terça-feira, 31 de julho de 2012

Trabalho infantil ainda é registrado em lixão

MP determinou sexta-feira passada o resgate de crianças e adolescentes do local

Depois de constatar trabalho infantil no 'Lixão Cajazeiras', localizado nas proximidades do bairro Santo Helena, o Ministério Público Estadual determinou que a Prefeitura Municipal de Mossoró promovesse em 48 horas o resgate de todas as crianças e adolescentes que trabalham e frequentam o lixão.
Além de recolher, o MP determina que o município realize exame médico em todas as crianças que trabalhavam lá, implante no prazo de 10 dias um plano de rondas periódicas pela área do bairro Santa Helena e que promova a inclusão social dos filhos e filhas dos catadores de lixo em programas sociais. 
Apesar de a determinação ter sido divulgada na sexta-feira, 27, pelo site do próprio Ministério público e a notícia ter sido repercutida na imprensa local, a PMM ainda não acatou a determinação e a equipe de reportagem da GAZETA DO OESTE flagrou a presença de crianças no lixão na tarde de ontem. 
Apesar de estar desativado há alguns anos, o 'Lixão Cajazeiras' continua sendo explorado por algumas famílias. Elas vão ao local em busca de plástico, ferro, alumínio, entre outros objetos que possam ser vendidos e ajudem no sustento.
Segundo Dalvanice de Oliveira Teixeira, uma das catadoras do lixão, a vida como catadora está cada vez pior, pois são menos objetos que podem ser reciclados que chegam até lá. Ela conta que já frequenta o lixão há 10 anos e não ver outra saída para sobreviver. 
"A gente procura plástico, ferro e tudo que pode ser reaproveitado ou vendido. Todo dia a gente vem ao lixão e passa fazendo a coleta nas ruas também. Hoje é até melhor achar as coisas no lixo da rua do que no do lixão", informa.  
Para Francisco das Chagas Teixeira, filho da dona Dalvanice, o dinheiro que arrecada com o material do lixão é tão pouco que se não conseguir material no lixo da rua não dá para sustentar a família. 
"Além da dificuldade de conseguir sustentar a casa, tem o lado de discriminação de algumas pessoas. Tem muita gente boa que ajuda, mas tem muita que tem preconceito com a gente. Essa vida não é uma vida fácil. É ter fé para ela melhorar", declara. 
Conforme o MP, além de expor pessoas a malefícios, o lixão também acarreta danos ao meio ambiente, como a destruição da flora benéfica ao solo, compactação e diminuição da cobertura vegetal, havendo ainda poluição das águas superficiais e do aquífero.
Nossa equipe de reportagem tentou entrar em contato com a Gerência de Desenvolvimento Social e a Gerência de Saúde para saber quais as providências que estão sendo tomadas com relação à determinação do Ministério Público, porém não obteve êxito.

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