O Mundial das mulheres brasileiras terminou com derrota. A prata no feminina por equipes, no entanto, é inédita e coroa o melhor Campeonato Mundial que a seleção brasileira feminina já fez na história. No ginásio do Maracanãzinho, a equipe feminina foi superada pelas fortes japonesas na decisão.
O Brasil fechou, no sábado, como o melhor país nas disputas individuais femininas. Em sete categorias, as brasileiras subiram ao pódio em cinco, com um ouro (Rafaela Silva/57kg), duas pratas (Érika Miranda – 52kg e Maria Suellen Altheman/+78kg) e dois bronzes (Sarah Menezes/48kg e Mayra Aguiar/78kg).
Na decisão, a rival foi melhor. As japonesas chegaram à disputa por equipes mordidas: com apenas três medalhas, e nenhum ouro, elas fecharam o Mundial apenas na nona colocação entre as mulheres. Além disso, tinham vencido todas as lutas na disputa por equipes até a decisão, vencendo por 5 a 0 Rússia, Cazaquistão e Holanda.
Na primeira luta, Yuki Hashimoto superou a vice-campeã mundial Érika Miranda por imobilização. "Já sabíamos que ela era boa na transição e, quando caiu em cima, não consegui mais sair", explicou Érika ao Sportv. "Na sequência, Rafaela Silva bateu Anzu Yamamoto. O Japão voltou a ficar na frente com Kana Abe, que venceu Katherine Campos. Com as japonesas podendo selar o título, Maria Portela foi importante. Com a vitória sobre Haruka Tachimoto, ela empatou o duelo.
A decisão ficou, então, para o duelo entre a vice-campeã mundial Maria Suellen Altheman e Megumi Tachimoto. Em um combate igual, a brasileira acabou punida a menos de dois minutos do fim, o que definiu a vitória japonesa. "Infelizmente foi por um shido (punição), mas estou orgulhosa da equipe. Uma levou a outra, principalmente a Maria (Portela), que empatou o confronto. Saímos dando o máximo", disse Maria Suellen.
Apagão no Maracanãzinho na semi
Na sessão da manhã, a luta que permitiu ao Brasil seguir no torneio foi marcada por um apagão. A gaúcha Maria Portela lutava contra a sul-coreana Seongyeon Kim quando a luz do ginásio acabou. Como os placares seguiram ligados, o combate prosseguiu. Naquele momento, o Brasil perdia por 2 a 1 e Portela precisava vencer para manter a equipe viva. Ela conseguiu levar a decisão para o Golden score e venceu por uma punição.
Ao final das lutas, porém, as atividades nos tatames foram interrompidas. O Mundial chegou a parar por 10 minutos até que os refletores voltassem a funcionar antes da retomada dos duelos. Ao todo, foram 15 minutos com a iluminação bem baixa na arena.
O confronto começou com a vitória da sul-coreana Da-Sol Park sobre Érika Miranda no último segundo. A adversária da brasileira vinha perdendo até o instante final por ter uma punição a mais, porém conseguiu um yuko e levou o duelo. Na sequência, Rafaela Silva bateu Jan-Di Kim com um wazari e empatou a disputa.
Na terceira luta, a Coreia do Sul retomou a dianteira do placar. Dan-Woon Joung venceu Mariana Silva por um wazari e botou as asiáticas à frente da disputa. Na sequeência, Portela venceu Kim e deu chance para Mayra Aguiar classificar o Brasil. Ela encarou Jung-Eun Lee, bronze entre os pesos pesados. Apesar de ser de uma categoria inferior, Mayra bateu a rival e definiu o confronto a favor do Brasil no Maracanãzinho.
Primeiros duelos
O time feminino estreou com uma vitória fácil sobre a Alemanha, por 4 a 1. Érika Miranda (contra Mareen Kraeh), Rafaela Silva (Myrian Roper), Maria Portela (Laura Vargas Koch) e Maria Suellen Altheman (Jasmin Kuelbs) venceram suas lutas – a única derrotada na estreia foi Ketleyn Quadros, que foi imobilizada pela alemã Martyna Trajdos.
O segundo duelo foi mas difícil, contra a França, decidido apenas no último duelo, com vitória de Maria Suellen sobre Lucie Louette, por waza-ari. Antes, Eleudis Valentim (Lucile Duport) e Rafaela Silva (Elene Receveaux) tinham vencido suas lutas. Mariana Silva (Clarisse Agbenenou) e Maria Portela (Gevrise Emane) perderam.
Seleção masculina decepciona
Se a equipe feminina está bem, a masculina confirmou o Mundial abaixo da expectativa no Rio de Janeiro. Os homens do Brasil, responsáveis por 21 das 34 medalhas do país na história da competição, fecharam o torneio com apenas uma medalha, a prata entre os pesos pesados de Rafael Silva.
Na disputa por equipes, o time foi eliminado pela Alemanha logo no primeiro confronto do dia. E quem acabou perdendo a luta decisiva foi justamente o único judoca verde-amarelo que subiu ao pódio. Com o duelo empatado em 2 a 2, Rafael Silva subiu ao tatame para encarar Andreas Toelzer.
Medalhista de bronze em Londres-2012, o alemão foi derrotado na semifinal de sábado pelo brasileiro, mas deu o troco neste domingo. Derrubou Rafael, conseguiu um waza-ari e, na sequência, a imobilização. "Ele estava tão cansado quanto eu, mas me surpreendeu taticamente. O judô tem essa imprevisibilidade", afirmou Rafael. "A gente teve alguns atletas estreando em mundial. A experiência conta muito. Até 2016 tem muito chão ainda. Temos que treinar para melhorar esse resultado", completou.
Essa experiência citada pelo vice-campeão mundial tem muito a ver com o resultado contra a Alemanha. Eduardo Bettoni estreou em Mundiais neste domingo. E em um duelo decisivo. Acabou superado por Marc Odenthal. A outra derrota foi de Bruno Mendonça, para Igor Wandtke. Nos dois duelos, os técnicos consideravam que a vantagem era verde-amarela.
As duas vitórias no duelo vieram com atletas que tiveram um bom Mundial ou com um ano de vitórias no circuito internacional. Charles Chibana, que chegou a disputar medalha nos 66kg mas acabou em quinto lugar, bateu Sebastian Seidl. Já Victor Penalber, líder do ranking mundial dos 81kg, bateu Sven Marech.
Nomes mais conhecidos, como o campeão mundial e vice-campeão olímpico Tiago Camilo e o medalhista olímpico Leandro Guilheiro estavam machucados e não competiram. Já Luciano Corrêa, campeão mundial em 2007, não foi escalado para o duelo.
* Reprodução Márcio Melo
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