quarta-feira, 16 de abril de 2014

Jovem sofre aborto e passa 2 horas ao lado do bebê morto

Nivaldo Lima/Futura Press/Estadão Conteúdo

Uma adolescente de 16 anos sofreu um aborto espontâneo na noite desta terça-feira (15) após enfrentar uma peregrinação por quatro unidades médicas de Valinhos e Vinhedo, no interior de São Paulo. Grávida de cinco meses e com muitas dores, o calvário de Carla Thais Lopes dos Santos para encontrar socorro médico começou por volta das 14 horas e só terminou cerca de cinco horas depois, com o aborto do bebê, que se chamaria Nicolas Henrique.

Segundo a irmã da adolescente, Bruna Letícia Lopes, de 18 anos, a menor passou três vezes pelas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e pelas Santas Casas dos dois municípios até voltar para a UPA de Valinhos, onde sofreu o aborto. Mas, segundo a família, o descaso não terminou por aí.

Espera com bebê morto

A jovem ainda foi encaminhada novamente à Santa Casa de Valinhos e teve de esperar por mais de duas horas em uma maca, ao lado do bebê morto, que ainda estava preso a ela pelo cordão umbilical. A garota só foi atendida depois que a mãe dela chamou a polícia.
"Quando a polícia chegou, eles deram um jeito e foram atender rapidinho. Foi um absurdo, um descaso total. Minha irmã super abalada com a morte do bebê e ainda teve de ficar ao lado dele morto, ainda sujo do parto, esperando por mais de duas horas", contou Bruna.
A irmã também relatou que o primeiro lugar em que Carla buscou socorro foi a UPA de Valinhos, onde, após uma espera de pelo menos 40 minutos, o médico teria afirmado que as dores seriam de uma infecção de urina e que ela deveria tratar o problema.
Entretanto, a adolescente já tratava a infecção urinária com um médico particular e insistiu que as dores deveriam ter relação com a gravidez, mas o médico negou. Insatisfeitas com o atendimento, a mãe e a irmã da adolescente seguiram com ela até a Santa Casa de Vinhedo para que ela fosse atendida por meio do convênio, mas quando chegou lá soube que não seria atendida porque o hospital não tem maternidade, tampouco obstetra. 
Depois disso, com medo de o bebê nascer no carro, Carla seguiu até a UPA em Vinhedo, onde também não havia ginecologista e nem obstetra de plantão. Foi então que ela teria sido levada de ambulância para a UPA de Valinhos, onde foi orientada a ir até o banheiro para vomitar. Mas quando ela chegou ao sanitário, o bebê foi expelido nas mãos da jovem, já sem vida.
A médica que estava no local teria dito "pode deixar ele cair na privada mesmo", relatou Bruna. Depois disso, a jovem acabou encaminhada para a Santa Casa de Valinhos, onde até a chegada da polícia ficou m uma maca ao lado do filho morto. Ela continua internada e passa bem. O feto foi encaminhado para análise. "Se tivessem feito os exames e a internado desde o princípio eu acho que meu sobrinho não teria morrido. É muita negligência", afirmou Bruna

Outro lado

Em nota, a assessoria de imprensa da Secretaria de Saúde de Vinhedo negou qualquer descaso e negligência na UPA. Ressaltou, ainda, que os procedimentos realizados pela unidades foram corretos.
Segundo o comunicado, a própria paciente teria relatado na UPA de Vinhedo que procurou a UPA de Valinhos, foi atendida por médico ginecologista, e orientada a receber medicação e realizar exames; porém, a mesma não permaneceu na Unidade de Pronto Atendimento de Valinhos". Segundo a prefeitura, "por ter convênio médico, a paciente seguiu para a Santa Casa de Vinhedo. No local, a paciente informou que não conseguiu ser atendida".
Ainda segundo a nota, "a paciente procurou a UPA de Vinhedo, onde chegou às 18h e foi atendida prontamente por médico clínico geral de plantão. Ela foi examinada e, conforme o médico que a atendeu a paciente, não apresentava contrações uterinas, estava com infecção de urina forte e foi medicada".
"Às 18h50 foi transferida para a UPA de Valinhos (sua cidade de origem) na ambulância da UPA de Vinhedo, após o médico clínico geral da UPA de Vinhedo entrar em contato com ginecologista da UPA de Valinhos, que atendeu inicialmente a paciente, para dar continuidade, na sua cidade de origem, ao tratamento inicial solicitado em Valinhos", relatou o comunicado.
"A Secretaria de Saúde de Vinhedo confirma que prestou todo o atendimento necessário a paciente, dentro da UPA, até o seu deslocamento para Valinhos. Esclarece, ainda, que a UPA de Vinhedo está preparada para realizar partos de emergência, não sendo este o caso da paciente", concluiu a nota.
Por telefone, a assessoria de imprensa da Santa Casa de Valinhos negou as informações divulgadas pela família da adolescente. Segundo o hospital, Carla foi prontamente atendida assim que chegou de ambulância à unidade médica e os procedimentos de retirada e limpeza do feto foram iniciados imediatamente. Entretanto, a assessoria confirma quem após os procedimentos iniciais, a menor ficou em uma sala por cerca de duas horas aguardando uma vaga na internação. Segundo o hospital, a jovem passa bem e ainda não há prevsão de alta.

Fonte: Bol

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