domingo, 13 de abril de 2014

Secretaria de Saúde nega rumor de vírus ebola entre imigrantes no Acre

Imigrantes chegam ao novo abrigo em Rio Branco (Foto: Tácita Muniz/G1)
A Secretaria Estadual de Saúde publicou uma nota de esclarecimento, nesta sexta-feira (11), negando rumores de que haveria contaminação do vírus ebola, doença que atinge alguns países da África Central, entre os imigrantes que chegam ao Brasil através da fronteira do Peru com o município acreano de Assis Brasil, distante 342 km da capital. O boato foi espalhado no município de Brasiléia, onde ficava localizado o antigo abrigo dos imigrantes, que foi transferido para Rio Branco neste sábado (12).

De acordo com a secretária de Saúde, Suely Melo, o boato surgiu em um jornal de Brasiléia que teria utilizado informações de outra reportagem sobre a possibilidade do vírus ebola deixar o continente africano.
“Ele [o jornalista responsável pela publicação] viu uma reportagem com a organização humanitária ‘Médicos Sem Fronteiras’ falando sobre a distribuição do ebola no mundo. Aí tirou o que interessava para ele e publicou como se fosse a entidade falando que os haitianos têm o vírus ebola”, afirma.
A secretária disse que a equipe da secretaria investigou a origem do boato e que pretende tomar providências contra o autor. “Ele fez a interpretação dele e escreveu do jeito que quis. Infelizmente, são pessoas despreparadas que criam um site, querem mídia e usam de qualquer argumento para tentar se promover”, diz.
Inventar mentiras pode trazer pânico para a população"
Suely Melo, secretária de Saúde do Estado do Acre
Suely diz que irá ingressar com uma denúncia contra o site no Ministério Público do Acre (MP-AC). “Não acredito que a liberdade chegue ao ponto de se inventar mentiras que possam trazer pânico para a população”, lamenta.
Uma das moradoras de Brasiléia que diz ter ficado assustada com o boato é a estudante de medicina Eveline Maria Costa de Araújo. Ela conta que ouviu o rumor de amigos e depois viu quando ele se espalhou nas redes sociais e ficou assustada.
“Como o número de imigrantes é grande, ficou todo mundo bem desesperado em relação a isso. Porque ninguém sabe ao certo se era verdade, a gente vê nas redes sociais e fica sem saber em que acreditar”, comenta.
Imigrantes chegam ao novo abrigo em Rio Branco (Foto: Tácita Muniz/G1)
Contudo, a secretária de Saúde, Suely Melo, não acredita que o boato tenha sido inventado por preconceito. “A população tem dificuldade de receber os haitianos, porque acha que é uma cidade pequena, sem estrutura para recebê-los, mas chamar isso de preconceito é muito forte”, diz.
Assistência médica
Em nota, a Secretaria de Saúde enfatiza que desde que o Acre começou a ter fluxo maior de imigrantes chegando através da fronteira com o Peru, há três anos, que o órgão tem monitorado a situação e desenvolvido ações para garantir que eles tenham assistência médica.

Além de atualizar as vacinas dos imigrantes, a Secretaria diz que faz exames para detectar principalmente doenças sexualmente transmissíveis. Os casos que demandavam maiores cuidados, quando os imigrantes estavam em Brasilélia, eram encaminhados para o Hospital Regional Raimundo Chaar, no município, ou até mesmo para Rio Novo abrigo
No último sábado (11), o governo do estado começou a transferir mais de 700 imigrantes, dominicanos, senegaleses e haitianos (em sua maioria) que estavam em Brasiléia, para um novo abrigo montado no Parque de Exposições Marechal Castelo Branco, localizado na capital acreana.
De acordo com a Secretaria de Desenvolvimento Social (SEDS), a expectativa é que até a próxima terça-feira (15), todos os imigrantes sejam transferidos e que o abrigo no interior seja fechado em definitivo. A partir de então, todos os imigrantes que chegarem ao Acre serão encaminhados para a capital.
Branco.
Testes na água consumida pelos imigrantes também são realizados periodicamente para revelar possíveis contaminações de coléra. A nota termina ressaltando que até o momento nenhum caso de ebola foi detectado.
Abaixo-assinado
Um morador de Brasiléia (AC) começou no início de abril a colher assinaturas para montar um abaixo-assinado e cobrar soluções para a entrada de imigrantes no Acre. O estudante de administração Dimas Gurgel, de 27 anos, conseguiu colher 1,3 mil assinaturas em 48h e o objetivo era viajar para Epitaciolândia(AC) e divulgar a ação. Gurgel cobrou soluções e chegou a dizer que a situação se tratava de uma 'bomba-relógio'.

Rota de imigração
Cerca de 30 imigrantes chegam ao Acre todos os dias através da fronteira do Peru com a cidade de Assis Brasil, distante 342 km da capital. Na maioria são imigrantes haitianos que deixam a terra natal, desde 2010, quando um forte terremoto deixou mais de 300 mil mortos e devastou parte do país.

Eles vêm ao Brasil em busca de uma vida melhor e com o sonho de poder ajudar familiares que ficaram para trás. Para chegar até o Brasil eles saem, em sua maioria, da capital haitiana, Porto Príncipe, e vão de ônibus até Santo Domingo, capital da República Dominicana, que fica na mesma ilha. Lá, compram uma passagem de avião e vão até o Panamá. Da Cidade do Panamá, seguem de avião ou de ônibus para Quito, no Equador.
Por terra, vão até a cidade fronteiriça peruana de Tumbes e passam por Piura, Lima, Cuzco e Puerto Maldonado até chegar a Iñapari, cidade que faz fronteira com Assis Brasil (AC), por onde passam até chegar em Brasiléia, interior do Acre.
Segundo o governo do estado, nos últimos três anos, cerca de 20 mil imigrantes já passaram pelo abrigo em Brasiléia.
Foto: Tácita Muniz/G1Fonte: G1

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