Ministro diz não ter solução para falta de vagas para prisão em regime semiaberto
O ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) reconheceu nesta terça-feira
que há falta de vagas em regime semiaberto no país, mas disse que "ainda
não tem uma solução para o problema".
A medida pode gerar um benefício para 11 dos 25 condenados no julgamento
do mensalão pelo STF (Supremo Tribunal Federal), que tiveram penas
entre quatro e oito anos por crimes cometidos no esquema. Isso porque
sem vagas no regime semiaberto, eles passariam a cumprir a pena em
regime aberto.
José Eduardo Cardozo, ministro da Justiça |
Entre os condenados ao semiaberto, está o deputado José Genoino (PT-SP),
que foi punido com seis anos e onze meses de prisão por formação de
quadrilha e corrupção ativa.
"Não tenho uma solução para o problema [falta de vagas no regime
semiaberto]. Estamos buscando linhas de financiamento que pudessem
permitir essa situação, até porque os estabelecimentos de regime
semiaberto são mais baratos e rápidos de serem feitos. É uma questão
que, nesse momento, o Ministério da Justiça está debruçado sobre ela e
pretendemos discutir em conjunto com o CNJ [Conselho Nacional de
Justiça]", disse.
Pela lei penal, réus condenados a penas entre quatro e oito anos podem
trabalhar durante o dia e dormir na prisão, mas a definição dos locais
em que a sentença será cumprida dependerá dos juízes que acompanharão a
execução das penas.
A lei fala em colônias penais e albergues, mas esses estabelecimentos
são raros e costumam ficar lotados. Na prática, muitos réus acabam
ficando em liberdade, com algumas restrições, como comparecer em juízo
periodicamente.
Segundo Cardozo, a falta de vagas no regime semiaberto "é uma realidade
do Brasil" e seria muito importante que fosse viabilizada uma saída para
que os condenados não tivessem uma mudança em relação a sua execução de
pena.
O ministro ainda confirmou a promessa feita pelo governo federal em
novembro de investir R$1,1 bilhão para criação de novas vagas em regime
fechado.
A medida foi anunciada em meio a polêmica fala de Cardozo classificando o
sistema prisional brasileiro de medieval e dizendo que preferia morrer a
cumprir pena por muito tempo no país.
Após encontro com o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) e do
CNJ (Conselho Nacional de Justiça), Joaquim Barbosa, para discutir o
sistema carcerário, Cardozo disse que o país vai "atingir recordes
históricos de financiamento" de novas vagas em presídios.
"Estamos trabalhando em ritmo aceleradíssimo há mais de um ano e,
seguramente, vamos estar atingindo recordes históricos de financiamento
do governo federal em relação a essas questões", afirmou.
Ele citou que uma das prioridades que está em execução é gerar
aproximadamente 60 mil vagas, zerando o déficit feminino. "De fato, há
consenso de que temos de melhorar muito o sistema prisional brasileiro.
Temos péssimas condições, temos déficits de vagas. Nós temos de ter uma
clareza de que é necessário soma de esforços de todos os poderes para
que possamos trabalhar essa questão com muita firmeza", disse o
ministro.
Cardozo não quis comentar a decisão da Secretaria de Segurança Pública
de São Paulo que determina que todos os policiais do Estado que
atenderem ocorrências com vítimas graves não poderão socorrê-las. Elas
terão de ser resgatadas pelo Samu (Serviço de Atendimento Móvel de
Urgência) ou pela equipe de emergência médica local.
STF
O ministro disse ainda que o governo "ainda não tem nenhuma decisão"
sobre uma nova indicação da presidente Dilma Rousseff para o STF, que
está com uma vaga aberta desde novembro com a saída do ex-ministro
Carlos Ayres Britto.
"A presidente está debruçada sobre nomes, é uma escolha que exige
bastante reflexão. No momento oportuno, ela vai decidir e informar aos
brasileiros sua decisão", afirmou.
O ministro sustentou que a escolha para a mais alta corte do país é feita com "muita liberdade".
O ministro sustentou que a escolha para a mais alta corte do país é feita com "muita liberdade".
"Não há lista. Ao contrario de outras nomeações para tribunais
superiores, a nomeação para o STF é feita com muita liberdade, mas a
presidente tem nomes de preferência e deve estar pensando sobre eles",
completou.
Fonte: Folha de SP/Márcio Melo
Fonte: Folha de SP/Márcio Melo
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