Uma série de "apagões" prejudicou o atendimento no Hospital Regional Tarcísio Maia (HRTM) durante o final de semana passado. As falhas no funcionamento da energia elétrica começaram a ocorrer na madrugada do sábado para o domingo. O problema, segundo o diretor técnico do Hospital, o médico João Firmino, foi causado porque, como a instalação elétrica do gerador era subterrânea, com as chuvas a lama obstruiu a tubulação, causando um curto-circuito no gerador, levando aos apagões.
"Hoje [ontem] já teve de novo, várias faltas de energia, dificultando o transcorrer normal dos procedimentos", informou o médico ortopedista Manoel Fernandes.
Embora não estivesse escalado para trabalhar no sábado, Manoel Fernandes conta que foi informado sobre a situação e, no domingo à tarde quando foi para o plantão, constatou que já estava faltando energia no Tarcísio Maia. "Todo o hospital foi atingido, principalmente o centro cirúrgico", diz o ortopedista.
"O gerador funcionou normalmente, mas o problema não era a queda de energia no hospital, era a fiação", conta, confirmando que o aparelho funcionou, mas a energia não era distribuída.
A demanda elevada e a necessidade de uma melhor estrutura no HRTM contribuíram para os problemas. "No plantão teve muitas dificuldades", relata Manoel Fernandes. Segundo ele, para começar, o plantão foi anormal, bastante movimentado e com um número elevado de acidentes. O médico comenta que, normalmente, seis pacientes ficam no centro cirúrgico, mas no domingo havia dez pacientes quando ele assumiu o plantão e 12 quando ele encerrou o expediente na manha de ontem, por volta das 7h30.
"A escala estava completa. O problema eram as condições de operar que nós não tínhamos", explica. Para se ter ideia, o ortopedista conta que, das quatro salas de cirurgia, só uma estava funcionando. O médico detalha que desses ambientes um já estava interditado há algum tempo, outro estava com problema no ar-condicionado, esse foi utilizado para a realização dos procedimentos cirúrgicos, e as outras duas salas foram interditadas por falta de energia elétrica.
Manoel Fernandes diz que quando assumiu o plantão no domingo lhe foi repassado que havia cinco pacientes com fraturas expostas esperando pelo procedimento desde o sábado. O médico explica que a situação origina riscos de infecção, pois, em casos de fraturas expostas, o ideal é que a cirurgia seja realizada dentro de seis horas.
Em decorrência da situação, Manoel Fernandes informa que, na ortopedia, duas cirurgias de pacientes com fratura foram transferidas para ontem, 31, e na cirurgia geral um procedimento cirúrgico foi postergado para ontem, 31.
De acordo com o diretor técnico do HRTM, João Firmino, ontem a equipe de manutenção trabalhou muito para construção de uma nova rede elétrica externa e a situação estava sendo normalizada. O médico estimava que ainda na tarde de ontem os trabalhos fossem finalizados.
"O problema favoreceu isso, mas nós tivemos um final de semana horrível", diz o médico, ressaltando a demanda elevada de atendimentos.
Segundo ele, só no período de sábado à noite para a tarde de ontem 19 cirurgias foram realizadas, quase todas relacionadas a acidentes automobilísticos, a maioria pacientes encaminhados de outros municípios.
Com relação ao funcionamento da Unidade de Terapia Intensiva (UTI), o diretor técnico afirma que, como os apagões duravam pouco tempo e as máquinas possuem gerador próprio, os pacientes não foram prejudicados.
João Firmino confirma que a reforma pode ter contribuído para a situação, pois, com as obras, foram escavados buracos. Além disso, o médico confirma que a estrutura do Tarcísio Maia, incluindo a instalação elétrica, é antiga.
Apenas 26% das obras do Hospital Regional Tarcísio Maia foram concluídas
Iniciadas no ano de 2012, as obras de ampliação e reforma do Hospital Regional Tarcísio Maia (HRTM), que devem minimizar os problemas decorrentes do número reduzido de leitos, entre outras dificuldades, parecem não ter data definida para conclusão.
Atualmente, as obras estão paralisadas e, até o momento, 26% dos serviços foram concluídos.
De acordo com a assessoria de comunicação da Secretaria de Saúde Pública do Rio Grande do Norte (SESAP/RN), o Tarcísio Maia foi incluído em uma lista de 11 obras que o Governo do Estado iniciou em 2012, após um decreto de calamidade pública na saúde. Os serviços estavam previstos para serem finalizados em 2013, mas, segundo a assessoria, verificou-se que em sete unidades hospitalares ainda havia um percentual de obras a ser realizado, entre elas, o HRTM.
Diante da não conclusão dessas sete obras, o Estado acionou o Tribunal de Contas e o Ministério Público e pediu para assinar um Termo de Ajustamento de Gestão (TAG), que permite a regularização e continuidade de seis obras, tendo em vista que o prazo final para já havia sido concluído e seria necessário um aditivo. O Tarcísio Maia não está incluído entre essas seis obras. De acordo com a assessoria de comunicação, como a ampliação da unidade é uma obra maior, será necessário um pouco mais de tempo.
Em fevereiro passado, o TAG foi assinado, estipulando junho como prazo para que as demais obras sejam finalizadas. Em dezembro deste ano, essas seis unidades ampliadas devem estar em funcionamento.
Com relação ao Tarcísio Maia, a assessoria afirma ainda que a Secretária de Saúde, juntamente com o Tribunal de Contas e o Ministério Público, está viabilizando outra maneira de regularizar a obra do hospital.
A assessoria alega que em 2013 o ritmo das obras diminuiu por dificuldades de repasse.
Fonte: Gazeta do Oeste
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