito nova, foi apenas um procedimento paliativo. “Como ela era uma bebê, não dava pra fazer uma cirurgia corretiva, porque era uma cirurgia muito longa, então eles estudaram o caso e decidiram fazer uma cirurgia paliativa e depois ela retornava para fazer a corretiva, porque eles queriam que ela ganhasse peso e idade”, contou a mãe. No dia 26 de janeiro deste ano, a pequena passou pela cirurgia corretiva. Um procedimento que durou 7 horas, em que o corpo dela foi esfriado à temperatura de 14 graus para que os órgãos ficassem adormecidos, e a circulação do sangue foi interrompida. A mãe relembra que se apegou à fé e ficou de joelhos na porta do centro cirúrgico.
“Eu fiquei na porta do centro cirúrgico de joelhos orando, clamando a Deus pra que ele me desse oportunidade de poder vê-la sorrindo, feliz e de criá-la, porque o desejo de uma mãe é criar o seu filho, vê-lo com vida e com saúde. A minha gratidão a Deus é enorme, porque Sara Lis é um milagre, por tudo que ela já passou, ela é um milagre. A gente sempre costuma dizer ‘Sara Lis é nossa princesa, linda e guerreira'”, narrou. As orações da mãe funcionaram: a cirurgia deu certo e no dia 15 de fevereiro Sara recebeu alta. Agora, ela está na casa de apoio da Associação Amigos do Coração (Amico), onde a família tem um espaço com estrutura adequada para o pós-operatório, com a assistência de todos os profissionais que fazem parte da organização para a recuperação da pequena. A instituição é uma Organização Não Governamental (ONG) que vive de doações e presta assistência à crianças cardiopatas, realizando ações como consultas e procedimentos cardiológicos, consultas com outras especialidades médicas, exames, assistência social integral, atendimento odontológico, distribuição de medicamentos, assistência psicológica, transporte, doação de vestimentas, assistência nutricional – com doação de leites e suplementos nutricionais especiais, atividades de lazer, eventos educacionais e comemorativos. “Aqui a gente é muito bem recebido, pessoal muito atencioso, e tem de tudo pra gente, desde a medicação, alimentação, tudo. A gente sai da UTI e aqui tem a tranquilidade para o pós-operatório da criança, para a criança se restabelecer. Muita gratidão a Deus, ao doutor Madson e toda a equipe do Hospital Riogrande. Eles têm um amor por essas crianças, de domingo a domingo eles estão naquele hospital dando amor e assistência”, contou Maria, que após 8 meses desejando poder trocar de lugar com Sara para evitar o sofrimento dela, se vê mais perto de voltar para casa com a filha nos braços. A previsão é de que, se estiver tudo bem, a pequena Sara receberá alta ainda em fevereiro, e a família vai poder voltar para Caicó. Em tom de agradecimento, Maria relembra um versículo bíblico que a ajudou nos momentos difíceis que enfrentou: “Confiem para sempre no Senhor, pois o Senhor, somente o Senhor, é a Rocha eterna” (Isaías 26:4).
Dandarah Filgueira /Agora RN
Foto: José Aldenir
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