segunda-feira, 17 de março de 2014

Após referendo, Crimeia se declara independente e pede anexação à Rússia


A ação segue o resultado do controverso referendo realizado no último domingo (16), do qual funcionários da votação dizem que esmagadora maioria apoiou o rompimento com a Ucrânia. Já o governo de Kiev diz não reconhecer os resultados da votação. Os Estados Unidos e a União Europeia afirmaram que a votação era ilegal e preparam impor sanções a Moscou.
Repórter da BBC disse que “um número enorme de pessoas” se absteve da votação no domingo. O primeiro ministro interino Arseniy Yatsenyuk chamou a votação do referendo de “uma performance circense” da qual tem sido apoiado por "21 mil soldados russos, que com suas armas estão tentando provar a legalidade do referendo".
A votação foi boicotada por muitos, entre a minoria pró-Ucrânia e de população tártara, e o processo de eleições tem sido amplamente criticado. Enquanto isso, o parlamento ucraniano em Kiev aprovou formalmente a mobilização parcial de 40 mil reservistas, em resposta ao que ele chamou de uma "situação em tempo de guerra".
O presidente interino da Ucrânia Oleksandr Turchynov descreveu o referendo como uma “excelente farsa” da qual “nunca será reconhecida, nem pela Ucrânia, nem por outras nações”. De acordo com a votação no Parlamento da Criméia nesta segunda, as leis ucranianas agora não se aplicam mais à região.
Até o final de março, a província crimeia adotará a moeda russa, o rouble, e o horário de Moscou - duas horas adiantadas em relação a Ucrânia - até o final de março. O documento aprovado pelos deputados também apelou a "todos os países do mundo para reconhecê-lo como um Estado independente".
De acordo com a nova resolução aprovada pelos congressistas, "todos os órgãos estatais da Ucrânia na Crimeia, suas propriedades e recursos são finalizados e transferidos para as autoridades da República da Crimeia. As propriedades estatais da Ucrânia localizadas no dia desta regulamentação no território da República da Crimeia são propriedades públicas da República da Crimeia".
Além disso, segundo o texto, "Todas as instituições, empresas e outras organizações, ou instituições da Ucrânia com participação na Crimeia se transformam em instituições, empresas e organizações da República da Crimeia"
Desde o final de fevereiro, a península crimeia, do qual faz fronteira com a Rússia e a Ucrânia, tem estado sob forças militares pró-Rússia. Autoridades russas insistem que as tropas estão na província para auto-defesa, e não para tomar o comando. Kiev disse que a Crimeia – do qual é marjoritariamente composta pela população russa – está sob ocupação militar.
A crise seguiu a deposição do então presidente ucraniano pró-Moscou Viktor Yanukovych, no dia 22 de fevereiro, após meses de manifestações e confrontos nas ruas do país com grande número de mortos.
Boicote tártaro
O referendo sobre o rompimento com a Ucrânia e a anexação à Rússia foi chamado no início de março pelo parlamento crimeio. Os eleitores poderiam escolher entre se juntar à Rússia ou ter uma maior autonomia dentro da Ucrânia. Não havia opção para aqueles que queriam as disposições constitucionais para permanecem inalteradas.
Segundo o chefe da comissão eleitoral da Ucrânia, Mikhail Malyshev, a votação foi de quase 97% a favor da adesão à Federação Russa, com uma participação de 83% da população. A população tártara da Crimeia – cerca de 12% da população – disse que boicotaria o referendo, temendo que a vida pode ser pior sob o Kremlin.
Os tártaros foram deportados para a Ásia Central pelo ditador soviético Joseph Stalin, em 1944. Eles só puderam voltar com a queda da União Soviética e muitos preferem permanecer na Ucrânia. Muitos ucranianos étnicos - que compõem 24% da população - também disseram que não votariam.
Os ministros das Relações Exteriores da UE, reunidos em Bruxelas, estão discutindo a resposta do bloco, incluindo a imposição de proibir vistos e congelar os bens de uma série de autoridades russas. A UE tem negociações de pacto econômico com a Rússia e uma flexibilização das restrições de vistos já suspensos. Em Bruxelas, o chefe de política externa da UE, Catherine Ashton, disse que o "chamado referendo" era "ilegal, segundo a Constituição da Ucrânia e o direito internacional".
"Eu chamo a Rússia mais uma vez para se reunir com líderes ucranianos e iniciar um diálogo com eles, por favor, o mais rápido possível", disse ela aos jornalistas. De acordo com Catherine, a UE "não pode simplesmente sentar e dizer que esta situação é permitida", mas que os ministros pensarão cuidadosamente sobre como devem agir em resposta à Rússia.
A Casa Branca descreveu a ações russas na Criméia como "perigosas e desestabilizadoras", e disse que a comunidade internacional não reconhece os resultados de uma pesquisa "administrado sob ameaças de violência". O presidente dos EUA, Barack Obama, advertiu Moscou de que Washington também está pronta para impor "sanções" após a ação do país na Ucrânia.
"Ele (Obama) enfatizou que as ações russas violaram a soberania e integridade territorial da Ucrânia e que, em coordenação com nossos parceiros europeus, nós estamos preparados para impor custos adicionais à Rússia por essas ações", disse a Casa Branca em comunicado. Obama disse a Putin que a crise ainda pode ser resolvida diplomaticamente, mas afirmou que os militares russos precisam primeiro parar as "incursões" na Ucrânia, acrescentou a Casa Branca.
Estado federal
O Ministério das Relações Exteriores da Rússia está chamando para a Ucrânia para se tornar um Estado federal e convocar novas eleições. Em comunicado nesta segunda-feira, o ministério estimulou o parlamento ucraniano a chamar por uma assembleia constitucional da qual poderia elaborar nova Constituição e tornar o país federal, dando mais poder para às suas regiões.
De acordo com o ministro, a proposta faz parte dos esforços para facilitar as tensões por meios diplomáticos. Moscou insistiu que as regiões ucranianas deveriam obter autonomia e que o país deveria adotar uma “estatuto político e militar neutro”.
Fonte:IG

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